Boxe: argelina Imane Khelif recebe desculpas após polêmica (MOHD RASFAN / AFP)
Redação Exame
Publicado em 4 de junho de 2025 às 11h19.
Última atualização em 4 de junho de 2025 às 11h28.
A World Boxing, recentemente criada como a nova Federação Mundial do Boxe, pediu desculpas oficialmente por ter exposto a campeã olímpica Imane Khelif em um anúncio sobre os novos exames de gênero obrigatórios para atletas com 18 anos ou mais que desejam competir em torneios da modalidade.
No comunicado da federação, a participação de Khelif no Box Cup de Eindhoven, realizado entre 5 e 10 de junho, foi vetada até que a atleta se submetesse aos testes exigidos pela entidade.
“Escrevo pessoalmente para apresentar minhas desculpas formais e sinceras. Reconheço que sua particularidade deveria ter sido protegida”, afirmou o presidente da instituição, Boris Van der Vorst, à BBC Sport.
A World Boxing anunciou, na última sexta-feira, a implementação de testes genéticos obrigatórios como parte de uma nova política relacionada a sexo, idade e peso dos atletas.
A medida, que entrará em vigor a partir de 1º de julho, visa garantir segurança e igualdade competitiva entre homens e mulheres, segundo a federação. A introdução dos testes foi baseada em uma análise de dados e evidências médicas, com a colaboração de especialistas de diferentes esportes ao redor do mundo.
Imane Khelif, medalha de ouro nas Olimpíadas de Paris, foi mencionada no anúncio da federação como parte das ações relacionadas à nova política. Ela não poderá competir no evento da Holanda até que se submeta à testagem. A decisão foi tomada após a reação pública gerada pela sua participação nos Jogos Olímpicos de Paris-2024, onde a atleta enfrentou polêmicas semelhantes relacionadas ao seu sexo e ao tipo de cromossomos que apresenta.
A nova política da World Boxing exige que todos os atletas acima dos 18 anos realizem um exame genético PCR (reação de polimerase em cadeia) para determinar seu sexo biológico.
O objetivo é garantir que atletas com cromossomo Y, ou com diferenças no desenvolvimento sexual (DSD), participem na categoria masculina, enquanto as demais competem na feminina. Os exames podem ser realizados por meio de amostras de saliva, sangue ou swab nasal, e os resultados serão passíveis de revisão em caso de recurso.
Imane Khelif foi alvo de polêmica anteriormente, quando, em 2023, foi impedida de participar do Campeonato Mundial de Boxe pela Associação Internacional de Boxe (IBA), sob a alegação de que ela possuía cromossomos XY, indicativos do sexo masculino.
No entanto, a Comissão Olímpica Internacional (COI), após desfiliação da IBA, autorizou sua participação nos Jogos Olímpicos de Paris, onde Khelif conquistou o ouro, superando adversárias como a chinesa Yang Liu.
A World Boxing justifica a imposição dos testes de gênero como uma medida para assegurar a segurança e o bem-estar dos atletas, bem como a integridade dos eventos de boxe. A federação também destacou que o exame se aplica a todas as federações nacionais e será obrigatório para os competidores maiores de 18 anos.
Apesar das repercussões negativas, a World Boxing reafirma seu compromisso com a proteção da saúde física e mental de todos os atletas, ao mesmo tempo que busca assegurar condições justas para a competição nas categorias masculina e feminina.