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Nearshoring e ociosidade: As palavras-chave na maior aquisição da WEG

Companhia comprou, por US$ 400 milhões, divisões de motor e de geradores da Regal Rexnord

WEG: expansão internacional de olho em eficiência (Leandro Fonseca/Site Exame)

WEG: expansão internacional de olho em eficiência (Leandro Fonseca/Site Exame)

Karina Souza
Karina Souza

Repórter Exame IN

Publicado em 25 de setembro de 2023 às 16h27.

Última atualização em 25 de setembro de 2023 às 18h07.

A WEG anunciou hoje a maior aquisição da sua história, com a compra de duas divisões da Regal Rexnord, ampliando sua presença internacional em motores elétricos e ganhando força em geradores. Ao todo, a multinacional brasileira está levando 10 fábricas, em sete países, aproximando-se dos clientes, num momento em que cresce a demanda por fornecedores mais próximos – o chamado ‘nearshoring’.

"Há uma tendência pós-covid muito voltada a ter fábricas próximas aos fornecedores. Estamos colocando cada vez mais presença onde clientes-alvo têm fábrica: Índia, China e países da Europa em que têm operações importantes”, disse Alberto Kuba, diretor da WEG Motores Industriais, em teleconferência com investidores e analistas.

Ao todo, a WEG vai pagar US$ 400 milhões – ou R$ 2,8 bilhões, como a companhia apresentou–, numa transação integralmente em dinheiro. O desembolso está sujeito às aprovações regulatórias de cada país em que a companhia opera e, por isso, não deve sair do caixa da empresa brasileira antes de 2024.

A aquisição agradou o mercado: as ações da WEG operam em alta de aproximadamente 5% nesta segunda-feira. A aquisição saiu barata, a um múltiplo de 7,4 vezes EV/EBITDA para 2024, bem abaixo das 10,5 vezes de concorrentes do mesmo setor e 18,6 vezes da WEG, de acordo com a XP.

Um dos pontos-chave da aquisição está na capacidade ociosa da Regal, que gira em torno de 50%, já que a empresa vinha focando em novos negócios e não tanto nos motores industriais.

As fábricas, que foram construídas para trabalhar em dois turnos, estavam operando apenas em um. "Enxergamos uma grande oportunidade principalmente por marca e pela equipe, de alta qualidade técnica e de vendas. Além disso, eles têm um grande uso de terceirização e a WEG tem uma característica de verticalização, que vamos incorporar ao longo do tempo", disse Kuba.

Hoje, os negócios comprados da Regal têm margem Ebitda de 9,5% e, WEG, de 22%. "Com o tempo, a expectativa é que as margens atinjam padrão WEG em cada país em que as unidades estão inseridas", afirmou André Luis Rodrigues, superintendente financeiro da WEG.

Na prática, a multinacional brasileira está levando três marcas. Centenária, a Marathon atua na fabricação de geradores para várias indústrias, como alimentos e bebidas e automotivo, e tem seu principal mercados nos Estados Unidos.

"É um uso que vem crescendo principalmente em telecomunicações, em grandes servidores de internet, na nuvem. É um mercado que só tende a crescer com a digitalização e no qual não há muitas companhias de porte global podendo explorá-lo. Agora, a WEG está nesse grupo seleto, a partir da marca Marathon", afirmou João Paulo Gualberto da Silva, superintendente da WEG Energia.

A Cemp e a Rotor são duas empresas mais de nicho. A primeira soma forças com a WEG em Portugal para a produção de itens mais complexos, e a Rotor agrega principalmente ao trabalhar o mercado de navios de forma mais completa do que a empresa brasileira.

Em meio a todo esse processo, a empresa reforçou que não deve mudar seu capex anual, que gira em torno de 5% da receita. A aquisição, apesar do porte, não representa uma mudança estrutural para a forma como a companhia opera em expansão inorgânica.

"Não procuramos aquisições de grande porte, que podem ser de difícil integração cultural e impactar retorno para os acionistas. Nesse caso específico, nos sentimos confortáveis por trabalharmos com negócios em que temos domínio operacional grande, em geografias nas quais já operamos ", disse Rodrigues, o CFO.

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