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“A tokenização é do tamanho da economia brasileira”, afirma consultor do Banco Central do Brasil

Tecnologia pode transformar o crédito, os imóveis e os investimentos com segurança jurídica e apoio estatal

 (metamorworks/Getty Images)

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Cointelegraph
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Agência de notícias

Publicado em 10 de julho de 2025 às 09h38.

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Durante uma entrevista ao BC Trends, Antonio Marcos Guimarães, consultor do Departamento de Regulação do Sistema Financeiro do Banco Central, afirmou a tokenização tem o potencial de transformar a economia do Brasil.

Com mais de duas décadas de experiência em supervisão bancária e regulação, Antonio é taxativo: “o potencial da tokenização é do tamanho da economia brasileira”.

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A afirmação não é exagerada. Para ele, essa tecnologia pode modernizar desde o mercado de crédito até a negociação de imóveis, precatórios e títulos do agronegócio — com eficiência, segurança e novas formas de investimento.

“É um modelo de negócio que traz ganhos de eficiência e pode revolucionar a economia em vários setores. Ela elimina reconciliações, aumenta a rastreabilidade e permite composições inéditas entre ativos financeiros”, explica.

Token como infraestrutura de mercado

Ele explicou que a tokenização consiste na conversão de ativos do mundo real — como imóveis, contratos ou recebíveis — em representações digitais registradas em blockchain. Esses “tokens” funcionam como peças modulares e programáveis, capazes de carregar consigo cláusulas, direitos, garantias e condições específicas.

“Você pode imaginar a tokenização como um conjunto de blocos de LEGO. Uma operação de crédito pode virar um token. Depois, você acopla a ele um seguro, uma garantia, um smart contract com regras de inadimplência. Tudo isso componível, tudo automatizado”, explicou o consultor.
Segundo ele, esse modelo não só reduz custos operacionais e riscos de fraude, como também pode criar liquidez para instrumentos tradicionalmente pouco negociados. Um exemplo prático citado por Antonio é o CDB tokenizado: nesse formato, os bancos conseguem fracionar os títulos e disponibilizá-los para negociação entre clientes em mercados secundários, como marketplaces financeiros.

“Com isso, o cliente não precisa esperar o vencimento do título. Ele negocia sua fração quando quiser. E o banco, por sua vez, consegue alongar seu perfil de endividamento sem depender apenas de prazos curtos”, resume.

Casos reais e novas fronteiras

Apesar de parecer conceito futurista, a tokenização já é realidade no Brasil. Antonio cita exemplos concretos de tokenização de imóveis fracionados, de cédulas de crédito bancário, títulos do agronegócio, e precatórios. Em todos os casos, o potencial de democratizar o acesso e destravar mercados é evidente — mas ainda limitado pela ausência de marcos jurídicos claros.

“Muitos empreendedores têm receio de avançar com modelos de tokenização por falta de segurança jurídica. Não sabem se aquilo será tratado como um valor mobiliário, um ativo financeiro ou outro instrumento”, alerta.

Essa indefinição pode gerar um efeito paralisante: sem saber qual regulador será responsável — Banco Central, CVM ou ambos — o mercado se retrai. Antonio defende que o país crie um marco legal específico, inspirado em regulações como a MiCA (Markets in Crypto-Assets), em vigor na União Europeia.

Segurança jurídica e apoio estatal são chave

Para o consultor, a tokenização é um modelo legítimo de negócio. No entanto, precisa de ajustes no arcabouço legal para ganhar escala com confiança. Um ponto crucial, segundo ele, é garantir que tokens possam ser reconhecidos como títulos de crédito executivos, com validade em processos judiciais e respaldo legal claro.

“Você precisa de previsibilidade. Se um token representa um crédito, ele tem que ser reconhecido como tal. Isso dá segurança ao investidor e estimula o mercado a crescer”, afirma.

Além disso, Antonio defende que o Estado tenha papel ativo no processo. Isso inclui ações conjuntas entre o Banco Central e a CVM, como o uso de sandbox regulatórios para testar modelos em ambientes controlados, além do desenvolvimento de infraestruturas financeiras interoperáveis, integrando tokens ao sistema financeiro tradicional.

Inteligência artificial e componibilidade: um casamento promissor

A entrevista também trouxe reflexões sobre como a inteligência artificial pode impulsionar a tokenização. De acordo com o especialista, a IA pode auxiliar na análise de dados, automatizar a conformidade regulatória e melhorar a transparência das transações.

Mas a maior revolução virá da chamada componibilidade — a capacidade de adicionar funções ao token de forma dinâmica. Isso abre caminho para tokens “inteligentes”, que se ajustam ao comportamento do mercado, do tomador de crédito ou mesmo à regulação vigente.

“Imagine um token que combine crédito, seguro e performance do tomador em um único ativo. Ele pode se ajustar, gerar alertas, acionar contratos, mudar taxas automaticamente. Isso muda tudo”, resume Antonio.

Tokenização é caminho, não exceção

Com a agenda regulatória de 2025/2026 em andamento, a expectativa é que os primeiros passos rumo a esse novo ecossistema digital sejam dados com mais clareza nos próximos meses. O desafio será equilibrar inovação com prudência regulatória, mantendo o dinamismo sem abrir mão da proteção ao investidor.

Na visão de Antonio Marcos Guimarães, o futuro da tokenização no Brasil não depende mais de tecnologia — e sim de decisões regulatórias inteligentes, colaborativas e consistentes.

“O Brasil tem tudo para liderar esse processo. Mas precisamos de normas claras, coordenação entre os reguladores e incentivo à experimentação. A tokenização pode sim ser tão grande quanto a economia brasileira — só depende de nós.”

Tokenização e Drex

Para Gabriel Stievano Giannoni, Diretor de Produtos e Operações do Mêntore, destaca que a digitalização de produtos como CDBs, debêntures, imóveis e até veículos permite uma ampliação do portfólio disponível ao mercado e uma significativa redução nos custos operacionais.

Segundo ele, com a tokenização no Drex, transações que hoje envolvem etapas manuais, como transferências, registros de garantias ou liquidação de títulos, poderão ser completamente automatizadas. Isso representa uma evolução não apenas tecnológica, mas também econômica, com impacto direto na produtividade do setor.

"Talvez o aspecto mais transformador do Drex seja sua contribuição para a inclusão financeira. Com a possibilidade de realizar microtransações a custo quase zero, a moeda digital viabiliza a oferta de serviços a camadas da população que ainda estão à margem do sistema bancário. A integração entre fintechs e agentes locais, como correspondentes bancários, cooperativas e carteiras digitais, permitirá a oferta de soluções acessíveis e adaptadas a diferentes realidades regionais. O Drex pode viabilizar, por exemplo, que uma produtora rural obtenha crédito instantâneo com garantia real lastreada na tokenização de sua produção, sem depender de grandes bancos ou do deslocamento até centros urbanos”, disse.

Além disso, ele aponta que o Drex é uma infraestrutura capaz de modernizar processos, reduzir custos, aumentar a transparência e abrir novas possibilidades para inclusão e desenvolvimento econômico.

“Seu impacto tende a se intensificar à medida que o mercado assimila seu potencial e cria soluções baseadas em sua lógica programável. Segurança, inovação e acesso são os pilares dessa nova fase do sistema financeiro brasileiro, que começa a ser escrita agora”, finalizou.

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