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Risco Trump interrompe rali da Embraer. É oportunidade de compra, diz o BTG

Tarifas teriam impacto limitado e concorrentes seriam mais afetados, pondera o banco

Fábrica da Embraer, em São José dos Campos (SP): Ação acumula alta de 84% em 12 meses (Leandro Fonseca/Exame)

Fábrica da Embraer, em São José dos Campos (SP): Ação acumula alta de 84% em 12 meses (Leandro Fonseca/Exame)

Raquel Brandão
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 25 de março de 2025 às 12h26.

Última atualização em 25 de março de 2025 às 13h50.

O vai e vem sobre as tarifas a serem anunciadas por Donald Trump tem pesado sobre a Embraer, que acumula uma queda pouco mais de 10% desde a semana, quando bateu a máxima histórica de US$ 56,40 na bolsa americana.

Somente ontem, os papéis caíram quase 5%.

Mas a guerra comercial tem o potencial para colocar uma pausa no rali das ações da fabricante brasileira? Para o BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME), a resposta é um sonoro não.

REVISTA EXAME DE MARÇO: A Super Embraer

“De forma geral, acreditamos que o impacto líquido de um aumento nas tarifas sobre a Embraer seria limitado”, escreve o analista Lucas Marquiori, reforçando a recomendação de compra para o papel.

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Num relatório que coloca as tarifas sob perspectiva, o banco aponta que a principal exposição da companhia às tarifas está na aviação executiva que representou 28% da receita em 2024. Os Estados Unidos é o principal mercado para os jatinhos da Embraer.

Além disso, o segmento tem uma carteira de pedidos que se arrasta há mais de três anos, o que dá fôlego para a Embraer passar pelos recentes riscos de recessão nos Estados Unidos.

Na aviação comercial, os modelos E1 são usados por diversas companhias aéreas americanas e não tem competidor direto, enquanto as vendas do E2 para os americanos são quase irrelevantes.

O BTG defende ainda que os principais competidores da Embraer, como a canadense Bombardier e a francesa Dassault, parecem mais expostos à alta de tarifas – uma dinâmica que também pode acontecer na aviação comercial.

“A imposição de tarifas impactaria principalmente a aviação executiva, especialmente o Praetor, que estimamos representar cerca de 12% do backlog da Embraer em 2024”, calculam os analistas do BTG.

A impacto, no entanto, é relativo. Na aviação executiva, os Phenoms são totalmente montados nos Estados Unidos, enquanto no modelo Praetor, a estratégia varia. A abordagem típica é montar a aeronave em Gavião Peixoto, permitindo que ela voe para os EUA para a montagem final e pintura, o que lhe garante o rótulo "Made in the USA".

Mas dependendo da demanda, a fábrica brasileira pode produzir toda a aeronave.

Outro ponto importante levantado pelo BTG: por contrato, quaisquer tarifas impostas às aeronaves são repassadas aos clientes.

A grande questão é que, se as tarifas forem aplicadas aos materiais, o repasse de custos exigirá negociações caso a caso. De acordo com o BTG, hoje a maioria dos componentes não é proveniente das operações nos EUA, como o alumínio, que costuma ser importado da Europa ou comprado localmente.

Alguns motores, que representam cerca de 15% do custo das aeronaves, também são importados para os EUA a partir do Canadá – justamente para onde boa parte da “artilharia” de Trump tem sido apontada.

De toda forma, concorrentes como a Bombardier, canandense, e a Dassault, francesa, que produzem nos concorrentes para o Preator em seus países natais, seriam mais impactados, pondera Marquiori.

Considerando todos os riscos na conta, o BTG manteve a recomendação de compra e preço-alvo de US$ 65 – um prêmio de 23,5% em relação à cotação de fechamento de ontem.

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