Hapvida: melhora de sinistralidade das concorrentes pode ser bom sinal (Leandro Fonseca/Exame)
Publicado em 8 de maio de 2025 às 13h46.
Última atualização em 8 de maio de 2025 às 14h09.
A expectativa de fim do ciclo de alta de juros está impulsionando o Ibovespa para próximo da máxima histórica – e dando gás aos papéis cíclicos. A Hapvida está contando ainda com outro vento de cauda.
As ações da operadora de planos de saúde disparam, com alta de cerca de 13%, entre as maiores da bolsa, puxadas pela dinâmica trazida pelos balanços de Bradesco Saúde e SulAmérica.
Ambas as operadoras reportaram margens significativamente melhores do que o esperado – um sinal de que o setor pode estar atravessando um trimestre de menor frequência de utilização dos planos.
De acordo com um relatório do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME), o principal destaque nos balanços de Bradesco e SulAmérica foi a queda acentuada da sinistralidade, índice que mede a relação entre os custos com serviços médicos e a receita obtida com os planos de saúde.
No caso da Bradesco Saúde, a sinistralidade caiu para 80,5% no primeiro trimestre, o menor nível já registrado pela companhia, uma redução de 9,2 pontos percentuais em comparação anual e de 4,7 pontos frente ao trimestre anterior.
A SulAmérica também trouxe uma sinistralidade mais baixa, de 78,6%, abaixo da expectativa do próprio BTG, que era de 81,5%.
Antes da divulgação dos dados do setor, a expectativa do BTG era de uma elevação da sinistralidade da Hapvida no trimestre, com um avanço de 90 pontos-base em relação ao mesmo período do ano anterior e de 100 pontos-base na comparação com o quarto trimestre de 2024, chegando a 68,9%.
No entanto, o bom desempenho das rivais pode indicar que o cenário está mais favorável do que se previa.
"Os dados de Bradesco e SulAmérica sugerem que há possibilidade de upside para nossas estimativas de Ebitda da Hapvida, que estão abaixo do consenso", afirmam os analistas Samuel Alves e Yan Cesquim. Eles destacam que a melhora das margens, caso se repita na Hapvida, pode surpreender positivamente o mercado.
Apesar do otimismo, o BTG alerta que a ação continua sensível a eventuais notícias negativas relacionadas a provisões judiciais, uma preocupação recorrente dos investidores. “O primeiro trimestre deve ser misto nesse sentido, já que a sinistralidade pode ser afetada por acordos de litígios”, diz o relatório.
Ainda assim, o banco manteve sua recomendação de compra para a Hapvida, observando que a empresa pode se beneficiar de uma reprecificação positiva caso confirme margens mais robustas em seu balanço.