Centauro: Retrofit e aumento no número de funcionários por loja (Grupo SBF/Divulgação)
Editora do EXAME IN
Publicado em 11 de agosto de 2025 às 22h26.
Com uma recuperação importante na Fisia, a operação da Nike do Brasil, o Grupo SBF – dono também da Centauro – acelerou as vendas e entregou uma alta de 6,1% na receita do segundo trimestre para R$ 1,8 bilhão.
Mas o dólar mais caro e maiores despesas com um novo plano estratégico para garantir o crescimento mais à frente pesaram sobre a margem EBITDA no período, que recuou 1,1 ponto percentual, para 9,2%. O EBITDA recuou 5%, para R$ 167 milhões.
O lucro líquido, por sua vez, avançou 19,1%, para R$ 87,2 milhões, aliviado pela entrada de incentivos fiscais de ICMS com a transferência da distribuição das lojas físicas de Nike para o centro próprio do grupo em Extrema (MG).
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Ao INSIGHT, o CEO Gustavo Furtado afirmou que, apesar de seguir focando num endividamento confortável, hoje com o indicador a relação entre dívida líquida e EBITDA em 0,68 vez –, vê espaço para olhar os próximos passos de crescimento. E quer estar com a casa preparada para poder surfar bem a onda da Copa do Mundo de 2026.
“Historicamente, vemos um ganho de notoriedade durante esse período de Copa do Mundo. Queremos estar com a operação ajustada para conseguir capitalizar”, diz o executivo, que assumiu o comando do grupo em abril.
Na Centauro, o foco é melhorar a experiência do cliente, com mais sortimento e um atendimento mais técnico e especializado. Nas lojas, isso se refletiu no aumento de headcount: a companhia contratou, em média, mais quatro funcionários por unidade.
Da porta para dentro, a equipe comercial foi reformulada. O time saiu de uma diretoria única, para uma estrutura com cinco novos diretores para categorias-chave: vestuário, calçados, futebol, marcas próprias e as chamadas “complementares”, que incluem modalidades como artes marciais e natação.
Ambas as iniciativas pesaram sobre as despesas com pessoal neste trimestre – e a expectativa é que se convertam em vendas maiores nos próximos. Furtado não abre números, mas diz que está feliz com os resultados que já tem visto. “Estamos com convicção que estamos na direção certa”, afirmou.
No segundo trimestre, a receita da Centauro cresceu 9,4%, para R$ 940,7 milhões, o maior patamar para o período da história da companhia. As vendas mesmas lojas subiram 10,6%, um pouco abaixo do ritmo de 13,2% do trimestre anterior. Já o canal digital teve aumento 17,8% nas vendas, para R$ 227 milhões.
O SBF também vem numa estratégia de retrofit e benfeitorias nas lojas da Centauro, especialmente no parque de lojas mais antgas. A aposta também é no reforço da multicanalidade: neste trimestre, por exemplo, que compra no marketplace da marca já pode trocar ou devolver os produtos nas lojas físicas.
Na Fisia, operadora da Nike no Brasil, a receita se recuperou depois de um tombo nas vendas no primeiro trimestre, especialmente com a melhora no canal de atacado, que tinha sido o mais machucado com a estratégia de remarcações de preços feito nos últimos anos para resolver um problema de excesso de estoque no pós-pandemia.
A receita líquida da Fisia subiu 5,6%, para R$ 1 bilhão, com um same store sales de 8,2% nas lojas físicas e avanço de 4,4% no atacado. Nos três primeiros meses deste ano, esse último canal tinha visto uma queda de nada menos que 19%.
“Fomos bastante diligentes na estratégia de precificação de canais diretos para garantir que não machucasse nossos clientes de atacado”, diz Furtado. “Vínhamos sinalizando ao mercado que a recuperação viria no segundo trimestre, mas é muito legal ver que no segundo tri o canal já voltou a crescer.”
A divisão é a mais pressionada pelo dólar: a depreciação do real no ano a ano pesou na margem bruta, que caiu 3,5 pontos percentuais frente ao começo do ano passado, para 40,5%.
Aqui, a estratégia foi segurar o repasse de custo para preservar a competitividade de preços – compensando a rentabilidade na última linha do balanço com os benefícios tributários das mudanças na logística de distribuição.
A passagem da distribuição das lojas físicas da Nike para o CD em Extrema (MG) converteu em incentivos de ICMS, num movimento que deve se aprofundar no segundo semestre, com a logística do atacado também sendo concentrada na mesma localidade.
Uma nova estratégia global da Nike para corrida, uma de suas categorias-chave, também vem se refletindo em melhora de posicionamento por aqui, diz o CEO. A marca simplificou seu sortimento em três linhas de produtos: Structure, Pegasus e Vomero, com foco em cada tipo de corredor – e de bolso.
“Lançamos neste trimestre um novo modelo de Vomero (a linha mais premium) e fomos muito bem sucedidos, o que nos dá mais confiança de esse reset de estratégia vai ser bem sucedido”, diz.
Outra categoria-chave – especialmente no pré Copa – é o futebol, o que já se traduziu na extensão de 10 anos no contrato de patrocínio da Nike com o Corinthians.
Nesse sentido, Fisia trouxe um diretor de marketing esportivo e está reforçando a estrutura para conseguir prospectar novos clubes e atletas. “Estamos bastante confiantes que vamos fechar outras parcerias para o ano que vem”, diz.