WEG: Ações tiveram desempenho negativo após as divulgações dos últimos três balanços (Leandro Fonseca/Exame)
Publicado em 16 de julho de 2025 às 15h26.
Última atualização em 16 de julho de 2025 às 15h26.
Queda do dólar, possível redução nos subsídios para energia renovável nos Estados Unidos, as ameaças de tarifas dos EUA ao Brasil, além da tendência recente de desaceleração do crescimento da receita. O fluxo de notícias não tem sido dos mais favoráveis para a WEG no último ano.
Mas para o JP Morgan, depois de uma queda de 25% no preço das ações em 2025, todos esses fatores já estão embutidos no preço e a queda abre oportunidade de compra. “Vemos uma oportunidade de adicionar posições de olho em ganhos de médios prazo (nos próximos seis a doze meses)”, escreveram os analistas Marcelo Motta e Jonathan Koutras.
O relatório fez preço, levando a WEG a negociar em alta de quase 4% num dia em que o Ibovespa oscila entre queda e leve alta. O banco tem preço-alvo de R$ 61 para o fim deste ano, potencial de alta de 53% em relação à cotação de fechamento de ontem.
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Para os analistas, os resultados do segundo trimestre, que serão divulgados na próxima semana, não devem ser um gatilho para os papéis, com uma nova rodada de perda de fôlego nas taxas de crescimento na receita e margens estáveis. Mas eles tampouco veem pouco espaço para quedas depois dos vários tombos que o papel tomou após divulgações de resultados nos últimos três trimestres.
“Acreditamos que o posicionamento dos investidores está muito leve dados os três trimestres de correção, com as ações caindo de 5% a 12% no dia da divulgação dos balanços”, apontam.
Nas contas do JP Morgan, as ações agora têm espaço para aguentar muito desaforo.
Mesmo que o câmbio se mantenha no patamar de atual de cerca de US$ 5,56 ao longo de 2025 e 2026, a WEG ainda está sendo negociada a 14,7 vezes EV/EBITDA, muito abaixo da média de 21,2 vezes dos últimos dez anos. (No seu cenário-base, o banco considera um câmbio de R$ 5,92 para 2025, o que leva esse múltiplo para 13,8 vezes.)
“Isso é especialmente relevante se consideramos que o retorno sobre capital investido (ROIC) e crescimento da receita continuam acima do nível da última década”, dizem.
Outro ponto é que a companhia está negociando abaixo muito dos pares e dos ETFs temáticos. Em dólar, a WEG cai 17% no ano, contra um desempenho positivo de 5% a 29% das concorrentes ABB, Schneider e Siemens.
Além disso, a multinacional brasileira está atrás também de ETFs temáticos dos setores que atendem, sejam de energia renovável, inteligência artificial ou transmissão e distribuição de energia, todos negociando no azul em 2025.
Essa discrepância chama atenção especialmente porque o banco vê a WEG como a empresa com maior potencial de crescimento de lucros até 2027, de 16% ao ano, contra um patamar de 6% a 11% das três principais concorrentes.
Os analistas ponderam ainda que o cenário é positivo para o segmento de transmissão e distribuição de energia na América do Norte, e que há um potencial de alta vindo da melhora de margens Regal, adquirida pela companhia em 2023, e que hoje ainda opera com 50% da capacidade.
Nas contas do JP Morgan, as tarifas de 50% que os Estados Unidos podem impor sobre as importações do Brasil teriam potencial de reduzir a receita e o EBITDA da companhia em 6%. Mas esse risco também já está na conta.