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Randoncorp vende 20% do negócio de consórcios e seguros para o Pátria

Transação avalia operação em R$ 1,6 bilhão, o que deve ajudar a destravar valor para o grupo e dar tração ao avanço no segmento financeiro

Rands: financeira representou 6% da receita da Randon em 2024 (Rovena Rosa/Agência Brasil)

Rands: financeira representou 6% da receita da Randon em 2024 (Rovena Rosa/Agência Brasil)

Raquel Brandão
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 8 de abril de 2025 às 13h43.

Última atualização em 8 de abril de 2025 às 18h50.

A fabricante de carrocerias e semirreboques Randoncorp deu mais um passo em sua estratégia de expansão no setor financeiro – e, ao mesmo tempo, procurou destravar valor. A companhia anunciou um acordo com o Pátria Investimentos, que aportará até R$ 320 milhões nas operações de consórcio e seguros da Rands, sua plataforma de soluções financeiras.

Com a transação, o Pátria adquirirá uma participação de 20% na divisão de consórcios e seguros da Rands. O valor implícito da operação é de R$ 1,6 bilhão, o que equivale a cerca de 60% do market cap da Randoncorp, atualmente avaliado em R$ 2,9 bilhões.

A operação deixou clara a subvalorização dos papéis do grupo, segundo o time do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME). “Gostamos da decisão da Randon de chamar um parceiro estratégico em um negócio subvalorizado para ajudar a fazê-lo crescer e desbloquear valor”, acrescentou o banco em relatório sobre a transação, apontando também a possibilidade do negócio abrir caminhos mais novos M&As.

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Nesta terça-feira, as ações da Randon chegaram a subir 6%, para R$ 8,87, nas primeiras horas do pregão, com uma reação positiva do mercado para a transação.

O aporte é um movimento estratégico para consolidar a presença da Randoncorp no setor financeiro, especialmente com o crescimento da Rands, que já é um dos maiores operadores independentes de consórcios e seguros no Brasil, afirma Daniel M. Ely, vice-presidente da Randoncorp e COO da Rands. Nos últimos três anos, a Rands cresceu em ritmo bastante acelerado a uma taxa média de 45% ao ano.

“Em 2024, a Rands representou pouco mais de 6% da receita de todo o grupo. E o segmento de consórcios e seguros respondeu por 45% do negócio da Rands. Há grande potencial de crescimento, que ganha ritmo mais intenso com a chegada do Pátria”, diz Ely.

No ano passado, a Rands comercializou R$ 8 bilhões em créditos de consórcios e fechou o ano com 102 mil cotas ativas. Em seguros, o montante chegou a R$ 32 milhões em prêmios comercializados.

Para a transação, a empresa está criando uma companhia que deterá os negócios de consórcio e seguros. A Rands deterá 80% e o Pátria, 20%.

O investimento do Pátria acontece dentro da estratégia de High Growth da gestora. Em março deste ano, a gestora uniu a atuação da Kamaroopin e Igah, adquiridas em 2023 e 2022, respectivamente, para aportar cheques maiores justamente de olho em negócios que já têm reportado algum ritmo de crescimento.

Com US$ 500 milhões sob gestão, a área é comandada por Pedro Melzer, que era da Igah, e Pedro Faria, que era da Kamaroopin.

O Pátria, conta Faria, já vinha acompanhando e estudando o setor de consórcios há cerca de seis anos. “É um segmento resiliente. E mesmo o atual cenário de juros mais altos favorece o crescimento do consórcio em relação aos financiamentos tradicionais”, diz Faria.

A atuação da Rands em consórcios de veículos pesados também foi um ponto que chamou atenção da gestora. A Rands é a maior nesse segmento, atrás apenas de bancos grandes. A empresa também opera de forma “white label” para companhias de diversos setores produtivos, como a John Deere, de máquinas agrícolas.

A operação também deve reforçar a atuação da empresa no varejo. A empresa opera com as marcas RACON, voltada para a aquisição de veículos e imóveis, e a Yeah, voltada para consórcios digitais. De acordo com Ely, COO da Rands, a chegada do Pátria reforça a expansão do negócio nessa frente, pela expertise da gestora, que tem em seu portfólio a Consorciei.

A transação ainda precisa passar pela aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) e do Banco Central do Brasil, com previsão de fechamento entre setembro e novembro deste ano.

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