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Citi está explorando stablecoins e defende digitalização da economia, diz líder global

Em entrevista exclusiva à EXAME, Driss Temsamani destacou a necessidade de desenvolver forma de dinheiro alinhada à economia digital

Citi: líder global fala sobre futuro das criptomoedas (Citi/Divulgação/Divulgação)

Citi: líder global fala sobre futuro das criptomoedas (Citi/Divulgação/Divulgação)

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Editor do Future of Money

Publicado em 22 de outubro de 2025 às 11h45.

Última atualização em 22 de outubro de 2025 às 13h07.

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As stablecoins representam mais um passo na criação de uma forma de dinheiro que seja compatível com uma economia digital que já é hegemônica nas sociedades, o que explica o crescimento acelerado do segmento. É o que afirma Driss Temsamani, líder de Digital para as Américas no Citi, em entrevista exclusiva à EXAME.

"É um futuro que já precisamos hoje, agora, não apenas no futuro. Porque existe uma economia digital que já decolou, em que as pessoas consomem, aprendem, trabalham e vivem de uma forma digital. E precisa de um dinheiro que permita que essa economia continue crescendo", defendeu o executivo.

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Temsamani revela ainda que o Citi está explorando as stablecoins — criptomoedas pareadas a outros ativos — e não descarta a criação de uma stablecoin própria. Entretanto, a regulação do segmento e a demanda dos clientes serão determinantes para o futuro de qualquer projeto.

Um dinheiro digital para a economia digital

O executivo pontua que o mercado está passando por uma "aceleração" motivada por uma necessidade: "O dinheiro precisa evoluir para uma forma digital, mas precisa ser regulado para manter a confiança e a estabilidade do sistema financeiro". "Você não pode ter uma economia 24/7 que ainda exige uso de dinheiro físico. É incompatível".

Ele reforça que o Citi tem defendido a digitalização da economia, o que tende a facilitar e ajudar na "melhoria da vida em muitas sociedades", mas sempre com a necessidade de uma inclusão financeira maior, garantindo um impacto social positivo com a adoção de novas tecnologias.

Temsamani ressalta que o setor privado tem historicamente liderado essa inovação, por mais que "a internet não seja uma empresa só". "Primeiro tivemos a internet e o setor privado criou os modelos de negócios, e isso gera fluxos econômicos que não existiam. Os influenciadores e a gig economy são exemplos de modelos que não existiam e foram construídos na infraestrutura nova que surgiu".

Agora, o executivo acredita que algo semelhante pode ocorrer com a tecnologia blockchain, que surge como uma infraestrutura para a criação de "diferentes tipos de tokens, diferentes setores, aplicações, potenciais". "O blockchain evoluiu muito. Não pode fazer e-commerce sem o smartphone, uma coisa vem de mão dada com a outra. Portanto, o blockchain precisará evoluir conforme migramos para essa economia mais ampla".

Para ele, a internet foi desenvolvida com foco no compartilhamento de informações, o que exigiu a construção de toda uma infraestrutura de negócios com "muita tecnologia, muitas bases de dados" para permitir aplicações financeiras. Em contrapartida, isso resultou em problemas de interoperabilidade, ineficiências e custos.

"Se vamos migrar para o futuro, precisamos pensar que todos esses instrumentos regulados precisam ser interoperáveis. Se não usaremos uma tecnologia linda e teremos o mesmo problema que temos com bases de dados na internet", destacou.

O papel das criptomoedas

O líder global do Citi lembra que as criptomoedas são um tópico de discussão no mercado desde 2008, quando o debate girava em torno de participar ou não do setor. Durante muitos anos, elas foram vistas como uma classe de ativos para investimentos, enquanto o foco esteve no uso da tecnologia blockchain enquanto infraestrutura.

"Fizemos a primeira transação em blockchain, tokenizada, com a Nasdaq e foi bem no início. Participamos de muitas discussões. Sempre buscamos entender como blockchain poderia ser usado na modernização da infraestrutura do mercado financeira", comenta.

Mas a adoção ainda era tímida. Temsamani acredita que dois eventos convergiram para mudar radicalmente o cenário. De um lado, o surgimento de uma crescente demanda de clientes pelo uso de criptomoedas como facilitadores em operações financeiras. Do outro, avanços regulatórios que facilitam a adoção por instituições tradicionais.

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"Isso realmente acelerou a discussão. E com a clareza regulatória e a infraestrutura de tokenização, aí sim surge a demanda para fazer negócios, pagamentos, transferências, guardar valor, até para oferecer aos próprios clientes. Foi o que mudou. Sempre estivemos focados em blockchain, inovando e desenvolvendo em blockchain para uso interno e casos potenciais, mas agora muita coisa mudou", resume.

Temsamani acredita que o mercado está migrando para uma "economia digital, baseada em infraestrutura tokenizada, com regulação e supervisão próprias", mas que isso também exigirá uma forte interoperabilidade. O resultado seria um ecossistema "interconectado, transferências instantâneas de valor e informação e inclusão para todos".

Ele ressalta que essa economia não necessariamente usará as stablecoins, já que o importante é ter um "dinheiro de Banco Central, com regulações para proteção", independente dele ser uma CBDC - moeda emitiada diretamente pelas autarquias - ou uma stablecoin, emitida por empresas.

"A tecnologia nos permite programar, ter segmentação, ter casos de uso, ideias inovadoras. Se isso vira uma stablecoin, é um modelo de negócios, mas precisa poder ser ligada à origem [dinheiro do banco central]. Precisamos da infraestrutura que permita a tokenização, com os bancos centrais no centro e a regulação, e aí as instituições privadas podem inovar e criar casos de uso a partir do que os clientes querem e precisam. Se for uma stablecoin, ótimo", comenta.

No caso das stablecoins, o executivo defende que a regulação, em especial focada na garantia de reservas para a paridade das criptomoedas com outros ativos, é essencial para "garantir que o sistema financeiro fique estável. E se conseguirmos isso, vamos ver um avanço rápido, seja de CBDCs ou stablecoins".

"Nem todo dinheiro é criado igual. Pode ser para investimentos, poupança, pagamentos, crédito. Então acho que precisamos ver essa segmentação. Pensar nos casos de uso, a audiência, o segmento. E o dinheiro programável permite que a gente faça programação no dinheiro", diz.

Temsamani ressalta que o próprio Citi está "explorando" as stablecoins, mas isso não é garantia que o banco criará uma criptomoeda própria.

"Nós não fazemos as coisas no vácuo. Sempre temos os clientes, que nos ajudam a cocriar, e isso guia nossa inovação. Precisa ser demandado pelos clientes. Estamos explorando, claro, e essa exploração vai ser de mãos dadas com os clientes e com as regulações. Quando a demanda estiver clara e pudemos fazer [do ponto de vista regulatório], é claro que estaremos lá", afirma.

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