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Liga Saudita busca jogador em site de empregos; movimento passa a ser comum entre os clubes

Busca por profissionais na plataforma começa a se tornar frequente no ambiente do futebol

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 6 de março de 2025 às 12h21.

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Uma prática que até então era recorrente no mundo corporativo passa a ser mais frequente no esporte. Nesta semana, a Liga Saudita anunciou vaga para profissionais atuarem no país, em um site espanhol especializado na busca de novos atletas, o FutbolJobs.

O anúncio indica que são quatro as posições procuradas, de meia-ofensivo, meia-defensivo, atacante e zagueiro, e os requisitos exigidos são: experiência em ligas de nível similar ou superior, envio de currículo esportivo no mercado de transferências, envio de vídeo de destaque do jogador (atualizado), e ter controle direto ou agente que gerencia a carreira 100%.

A equipe que procura esses jogadores não foi citada, mas até mesmo os valores foram revelados, com salários de até 15 milhões de euros (R$ 91 milhões), e 40 milhões de euros pela transferência (R$ 242,5 milhões).

Não foi a primeira vez que a Liga Saudita fez algo do tipo no FutbolJobs. Em meados de 2024, também havia feito o mesmo tipo de anúncio, direcionado para a contratação de jogadores semiprofissionais para o quarto escalão, até a idade máxima dos 30 anos. Na ocasião, a oferta era específica a jogadores que não tinham clubes, e com disponibilidade imediata de viagem, não sendo possível negociar aumentos salariais após a assinatura do contrato.

Além de plataformas como o FutbolJobs, os clubes também têm procurado cada vez mais profissionais pelo LinkedIn. Em 2024, outras instituições esportivas adotaram o mesmo procedimento, que dada a raridade, comprova que no futebol a prática não é comum.

Em julho, após anunciar a saída de Gareth Southgate, a Federação Inglesa de Futebol (FA) publicou a divulgação de uma vaga para treinador da seleção masculina, também com destaque para a publicação no site oficial.

Entre os requisitos, a FA apontou desejar um profissional com experiência significativa no futebol inglês, resultados consideráveis na Premier League e/ou em torneios internacionais. Entre as principais metas do novo técnico na seleção estavam conquistar um título relevante e manter o time no ranking de melhores do mundo.

Em maio, o experiente zagueiro Steven Caulker, ex-zagueiro do Liverpool, Seleção Inglesa, Tottenham, Southampton e Fenerbahce, viralizou ao comunicar pelo LinkedIn que estava querendo conseguir uma nova oportunidade - o jogador vinha encontrando dificuldades para conseguir uma transferência.

Também em meados deste ano, o Flamengo anunciou pela plataforma o anseio de contratar um historiador pleno para “atuar na pesquisa e produção de conteúdo sobre a História do Clube de Regatas do Flamengo“. O profissional contratado será responsável por pesquisas e subsidiar o recém-inaugurado Museu Flamengo, além de outras áreas do clube.

"O LinkedIn é uma excelente plataforma de troca de informações, de comunicação no âmbito de negócios. O Atlético inova ao buscar um técnico para as categorias de base através da plataforma", afirma Renê Salviano, CEO da Heatmap e especialista em marketing esportivo.

"O uso de plataformas de emprego, como o LinkedIn, para divulgar vagas em áreas tradicionalmente mais restritas, como o esporte, evidencia uma evolução significativa e a maior democratização dos processos de recrutamento. Essas ferramentas permitem que os clubes não apenas ampliem o alcance de suas seleções, mas também tornem as oportunidades mais acessíveis, atraindo profissionais que, de outra forma, poderiam passar despercebidos. Essa transparência e profissionalização são essenciais para identificar talentos alinhados aos objetivos do clube, prontos para agregar valor às equipes", explica Bruna Santos, Gerente de Recrutamento & Seleção da keeggo.

Em fevereiro de 2023, a seleção da Bélgica já havia feito algo parecido ao anunciar a vaga de treinador no LinkedIn, após a saída de Roberto Martínez. Além disso, na ocasião, a Federação do país ainda fez mais duas postagens com interesse em mais duas vagas de diretores: "Além de um diretor operacional de futebol (Jelle Schelstraete), que lidera a organização esportiva, estamos à procura de um diretor esportivo de futebol de elite, que monitorize a visão futebolística das várias seleções nacionais (da Bélgica) e gerencie os treinadores das seleções nacionais".

"O futebol brasileiro vive um momento de transformação, de profissionalismo. É natural que cada vez mais os clubes adotem tecnologias e plataformas que contribuam para uma gestão que seja pautada em critérios técnicos e não subjetivos. E isso engloba não só a parte de recrutamento, mas também o relacionamento com o torcedor por meio da inteligência artificial", analisa Henrique Borges, Vice-presidente executivo de vendas, marketing e novos negócios na Somos Young, empresa especializada no atendimento a sócios-torcedores e que atende clubes como Cruzeiro, Coritiba e Vasco.

Em outubro, Patrice Evra, ex-lateral-esquerdo de Manchester United e Juventus, fez um anúncio prometendo a criação de uma plataforma que seria o "LinkedIn do futebol", dando a chance de jogadores de futebol assinarem contratos, com a postagem de vídeos e estatísticas. O aplicativo ainda está em fase de testes, e o foco principal são atletas em formação e de base.

Para Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports no Brasil, empresa de entretenimento norte-americana, que gerencia a carreira de centenas de atletas, a iniciativa é interessante, e por mais de uma razão.

"A primeira, é responder a um questionamento de torcedores e imprensa sobre acesso aos postos, e como são selecionados os profissionais que são contratados, supostamente, aos olhos desses, "apadrinhados", sem o devido critério, o que era mesmo comum nas associações. Mostrar que qualquer um pode se candidatar, e publicitar que a vaga está disponível, ainda que a seleção possa ter um viés pessoal, já é um avanço na governança

Outra razão, é a necessidade que os clubes e SAFs tem de estruturar arquivos com profissionais aptos a serem contratados, seu banco de talentos fora do campo, pois até pouco tempo, a maioria dos nossos clubes não os tinha, e a cada três anos, seus dirigentes eram trocados, e os que saiam, "fechavam seus notebooks" e levavam consigo grande parte da agenda e inteligência dos clubes. Por fim, o anúncio da vaga, elimina um desgaste que os dirigentes dos contratantes têm com a abordagem de um profissional que trabalha em um adversário ou rival direto.

Por sua vez, essa prática gera um questionamento, que é sobre o conhecimento que os dirigentes do anunciante têm sobre o mercado. Para alguns, anunciar uma vaga estratégica, como é a de um treinador, sugere que não existe conhecimento sobre quem são os profissionais ideais para o posto, sendo esse um para o qual deveriam buscar os melhores nomes, e não se abrirem para ouvir todos que desejam esse lugar".

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