Estação de tratamento da Copasa: 'Cenário de não privatização é improvável', diz BTG (Copasa/Divulgação)
Editora do Exame INSIGHT
Publicado em 24 de outubro de 2025 às 17h13.
A Assembleia Legislativa de Minas Gerais aprovou ontem, em primeiro turno, a Proposta de Emenda da Constituição (PEC) que elimina a necessidade de plebiscito para a privatização da Copasa – em mais um passo decisivo de um processo que vem superando diversos entraves políticos.
Foram com 52 votos a favor, cinco mais que o necessário. Ainda será necessário um segundo turno e, em seguida, aprovar a desestatização por maioria simples entre os deputados estaduais.
“Mas agora o cenário de não privatização é improvável”, resumiu a equipe do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME), em relatório.
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O banco já vinha alertando sobre o potencial dos papéis e agora elevou oficialmente o preço-alvo para as ações da companhia, de R$ 33 para R$ 46 ao fim de 2026, um potencial de alta de 26,6% em relação ao preço de fechamento de ontem.
No pregão de hoje, as ações da Copasa avançaram 3,7%, para R$ 37,67, acumulando um avanço de mais de 80% no ano.
Com a desestatização a caminho, o upgrade do BTG é o mais recente de uma série de revisões feitas pelo sellside nos últimos dez dias. Itaú BBA e Citi já tinham seguido o mesmo caminho.
Mas quanto vale a Copasa privatizada? Tudo depende da regulação.
Com uma série de incertezas a caminho, por ora, os bancos têm estipulado os preços-alvos com base em uma média ponderada de probabilidades, que mostra que vale a pena apostar nos papéis apesar do rali até agora.
Na prática, no entanto, os cálculos dizem mais de maneira individual do que agregada.
O BTG vê três cenários possíveis.
O primeiro é o de não privatização, ao qual atribui probabilidade de apenas 10%. Nesse caso, o valor por ação é de R$ 35, abaixo do preço de tela.
O segundo é o mais provável (60%): privatização com a regulação atual da Copasa, no qual o preço-alvo passa para R$ 43.
O terceiro seria uma privatização com a regulação semelhante à da Sabesp, em que a empresa captura mais eficiência com despesas operacionais. Nesse caso, de probabilidade de 30%, o preço-alvo vai a R$ 55.
O Itaú BBA, por sua vez, vê um preço-alvo de R$ 43,2 por ação da Copasa, numa conta mais binária.
O banco assume 60% de probabilidade de privatização, com um preço-alvo de R$ 51,6 por ação, um valor 1,48 vez a sua base regulatória de ativos.
A conta já embute uma redução de 100 bps no custo de capital próprio, 31% nas despesas operacionais nos próximos quatro anos, melhora na taxa de inadimplência e extensão do contrato.
Os analistas veem uma probabilidade de 40% de a Copasa ser mantida como uma estatal ‘bem-gerida’, com uma redução de custo de 5%. O preço-alvo aqui é seria de R$ 30.
O Citi, por sua vez, tem um preço-alvo de R$ 45 por ação, chamando atenção para as oportunidades de ganhos de eficiência e o ‘espaço significativo’ para a melhora na base regulatória de ativos.
Todos os analistas apontam para melhoras no front regulatório, com avanço nos parâmetros estabelecidos pela agência reguladora mineira para o próximo ciclo de revisão tarifária.
Apesar do pessimismo, os analistas do Citi alertam para o calendário eleitoral apertado, que reduz a janela de oportunidade.
“Em Minas Gerais, o governo Romeu Zema deve anunciar sua candidatura presidencial ou ao Senado no ano que vem, o que exigira sua renúncia até o início de abril (seis meses antes da eleição), podendo encurtar a janela de execução”, diz o relatório.
Em São Paulo, a privatização da Sabesp, lançada no primeiro ano de mandato do governador Tarcísio de Freitas levou 12 meses para ser concluída.