Instabilidade não se limita ao horário tradicional de negociação, com os contratos futuros oscilando com declarações, rumores e divulgações feitas após o fechamento do pregão (TIMOTHY A. CLARY/AFP)
Redatora na Exame
Publicado em 24 de abril de 2025 às 11h19.
Última atualização em 24 de abril de 2025 às 11h21.
A montanha-russa de emoções que tem sido o mercado financeiro americano nos últimos dias não é só uma sensação coletiva entre investidores: os dados comprovam o caos.
Segundo a Dow Jones Market Data, a volatilidade intradiária em abril — medida pela diferença entre as máximas e mínimas de cada pregão — é a maior desde março de 2020, quando a pandemia de covid-19 arrebatou os mercados. Trata-se da quarta maior desde 1979. O desempenho só perde para dois meses de 2008, durante a crise do subprime, e outubro de 1987, quando a "Segunda Sangrenta" trouxe desespero ao investidores.
As variações acentuadas refletem a sensibilidade extrema dos investidores a qualquer nova informação sobre a guerra tarifária entre Estados Unidos e China, bem como aos posicionamentos do presidente Donald Trump em relação ao Federal Reserve (Fed).
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Só nos últimos dez pregões, o índice S&P 500 ganhou ou perdeu mais de 1% em sete sessões.
Na quarta-feira, 23, declarações mais brandas de Trump sobre o Fed e possíveis cortes nas tarifas de importação chinesas animaram os mercados. O S&P 500 subiu 1,7%, o Nasdaq avançou 2,5% e o Dow Jones fechou em alta de 1,1%. Os ganhos foram generalizados, com ações de gigantes como Tesla, Boeing e Intel subindo mais de 5%.
Mas o entusiasmo durou pouco. Já na manhã desta quinta-feira, 24, o governo chinês negou que haja negociações em andamento com os EUA para reduzir as tarifas, trazendo de volta o pessimismo aos mercados. O resultado é mais um capítulo de incerteza, agravado pelas projeções mais cautelosas das empresas para os próximos trimestres.
Outra particularidade do período atual é o fato de a instabilidade não se limitar ao horário tradicional de negociação, com os contratos futuros oscilando com declarações, rumores e divulgações feitas após o fechamento do pregão.
Os traders de opções seguem apostando em oscilações de pelo menos 1% — para cima ou para baixo — no S&P 500 em todas as sessões até, pelo menos, 23 de maio, segundo relatório do Citigroup divulgado na última segunda-feira, 21. Dias com divulgações relevantes, como o payroll de abril ou coletivas de imprensa de Jerome Powell, presidente do Fed, tendem a ter oscilações ainda maiores.
Entre analistas, a mensagem é clara: a volatilidade veio para ficar. E normalmente essas oscilações não precedem períodos de bull market. Ou, como diz o ditado de Wall Street, os mercados sobem de escada e descem de elevador.