Futebol: Palmeiras vence o São Paulo de virada, mas o que chamou a atenção foi a controversa arbitragem (Ricardo Moreira/Getty Images)
Diretor de redação da Exame
Publicado em 5 de outubro de 2025 às 19h17.
Última atualização em 5 de outubro de 2025 às 19h44.
O clássico paulista entre São Paulo e Palmeiras, na tarde deste domingo, terminou com duas cenas comuns no futebol brasileiro.
Primeiro, uma reação do time palmeirense, que virou o jogo e venceu por 3 a 2 após sair perdendo por 2 a 0. Mas voltaram a chamar a atenção, também, críticas a uma nova decisão controversa da arbitragem.
O técnico são paulino Hernán Crespo reclamou, na saída de campo, da não marcação de um pênalti pelo árbitro Ramon Abatti Abel, quando o São Paulo vencia por dois gols de vantagem.
— . (@spfcmovies) October 5, 2025
Na noite deste sábado, em Bragança Paulista, na vitória do Bragantino sobre o Grêmio, foi a marcação de um pênalti no último minuto e a expulsão do zagueiro Kannemann que levantaram polêmica. O capitão gremista Marlon, na saída do jogo, reclamou da decisão e cobrou a necessidade de profissionalização dos árbitros no Brasil.
"Não tem uma liga que profissionalize os árbitros", reclamou o capitão gremista. "A confederação não dá suporte nenhum para os árbitros".
Na entrevista coletiva após a partida de hoje, o técnico palmeirense Abel Braga disse acreditar que não foi pênalti contra seu time, mas se somou às cobranças por profissionalização. "Salários mais altos para os árbitros, profissionalização e treinamento", respondeu ao ser perguntado o que precisa ser feito. "As coisas não vão acontecer de um dia para o outro".
Um outro episódio que esquentou o debate neste domingo aconteceu em Minas Gerais. Cerca de 12 horas após apitar o jogo entre Corinthians e Mirassol, ontem, o árbitro Felipe Fernandes de Lima caiu desacordado no gramado enquanto apitava um jogo de futebol amador em Brumadinho. O árbitro se recupera de um quadro de desidratação.
A sequência de episódios vem uma semana depois de a Confederação Brasileira de Futebol anunciar uma mudança no calendário para 2026, em busca de melhorar a atratividade dos campeonatos e ampliar o número de jogos das divisões inferiores. Nada foi dito sobre uma reorganização na arbitragem.
A atividade de juiz de futebol não é profissional no Brasil, o que demanda que os árbitros tenham outra profissão. Até para engordar o orçamento.
Um árbitro do quadro da Fifa, a federação internacional que rege o esporte, recebe R$ 7.280 por jogo na Série A do Brasileirão. Os demais juízes ganham R$ 5.250. Assistentes e árbitros de vídeo recebem entre R$ 4.370 e R$ 3.150.
Na Série B, os árbitros principais recebem entre R$ 5.420 e R$ 3.600. Na Série C, entre R$ 4.230 e R$ 2.050. As diárias para deslocamentos acima de 800 quilômetros rendem até R$ 330.
Em 2024, o árbitro brasileiro com mais jogos na Série A foi Ramon Abatti Abel, escalado para 21 jogos -- embolsando cerca de R$ 150.000.
Na Inglaterra, onde se joga o campeonato mais valioso do mundo, a Premier League, um árbitro de ponta chega a embolsar perto de R$ 2 milhões por ano, segundo revelou o jornal The Times, incluindo bônus e diárias.
Por lá, os árbitros recebem salários e são profissionalizados desde 2001, numa decisão pioneira no mundo. Nas outras principais ligas europeias, como Espanha, Alemanha, Itália e Portugal, os juízes também são profissionais e recebem remuneração mensal. Portugal teve das decisões mais recentes, em 2018.
Nas Américas, árbitros em países como Argentina e Estados Unidos também recebem salários mensais.