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“Fusão com qualquer player listado tem sinergias claras”, diz CEO da Cogna

Em meio a rumores de união dos negócios com Yduqs, dona da Kroton vê lucro voltar no 1º trimestre

Valerio: rumores de fusão vão e vêm todas as horas (Eduardo Frazão/Exame)

Valerio: rumores de fusão vão e vêm todas as horas (Eduardo Frazão/Exame)

Raquel Brandão
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 8 de maio de 2025 às 20h28.

Depois de organizar a casa, a Cogna finalmente voltou ao lucro. No primeiro trimestre de 2025, a empresa reverteu o prejuízo de R$ 8,5 milhões no mesmo período de 2024, alcançando R$ 95 milhões de lucro líquido. E, segundo o CEO, Roberto Valério, é no azul que a última linha do balanço da companhia deve continuar daqui para frente.

"Estamos vendo uma geração de caixa robusta, que nos permite continuar nossa trajetória de desalavancagem", afirma Valério. A geração de caixa operacional (GCO) foi de R$ 250 milhões, crescimento de 19% em relação ao primeiro trimestre de 2024.

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A redução da dívida líquida também foi um destaque, com uma queda de R$ 460 milhões em comparação ao ano anterior. A alavancagem da companhia foi reduzida para 1,28 vez, ante 1,79 vez de um ano antes.

No primeiro trimestre, a Kroton, unidade de ensino superior da Cogna, foi a grande estrela, com crescimento de 18,8% da receita. A operação responde por 60% dos resultados da empresa.

"A Kroton é o nosso maior negócio e, nesse trimestre, o seu desempenho foi excelente. A receita cresceu duplo dígito com destaque para o crescimento da captação de alunos e o aumento do tíquete médio, impulsionado pela maior demanda por cursos presenciais e de EAD de alta presencialidade", afirma Valério.

A base de alunos cresceu 9,8%, com um mix mais concentrado em cursos de maior tíquete médio. O tíquete médio teve expansão de 1,1% versus o primeiro trimestre de 2024.

No presencial, o crescimento foi de 6,2% e no EAD, de 2,6%, resultado do repasse mais significativo da inflação para os veteranos e da maior captação de cursos com um Lifetime Value (LTV) elevado. O foco em qualidade tem sido um diferencial para a empresa, com um índice de satisfação crescente e uma melhoria nas margens de lucro, segundo o CEO.

Vasta e Saber, embora não tenham tido o mesmo desempenho destacado de Kroton, também têm ganho relevância para o portfólio da Cogna. O EBITDA de Vasta foi de R$ 117,1 milhões, embora tenha mostrado uma queda de 26,8% em relação ao mesmo período de 2024, impactado pela menor receita líquida e maiores despesas com marketing.

Valério destaca, porém, que a unidade está com um mix de clientes mais eficiente, e que o crescimento nas soluções complementares continua a ser um objetivo importante da empresa. "Vasta está em transição, mas continua com uma boa performance em seu segmento de conteúdo core", disse Valério.

Já a Saber, focada em educação básica e livros didáticos, viu uma queda de 31,0% na receita líquida. Porém, como Valério explicou, a redução foi mais um reflexo do descasamento de sazonalidade no ciclo de vendas para o governo, especialmente para o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). "Estamos ganhando eficiência, mas o ciclo de vendas de B2G (vendas para administraçaõ pública) não segue a mesma sazonalidade que temos nas unidades de ensino superior", explicou o CEO.

Fusão no radar?

A prioridade da empresa segue sendo a redução da dívida líquida e a distribuição de dividendos, diz Valerio. Neste ano, a empresa distribuiu R$ 120 milhões aos acionistas, o que não ocorria desde 2020. Também está fazendo recompras de ações, com R$ 60 milhões alocados no primeiro trimestre de 2025.

Mas a alocação de capital também passa por compra de ativos, tema que esquentou com os rumores de fusão com a Yduqs, que voltaram a ganhar força recentemente no mercado. "Esses rumores vão e vêm toda hora", disse o CEO, minimizando as especulações.

Ainda assim, Valerio não nega que haja sinergias numa operação do tipo. "É inegável que, qualquer fusão com qualquer um dos players listados tem sinergias claras", diz. Mas, segundo ele, a Cogna está mais focada em M&As táticos que complementem seu portfólio. "Nosso foco não está em uma fusão estratégica, mas em aquisições que possam agregar ao nosso negócio de educação, como em inteligência artificial ou em segmentos como B2G", afirmou.

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