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SoftBank aumenta aposta na América Latina com novo fundo de US$ 3 bilhões

Com o Latin America Fund II, o grupo aumenta sua aposta na região para US$ 8 bilhões

SoftBank: investimentos do conglomerado japonês ajudaram a criar 15 dos 25 unicórnios da América Latina (Issei Kato/Reuters)

SoftBank: investimentos do conglomerado japonês ajudaram a criar 15 dos 25 unicórnios da América Latina (Issei Kato/Reuters)

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Carolina Ingizza

Publicado em 14 de setembro de 2021 às 06h30.

Última atualização em 17 de setembro de 2021 às 11h16.

O SoftBank, conglomerado japonês por trás de investimentos em tecnologia ao redor do mundo, está ampliando sua aposta na América Latina. O grupo anuncia nesta terça-feira, 14, o lançamento de um segundo fundo focado na região, o Latin America Fund II, com US$ 3 bilhões disponíveis para aportes e com a possibilidade de levantar mais capital.

"A América Latina é uma das regiões econômicas mais importantes do mundo e o SoftBank continuará impulsionando a adoção de tecnologia que beneficiará centenas de milhões de pessoas nesta parte do mundo. Há muita inovação e disrupção ocorrendo na região e acredito que as oportunidades de negócios nunca foram tão grandes", disse, em nota, Masayoshi Son, diretor executivo do SoftBank.

O grupo é um dos mais importantes atores de venture capital da América Latina: dos 25 unicórnios da região, pelos 15 foram investidos pelo SoftBank. No Brasil, empresas como Quinto Andar, Gympass, MadeiraMadeira e Mercado Bitcoin estão entre as investidas. No restante da região, há investimentos importantes também na Colômbia (Rappi, Frubana), Argentina (Ualá, Satellogic), México (Kavak, Bitso) e Chile (Betterfly) e Equador (Kushki).

O relacionamento do SoftBank com empresas latino-americanas começou com investimentos soltos ao longo da década de 2010, até que o grupo oficialmente lançou o SoftBank Latin America Fund em março de 2019, com US$ 5 bilhões disponíveis para as empresas de tecnologia. O fundo fez o capital de risco disponível na região dar um salto, não é à toa que de lá para cá o número de unicórnios não para de aumentar. O montante do primeiro fundo é maior que todos os investimentos recebidos pelas startups latino-americanas em todo o ano de 2020 US$ 4 bilhões, segundo a Lavca (Associação Latino-Americana de Private Equity e Venture Capital).

Segundo o grupo, o lançamento do novo fundo está ancorado no sucesso do primeiro, que tem uma taxa interna de retorno líquida de 85%. "Nos últimos dois anos, vimos um tremendo sucesso e retorno do SoftBank Latin America Fund, que superou em muito as nossas expectativas. O trabalho e a visão incríveis que os empreendedores latino-americanos vêm demonstrando na região nos dá confiança de que sua transformação digital continuará a acelerar na verdade, esperamos que 2022 seja o maior ano em termos de IPO da história da América Latina", diz Marcelo Claure, diretor executivo do SoftBank responsável pelos fundos da América Latina.

As equipes de investimentos e operações do SoftBank para a América Latina, que somam mais de 60 pessoas, estão divididas entre Miami, São Paulo e Cidade do México e são comandadas pelos sócios Paulo Passoni e Shu Nyatta. No Brasil, o sócio Alex Szapiro (ex-CEO da Amazon Brasil) lidera a equipe de operações. Com fundo II, o SoftBank está buscando investir em startups de todos os países, setores e estágios de desenvolvimento desde a fase inicial até o IPO. De acordo com o grupo, o foco está na busca de empresas que utilizam tecnologias novas e inteligência artificial para remodelar áreas como comércio eletrônico, serviços financeiros, saúde, educação, blockchain e softwares corporativos.

O SoftBank já vinha acelerando suas apostas nos últimos meses. Em um único dia de agosto, o grupo anunciou três investimentos no Brasil, totalizando quase R$ 1 bilhão, nas companhias Unico, Omie e Avenue, ligadas, de alguma maneira, ao universo financeiro. “A América Latina tem um PIB per capita que é 4 vezes o da Índia e o dobro do que se vê no sudeste asiático. E a região recebeu muito menos recursos do que essas outras nos últimos anos”, disse Szapiro, em entrevista anterior ao EXAME IN, ao explicar a intensidade e a velocidade dos negócios do grupo.

Para o executivo, a facilidade do acesso à tecnologia e os esforços de desregulamentação do mercado financeiro em países como Brasil e México explicam o aumento da atividade de venture capital na região. Só entre janeiro e agosto deste ano, as startups brasileiras já receberam mais de US$ 6,6 bilhões em investimentos volume que supera em mais de 85% o total de 2020, ano que havia sido recorde.

Fora da América Latina, o SoftBank tem mais de US$ 135 bilhões alocados nos Vision Funds para apoiar negócios de tecnologia "revolucionários" e US$ 100 milhões dedicados a investir em empresas fundadas por empresários negros nos Estados Unidos.

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