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O mercado já vê o petróleo a US$ 50 em 2026. Não é para tanto, diz este analista

Mesmo com risco de sobreoferta, BTG vê Brent encontrando suporte acima de US$ 55 e alerta: no longo prazo, o mercado está subestimando os declínios de produção

Plataforma da Petrobras: Fatores geopolíticos tem segurado o Brent entre US$ 65 e US$ 70 por barril nas últimas semanas (Germano Lüders/Exame)

Plataforma da Petrobras: Fatores geopolíticos tem segurado o Brent entre US$ 65 e US$ 70 por barril nas últimas semanas (Germano Lüders/Exame)

Natalia Viri
Natalia Viri

Editora do Exame INSIGHT

Publicado em 29 de setembro de 2025 às 14h10.

Uma combinação de demanda mais fraca nos Estados Unidos e uma sobreoferta no mercado global já está levando o mercado a prever o barril de petróleo em cerca de US$ 50 no próximo ano.

Desde abril, a Opep+ já ampliou suas cotas de produção em mais de 2,5 milhões de barris diários, cerca de 2,4% da demanda global, e a expectativa é que o cartel faça uma nova rodada de aumentos na reunião prevista para o próximo dia 5.

Para o BTG Pactual (do mesmo grupo de controle de EXAME), contudo, o piso é mais alto. O banco prevê o barril entre US$ 55 e US$ 60 por barril.

“Essa convicção decorre de duas dinâmicas recorrentes sempre que o Brent cai abaixo de US$ 60 por barril: a recomposição de reservas pela China e pelos Estados Unidos e a disposição histórica da Opep em intervir com cortes de produção”, escreveu o analista Luiz Carvalho, em relatório.

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Ele alerta que, no curto prazo, o mercado historicamente subestima esses dois fatores, levando a um consenso quase sempre mais pessimista do que se comprova na realidade.

No médio e longo prazo, por sua vez, o que os investidores estão subestimando é a fragilidade da oferta, dada a taxa de declínio de 8% e 9% ao ano para a produção dos campos de petróleo e gás, respectivamente.

“Desde 2019, quase 90% dos investimentos em upstream (exploração e produção) foi destinado a compensar declínios em vez de expandir a oferta, destacando a necessidade da indústria de correr mais rápido, apenas para ficar no mesmo lugar”, aponta Carvalho.

Neste ano, os preços do petróleo têm se mantido por volta entre US$ 60 e US$ 70 por barril – e mais recentemente no topo superior dessa faixa por conta de tensões envolvendo Rússia e Ucrânia.

Se no curto prazo, as tensões geopolíticas estão dando algum suporte as cotações, a expectativa é de uma queda relevante para o próximo ano.

O quarto trimestre deve ser marcado por uma composição relevante de estoques, com paradas para manutenção de refinarias e interrupções na Rússia, ampliando o espaço para redução dos pedidos – e queda de preços – em 2026.

Ainda assim, o banco vê um fundo mais raso para as cotações.“Com as fortes taxas de declínio dos campos e os altos investimentos necessários apenas para manter a produção em meio a um cenário de demanda ainda em crescimento, estamos mais otimistas que o consenso”, aponta Carvalho.

O analista é um dos mais otimistas com as ações da Petrobras, que segue como sua top pick no setor de óleo e gás, em boa parte por conta das suas previsões acima do consenso para o preço do petróleo. Além disso, ele destaca a possibilidade de postergação do plano de investimentos abrindo espaço para maior geração de caixa e um dividend yield atrativo, além de um possível re-rating com o ciclo eleitoral.

O banco tem um preço-alvo de US$ 15 para os ADRs da companhia, que são negociados hoje, por volta das 14h, eram negociados a US$ 12,90 (-1,26%).

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