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Blockchains vão passar por 'seleção natural' sem interoperabilidade, diz líder global da Stellar

Em entrevista exclusiva à EXAME, Denelle Dixon falou sobre crescimento das stablecoins e planos do projeto para o Brasil

Blockchain: líder global da Stellar fala sobre futuro do setor (Stellar/Divulgação/Divulgação)

Blockchain: líder global da Stellar fala sobre futuro do setor (Stellar/Divulgação/Divulgação)

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Editor do Future of Money

Publicado em 18 de setembro de 2025 às 12h04.

Última atualização em 18 de setembro de 2025 às 12h35.

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O mercado de criptomoedas corre o risco de passar por uma "seleção natural" de blockchains se não investir mais em interoperabilidade. Esse foi o alerta compartilhado por Denelle Dixon, CEO da Stellar Development Foundation, em entrevista exclusiva à EXAME durante sua passagem pelo Brasil no evento Meridian 2025.

Há seis anos à frente da organização responsável por fomentar e desenvolver o blockchain Stellar e sua comunidade, Dixon diz que a criação de redes blockchain próprias por empresas é a nova grande tendência do setor, e que "a imitação é o melhor elogio". Entretanto, ela não acredita que todas as redes vão sobreviver no futuro.

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Dixon também falou sobre o futuro do mercado cripto e da tecnologia blockchain, ressaltando o papel cada vez mais importante das stablecoins — criptomoedas pareadas a outros ativos — como base para o desenvolvimento de uma série de soluções envolvendo criptoativos e o mercado financeiro.

A explosão das stablecoins

A CEO da Stellar Foundation ressalta que o blockchain sempre teve como foco, "desde o seu início", duas grandes funcionalidades: "Poder emitir qualquer ativo nele e usar esses ativos para realizar pagamentos". A executiva acredita que a grande novidade no mercado agora é que "essas coisas se tornaram legais. Elas viraram a coisa mais legal do mercado".

"As pessoas perceberam que o que dissemos em 2019, quando focamos nisso, em pagamentos transfronteiriços, é o espaço apropriado para cripto. Então, nós reconhecemos que o uso para pagamentos ainda é muito importante, mas agora também precisa ter em blockchain serviços financeiros do dia a dia, como crédito, operações de empréstimo", afirma.

Para isso, Dixon vê a aproximação com empresas tradicionais do mercado financeiro como essencial. Ao mesmo tempo, reconhece que o mercado cripto enfrenta um desafio mais profundo, mas que não é meramente filosófico: como conciliar esse crescimento e institucionalização com um espírito de código e acesso aberto que pautou o surgimento dos blockchains.

Dixon traça um paralelo com a própria internet, que teve "crescimento e mudanças, que era tão aberta e agora está tão fechada". E é categórica ao afirmar que "não podemos deixar isso acontecer com a internet do valor", se referindo aos blockchains.

"Não podemos só presumir que a abertura vai continuar. Precisamos das instituições tradicionais, mas precisamos garantir que essa consolidação característica da internet não crie novos jardins murados. Não queremos isso para o dinheiro, mas pode acontecer. Temos de criar um consenso no mercado de que isso é importante. Não sei se muitas pessoas que estão na Web3 estavam focadas no que aconteceu na Web2, mas temos de aprender com essa história e sempre estaremos focados em manter essa abertura", destaca.

Já sobre a explosão das stablecoins, a executiva da Stellar pontua que "nunca pensamos que você deveria usar criptomoedas voláteis para fazer pagamentos, e é por isso que achamos que as stablecoins pareadas ao dólar eram tão importantes". A Stellar já apostava nessa tese há mais de 11 anos, quando os ativos nem eram chamados de stablecoins.

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Hoje, a visão tem se mostrado correta. Entretanto, Dixon não acredita que as stablecoins sejam, sozinhas, o grande "killer app" — a aplicação matadora — do mercado cripto e da tecnologia blockchain. "Elas são ativos necessários para construir os killer apps, que vão ser os serviços financeiros do dia a dia das pessoas".

"Queremos que as pessoas que não têm acesso ou não querem ter acesso a contas bancárias tenham esses serviços financeiros. As stablecoins não são o killer app, são o componente para os killer apps", defende.

Stellar e o Brasil

A CEO da Stellar Foundation acredita que o futuro do sistema global de pagamentos terá as stablecoins como um "elemento muito importante", e ressalta que "vamos ter a oportunidade de transferir ativos de rede em rede, e todo mundo vai entrar na área de pagamentos, porque é o que os clientes realmente precisam. É algo que vai acontecer e já está acontecendo".

Outra aposta da executiva é que "avamos ver muitas stablecoins pareadas a moedas locais", não apenas ao dólar. Dixon acredita que esse avanço será importante não apenas para garantir que as pessoas possam realizar serviços financeiros com taxas menores, mas também para garantir que a expansão das stablecoins, hoje majoritariamente pareadas ao dólar, não resulte em uma desvalorização generalizada de moedas locais.

Nesse sentido, Dixon não descarta a possibilidade da Stellar contar, no futuro com uma stablecoin pareada ao real. O tema surgiu em conversas da executiva durante a passagem pelo Brasil, que sedia o principal encontro da comunidade da Stellar pela primeira vez. Também é a primeira vez que o Meridian ocorre na América do Sul.

"[Escolher o] Brasil foi a parte fácil, porque é um país muito influente na América Latina. E queríamos focar nos desenvolvedores e em quem está trazendo valor para as pessoas. E escolher o Rio de Janeiro também foi fácil, porque é uma espécie de Sillicon Beach, com um foco muito grande em tecnologia", diz.

Dixon ressalta que a Stellar iniciou no ano passado um processo de fomento à sua comunidade brasileira, que segundo a executiva já existia, mas estava desagregada e com pouco contato oficial com a fundação. A ideia é intensificar esse movimento. "Não podemos ignorar essa comunidade e não podemos ignorar o valor que blockchain traz para o Brasil".

Ao mesmo tempo, a executiva comenta que a Stellar não é uma "máquina de hype" como outros projetos. "Nós nos mantemos focados, nós sabemos o que a nossa missão é: dar acesso ao sistema financeiro global. As criptomoedas meme têm valor e interess, o que é ótimo, mas não é algo que você vai ver na Stellar".

Sobre o futuro dos blockchains, Dixon aposta em um cenário de seleção natural em meio ao lançamento constante de novas redes, em especial por corretoras e outras empresas do setor. "É bom que outros entrem no mercado porque cria competição e nos torna melhores. O mercado é grande, mas tem espaço para dez, 12, 15 blockchains no máximo. Ele precisa de interoperabilidade para que as redes sobrevivam. É uma combinação de abertura e interoperabilidade, aproveitando o que as redes têm de melhor".

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