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Redação Exame
Publicado em 10 de maio de 2025 às 12h00.
Temos um ambiente macro muito desfavorável cheio de incertezas e mesmo assim o mercado de risco segue subindo.
Porém, cada vez mais temos dados que mostram a desaceleração do mercado doméstico dos Estados Unidos, e o mercado revela um descolamento importante entre a correlação negativa de ativos de segurança e ativos de risco, isto é, os investidores compram risco e segurança simultaneamente, exceto dólar.
O bitcoin vem se mostrando um ativo que ganha tração com a saída dos ativos tradicionais de segurança. No momento atual os investidores reduziram expressivamente a aposta em corte de juros, agora teremos um corte apenas no segundo semestre, a foto atual é a seguinte:
A primeira razão é a entrada de capital institucional via ETFs aprovados no início do ano é o principal motor técnico desse rali. Não se trata de varejo ou hype pontual, mas de alocação estratégica.
Fundos como BlackRock e Fidelity estão absorvendo a oferta circulante de bitcoin com ritmo consistente, criando uma pressão de compra contínua que coincide com a redução da emissão diária de novos bitcoins após o halving.
Segundo, o mercado global está rejeitando a narrativa de "juros altos por mais tempo" do Federal Reserve. O conjunto dos indicadores, incluindo inflação núcleo e atividade, sinaliza desaceleração. A precificação implícita nas curvas de juros mostra que o mercado aposta em cortes ainda em dois mil e vinte e cinco. Essa reinterpretação do ciclo monetário cria uma janela para ativos sensíveis à liquidez, como o bitcoin.
Queda do índice DXY sinaliza que o mercado está antecipando afrouxamento monetário nos Estados Unidos, mesmo com payroll forte. O dólar fraco geralmente indica que os investidores estão migrando capital para ativos com mais retorno ou proteção real.
Terceiro, o bitcoin começa a ocupar um espaço novo dentro da matriz de portfólio institucional: o de ativo de reserva alternativo. Em um contexto de desequilíbrio fiscal nos Estados Unidos, erosão da confiança em moedas fiduciárias e aumento das tensões geopolíticas, há uma busca por proteção fora do sistema tradicional.
O ouro segue relevante, mas o bitcoin oferece características complementares: escassez programada, portabilidade digital, e independência estatal. Há uma tese crescente de que o bitcoin oferece uma exposição “hard money” contra a diluição do dólar.
A minha tese concluí que há fluxo de realocação. O dinheiro que estava na renda fixa, esperando “juros eternos”, está começando a voltar para tech, growth e cripto, como forma de capturar retomada de liquidez antes mesmo dela se concretizar.
Isso só reforça que o mercado não está comprando o “higher for longer”. Ele está antecipando reversão, mesmo com dados fortes no curto prazo. E o bitcoin, por estar mais correlacionado com tech e liquidez do que com inflação, surfa isso junto.
*Gabriel Fauth é operador de mercados futuros há 7 anos e é um dos contribuidores de análises e avaliações de mercado na comunidade do TradingView. O TradingView é uma ferramenta de gráficos para execução e análise do mercado, além da maior rede social para investidores e Traders.
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