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O ciclo joga contra a Unipar. Mas o interesse do mercado de crédito nunca foi tão grande

Petroquímica levanta R$ 900 milhões em sua maior e mais longa emissão de debêntures, com redução importante nos spreads

Unidade da Unipar em Cubatão: Complexo está recebendo o maior investimento da história, de US$ 200 milhões, em modernização (Unipar/Divulgação)

Unidade da Unipar em Cubatão: Complexo está recebendo o maior investimento da história, de US$ 200 milhões, em modernização (Unipar/Divulgação)

Natalia Viri
Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Publicado em 21 de julho de 2025 às 22h53.

Última atualização em 21 de julho de 2025 às 22h55.

A Unipar acaba de concluir a captação de R$ 900 milhões em debêntures, a maior da sua história e também com o prazo médio mais longo, de 7,5 anos.

A empresa, líder na produção de cloro e segunda maior produtora de PVC na América Latina, vem se tornando um emissor mais contumaz e aproveitando a demanda mais estrutural no mercado de renda fixa local para alongar sua dívida e reduzir custos — ampliando espaço num balanço já pouco alavancado para eventuais movimentos de M&A.

Do montante total, R$ 550 milhões serão usados para resgatar debêntures com custo mais alto e também com covenants mais restritos. O limite de relação entre dívida líquida e EBITDA saiu de 2 a 2,5 vezes das emissões anteriores para 3 vezes.

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“É uma diferença não tão grande, mas que faz sentido para o perfil de setor em que atuamos”, diz o CFO Alexandre Jerussalmy.

Forte geradora de caixa, hoje a Unipar ainda está longe desse patamar: o endividamento está em 0,88 vez. “Mais do que abrir espaço, a ideia é deixar flexibilidade no balanço para aproveitar oportunidades de crescimento, ainda que não haja nada específico em vista neste momento”, ressaltou.

A companhia vem sinalizando ao mercado que quer crescer, seja no Brasil ou no exterior, com uma possível diversificação além do cloro e PVC. 

A captação foi feita em três séries. A primeira, de R$ 165 milhões e prazo de sete anos saiu com custo de CDI + 1%. Uma outra série, de R$ 300 milhões e com vencimento em dez anos, saiu a CDI + 1,35%. Ambas foram levadas a mercado e tiveram uma demanda de 1,77 vez o book.

A terceira série foi voltada apenas para os debenturistas, que trocaram seus papéis, e levantou R$ 435 milhões, ao custo de CDI + 1,15%. A título de comparação, numa emissão de R$ 750 milhões feita em setembro do ano passado, as séries de sete e dez anos tiveram um spread de 1,20% e 1,65%, respectivamente.

Em outubro de 2023, o sobretaxa em relação ao CDI para sete anos tinha sido de 2,05%.

A compressão dos spreads vem num momento desafiador para o setor petroquímico em geral, em meio a um ciclo de baixa de preços persistente e, no caso da Unipar, dificuldades relativas também à sua exposição na economia argentina.

“Mesmo assim, temos conseguido manter a resiliência e gerar caixa”, diz Jerussalmy. “E o mercado está conhecendo cada vez mais a companhia e entendendo essa característica.”

Com a nova emissão, o prazo médio da dívida saiu de 60 para 75 meses e agora mais de 90% da dívida só vence depois de 2029.

O custo médio da dívida, por sua vez, caiu de CDI + 0,98% para CDI + 0,88%. No segundo trimestre do ano passado, o custo médio era de CDI + 1,56%.

O processo de liability management vem também em meio ao maior ciclo de investimentos da história da petroquímica, com a modernização de tecnologia no complexo de Cubatão, que vai demandar US$ 200 milhões, e uma nova planta de eletrólise em Camaçari, na Bahia, com outros R$ 234 milhões.

Em novembro, a Unipar assegurou uma linha de quase R$ 700 milhões com o BNDES via modalidades de investimento verde com juros incentivados, que reduziram bastante o custo da sua dívida.

A emissão de debêntures que acaba de ser concluída teve o Itaú e o BTG (do mesmo grupo de controle da EXAME) como coordenadores.

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