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Criptomoeda sobe mais de 200% em mês de ‘banho de sangue’ para outras criptos

Outubro de 2025 não fez jus à tradicional alta do “Uptober” para as criptomoedas, que acumularam quedas expressivas; descubra qual é a exceção que disparou 237% e os motivos por trás disso

 (FroYo_92/Getty Images)

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Mariana Maria Silva
Mariana Maria Silva

Editora do Future of Money

Publicado em 3 de novembro de 2025 às 15h43.

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Há pouco mais de um mês, especialistas e investidores acumulavam expectativas pelo mês de outubro, conhecido por ser historicamente positivo para as criptomoedas. Até 2024, o bitcoin e as principais criptomoedas tiveram fechamento “no verde” em 10 de 12 outubros e o mês ganhou o apelido de “Uptober”, uma mistura das palavras “outubro” e “alta” em inglês.

Apesar disso, desta vez foi diferente. O bitcoin até iniciou outubro com uma nova máxima histórica, mas um “flash crash” e a incerteza macroeconômica trouxeram de volta o sentimento de cautela entre investidores.

Enquanto a maioria das criptomoedas fechou outubro “no vermelho”, um ativo se destacou: a criptomoeda Zcash, focada em privacidade, acumulou alta de 237% no mesmo período.

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No momento, a ZEC é cotada em US$ 416, com alta de 642% desde o início de 2025, segundo dados do CoinMarketCap.

Especialistas ouvidos pela EXAME justificaram o movimento da ZEC, criptomoeda nativa da Zcash. Para eles, este foi um sinal de que a narrativa de transações privadas, uma proposta que existe desde os primórdios das criptomoedas, pode voltar a chamar a atenção em 2025.

Por que Zcash disparou?

“Zcash subiu mais de 200% no mês porque o mercado de cripto está redescobrindo a importância da privacidade num momento de maior vigilância, regulação e insegurança econômica global. Enquanto outras moedas caem, o Zcash virou refúgio de quem quer se proteger, ideologicamente e financeiramente”, disse Rafael Castaneda, analista parceiro da OKX.

“Nos últimos meses o volume de moedas em modo privado bateu recorde histórico, reduzindo a oferta circulante. Além disso, novas integrações como NEAR, Ledger Live e ShapeShift facilitaram o uso e o acesso à rede. O projeto também anunciou atualizações técnicas que reforçam segurança, escalabilidade e staking e a narrativa pró-privacidade voltou a ganhar força, inclusive com o interesse de fundos como a Grayscale”, acrescentou o analista à EXAME.

Enquanto a ZEC disparou, o bitcoin acumulou queda de 7,7% em outubro. Outras criptomoedas, como SUI e AVAX apresentaram quedas ainda maiores, de 33% e 40%, respectivamente, segundo dados do CoinMarketCap.

“A recente valorização expressiva da Zcash, contrastando com a estagnação do restante do mercado de criptoativos, resulta de uma combinação entre fundamentos sólidos, apoio de figuras influentes e movimentações técnicas de mercado”, explicou Danilo Matos, analista da NovaDAX.

“O aumento do interesse por criptomoedas com foco em privacidade, impulsionado por preocupações com vigilância de dados, fortaleceu o papel da Zcash. Sua tecnologia zk-SNARKs demonstra maturidade e confiança dos investidores, com mais de 30% do suprimento total alocado em endereços blindados”, acrescentou.

O analista ainda mencionou que comentários de personalidades influentes do mercado de criptomoedas também podem ter impulsionado a demanda por Zcash em outubro.

“Declarações otimistas, como a de Arthur Hayes prevendo ZEC a US$ 10 mil, e o investimento institucional da Grayscale reforçaram o sentimento positivo em torno do ativo. O avanço da ZEC foi ainda intensificado por um clássico “short squeeze”, forçando traders vendidos a recomprar o ativo e ampliando o movimento de alta”, disse ele.

Em comparação com a Monero, outra criptomoeda com foco em privacidade, a Zcash ainda apresentou performance superior em outubro. Apesar da Monero ter tido um movimento de alta no mês, este foi bem menos expressivo que a Zcash, com um saldo positivo de 6,3%, segundo dados do CoinMarketCap.

“A superação da Monero em valor de mercado consolidou a Zcash como a principal moeda de privacidade, graças ao seu modelo de privacidade opcional, que facilita sua permanência em grandes exchanges”, disse Danilo Matos à EXAME.

Privacidade vs. institucionalização

Luiz Eduardo Abreu Hadad, consultor e pesquisador de blockchain da Shelock Communications, apontou para o forte movimento de institucionalização do mercado de criptomoedas como uma das razões para o retorno do interesse de investidores por privacidade.

“Em 2024 e 2025, vimos movimentos fortes em direção à consolidação regulatória global:

  • ETFs de Bitcoin e Ethereum aprovados em mercados-chave como EUA e Hong Kong;
  • Crescimento do uso de stablecoins em compliance com KYC/AML;
  • E avanços significativos no desenvolvimento de CBDCs (moedas digitais de bancos centrais), que embora tragam eficiência, levantam preocupações quanto à rastreabilidade de todas as transações.

Neste contexto, criptoativos focados em preservação de privacidade financeira, como Zcash (ZEC) e Monero (XMR), voltaram ao radar de investidores que veem valor em proteger seus dados financeiros, especialmente àqueles em regimes autoritários ou sob sanções internacionais”, disse ele.

“Tempestade perfeita”

Além do retorno do interesse de investidores por criptomoedas de privacidade, analistas ouvidos pela EXAME apontaram outros fatores que podem ter favorecido o movimento de alta expressivo da Zcash.

“A alta valorização da ZCash foi basicamente pela formação da tempestade perfeita: A narrativa de privacidade está em alta, levada por recentes discussões sobre CBDCs e sobre maior vigilância e regulamentação das criptomoedas. Além disso, há expectativa em torno do halving, que reduzirá pela metade a emissão de novas moedas, reduzindo a inflação da ZEC de 8% para 4%. Com a criação do ZEC Trust pela Grayscale, há fortes indícios de interesse institucional. E, por fim, ZEC rompeu resistências importantes para traders que seguem análise técnica”, explicou André Sprone, gerente de growth LatAm na MEXC.

“Com a união desses catalisadores, mesmo em um mercado instável, ZCash se destacou frente às outras altcoins e mesmo frente a outras criptomoedas focadas em privacidade mas sem tamanho apelo institucional ou com eventos importantes a vir”, acrescentou.

Maximiliaan Michielsen, estrategista de investimentos da 21Shares, disse que uma característica do mercado cripto e o comportamento de seus investidores também pode ter colaborado para o movimento de alta da Zcash, que “não foi coincidência”:

“O ressurgimento da Zcash não é coincidência. O universo cripto prospera em narrativas que preenchem vazios e, com o sentimento de mercado em baixa e o momentum geral estagnado, investidores buscam ativos com propósito e utilidade”, disse ele à EXAME.

“Com os indicadores de adoção em alta e a privacidade ressurgindo como narrativa potente do mercado, o rali da Zcash parece sustentado por utilidade — potencialmente se estendendo até o próximo ano, caso a relevância simbólica do setor se mantenha. Ainda assim, para um ativo de baixa capitalização como o ZEC, o risco de correção persiste se o foco do mercado mudar para outros ativos”, concluiu.

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