González: Brasil é um dos motores de crescimento da Unilever (Leandro Fonseca /Exame)
Repórter Exame IN
Publicado em 29 de junho de 2025 às 21h30.
Última atualização em 29 de junho de 2025 às 21h44.
O país, terceiro maior mercado da multinacional no mundo, acaba de receber o Liquid IV, suplemento em pó para hidratação rápida — um produto que dialoga com a onda de consumidores buscando saúde e performance, dentro e fora do esporte.
“A oportunidade é bem simples: 75% das pessoas no Brasil e no mundo não estão bem hidratadas”, diz Andrés González, presidente da Unilever Brasil e líder da divisão de Beauty & Wellbeing na América Latina.
Comprado pela Unilever global em 2020, o Liquid IV se tornou um fenômeno nos Estados Unidos, com forte presença também em mercados como México e Reino Unido.
O produto vendeu 1,9 bilhão de euros em 2024, sendo o principal negócio da Unilever na categoria de saúde e bem-estar. Agora, a chegada ao Brasil ocorre em um nicho que cresce rápido: segundo a Euromonitor, o setor de suplementos movimentou mais de R$ 5 bilhões em 2024 e deve dobrar até 2028.
Mas o movimento é maior do que apenas a entrada de um novo produto em prateleiras. A Unilever, que viu sua rentabilidade pressionada nos últimos anos em meio a mudanças de comando e desafios globais, está em processo de reconstrução de prioridades.
Foram quatro CEOs diferentes desde 2019. Em março, o até então CFO, Fernando Fernandez, assumiu a cadeira, trazendo consigo a experiência de ter comandado a operação no Brasil entre 2011 e 2019.
“A América Latina e o Brasil são motores estratégicos de crescimento para a Unilever”, afirma González. “Somos mercados que ainda têm crescimentos demográficos importantes, e há categorias subdesenvolvidas, como a de hidratação, com enorme oportunidade.”
O Liquid IV chegou primeiro pela Amazon, com entrega em todo o país. Agora o grupo começa a colocar o produto em farmácias e redes no Estado de São Paulo, para aí sim, ganhar escala nacional. O produto mistura vitaminas, carboidratos e eletrólitos em uma fórmula patenteada que, segundo a companhia, acelera a absorção de água pelo organismo.
“Não é só um produto para atletas. É para o dia a dia, para momentos relaxados, para ajudar as pessoas a se hidratarem melhor”, diz González.
A inovação se tornou uma das obsessões do executivo, que assumiu a operação brasileira há cerca de um ano e percorreu 12 estados para entender o mercado local.
“O Brasil é muitos ‘Brasis’. Para ter sucesso aqui, é preciso trabalhar com um pensamento mais amplo. E o talento brasileiro é de outro patamar”, diz. “Por isso, atuamos como uma multinacional, mas com o foco de uma companhia local.”
Para o líder, o plano estratégico da Unilever até 2030 se resume em três palavras: Desire at Scale — gerar desejo em escala. Isso passa, segundo ele, por desenvolver categorias e não apenas disputar market share.
“Queremos trazer produtos que melhorem a vida dos consumidores. Inovar com produtos relevantes é a estratégia que sempre vai ganhar.”
Aos 95 anos de operação no país, com 8 fábricas, 11 centros de distribuição e 7 mil funcionários, a Unilever enxerga o Brasil como um laboratório de ideias para o grupo.
“Por exemplo, desenvolvemos um sérum corporal de Dove aqui no Brasil, e já estamos exportando para Argentina e México”, conta González. “Se dá certo no Brasil, pode dar certo no mundo.”
Apesar das incertezas globais, inflação e mudanças tributárias, Andrés vê o consumo interno brasileiro como “muito forte” e lembra que categorias de consumo massivo tendem a resistir melhor a crises.
Para lidar com esse ambiente macro volátil e se manter competitiva, a Unilever aposta em eficiência operacional e em tecnologia.
Com foco renovado em categorias de beleza e bem-estar, a Unilever quer ampliar a presença no dia a dia dos brasileiros, atendendo à demanda do consumidor por produtos que trazem conveniência, saúde e propósito, conta o executivo.
“O Liquid IV é só o começo. Queremos continuar trazendo desafios e produtos para essa categoria que tem um potencial enorme no Brasil.”