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Redação Exame
Publicado em 3 de maio de 2025 às 11h00.
O que as fintechs representaram para os negócios B2C - entre as empresas e os consumidores -, a tokenização de ativos vai representar para os B2B - entre as empresas. Estamos falando de uma nova infraestrutura financeira baseada em blockchain que desburocratiza processos, torna as operações mais eficientes e amplia acesso a recursos e serviços. Um caso claro disso está no vibrante mercado de capitais brasileiro.
Esse mercado registrou um crescimento muito expressivo nos últimos anos com mudanças regulatórias e novos produtos que encontraram interesse nos investidores, hoje mais abertos à diversificação de portfólios. Recentemente, na efervescência tecnológica, blockchain surgiu como a força motriz da economia em direção à tokenização.
Um exemplo concreto disso? Em 2024, as tokenizadoras responderam pela maior parte do R$ 1,5 bilhão captado por crowdfunding, no qual se enquadram parte das ofertas de ativos tokenizados. Em 2023 o valor tinha sido de “apenas” R$ 220 milhões, segundo a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Considere também que fora desse universo também ocorrem tokenizações de ativos, como as ofertas individuais, e que somam outros milhões de reais.
Tudo isso porque blockchain traz enormes benefícios para o trânsito de informações e valores, que para circularem na rede ganham uma representação digital, os tokens. Além dos dados que os papéis tradicionais carregam, os tokens embutem a programabilidade, ou seja, a execução automática de uma operação quando tudo o que foi acordado entre as partes for cumprido.
Com a tokenização, os ativos são registrados de forma imutável em blockchain e as operações ficam visíveis 24x7 e em tempo real para os participantes de uma negociação. Isso confere mais segurança às transações, mais qualidade no gerenciamento dos ativos e reduz fraudes e inadimplência desde a complexa etapa de originação até o momento crucial do pagamento dos retornos aos investidores.
Isso sem falar que as operações tokenizadas são mais rápidas e mais baratas do que as tradicionais, um fator crucial para que pequenas e médias empresas (PMEs) possam finalmente acessar o mercado de capitais em larga escala. E para que os preços das ativos sejam muito menores, atraindo mais investidores.
O Brasil é um dos líderes globais em tokenização e modernização das finanças. Reforçando essa posição está a plataforma Drex, a infraestrutura do sistema financeiro que Banco Central está criando em blockchain. Além disso, regulações como a Resolução CVM 175, sobre registro digital de fundos, estão adequando o mercado de capitais a um futuro cheio de oportunidades.
Ainda existem desafios a serem superados e um dos maiores deles é a desinformação. É preciso esclarecer dúvidas e receios vinculados ao mercado de capitais e mostrar como a tecnologia pode ser uma aliada na construção de um sistema mais eficiente e acessível. Os reguladores têm feito seu papel. Cabe também às empresas do setor serem “educadoras”.
Estamos certos de que o futuro da economia brasileira é tokenizado. Aqueles que adotarem agora tecnologias emergentes como blockchain em seus negócios e investimentos se anteciparão à mudança completa de paradigmas pela qual o mercado de capitais brasileiro passará. O único alerta é que essa transição será muito rápida daqui para a frente. Num piscar de olhos é preciso decidir entre tomar o trem ou ficar para trás na estação.
*Paulo David é cofundador e CEO da AmFi. Advogado de formação, também cofundou as fintechs Biva, primeira plataforma de empréstimos B2B do país e vendida ao PagBank, e a Grafeno.
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