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Especialista em criptoativos
Publicado em 9 de novembro de 2025 às 11h00.
Depois de um Uptober que não se confirmou, a esperança dos investidores foi transferida para o Moonvember, apelido que este mês ganhou por ter um histórico de fortes retornos do bitcoin.
Mas novembro também começou testando os nossos nervos. O bitcoin chegou a recuar abaixo do nível psicológico dos US$ 100 mil e o ether perdeu os US$ 3.3 mil, escorregando brevemente ao patamar dos US$ 3 mil.
A correção foi marcada por liquidações totais atingindo quase US$ 1,7 bilhão em 24 horas: a grande maioria (US$ 1,3 bilhão) de posições compradas, ou seja, apostas de que os preços continuariam subindo.
A pergunta clássica nesses momentos é: entramos no bear market? Na minha leitura, ainda é cedo para isso.
Desde a perda dos suportes em US$ 107 mil-106 mil, observei que não havia força para engatarmos uma alta sustentada. E se a faixa de US$ 98-US$ 100 mil ceder, podemos ver mais correção.
Vamos completar quase 3 anos de alta, com uma valorização expressiva e ininterrupta do bitcoin desde o fundo de US$ 15 mil em novembro de 2022. Este ciclo de alta já totaliza cerca de mil dias, uma dinâmica diferente do que vivemos até agora na criptoesfera.
Mesmo assim, ao combinar os dados on-chain, o contexto macroeconômico e o comportamento dos investidores institucionais, minha convicção é a de que ainda não é hora de decretar um bear market.
Mas fique claro: isso não significa baixar a guarda.
A quebra do suporte dos US$ 100 mil, ainda que breve, evidenciou na prática o que está acontecendo.
Os investidores que entraram há poucos meses, na esperança de lucros rápidos (depois que o BTC bateu sua máxima histórica em agosto), veem suas expectativas se frustrarem e começam a abandonar suas posições para limitar perdas.
Essa pressão vendedora momentânea se junta a uma tomada de lucro pelos holders antigos, que está mais contida agora, mas ainda existe. A meu ver, é o mercado fazendo seu ajuste natural, limpando a ansiedade do curto prazo enquanto a base segue firme.
Entendam: mercados não sobem em linha reta e correções na casa de 20-30% são comuns e até saudáveis em um bull market. Elas eliminam o excesso de alavancagem e permitem a formação de novas bases sólidas para a próxima pernada.
O foco agora está na região crítica dos US$ 98 mil-US$ 100 mil. Uma ruptura consistente abaixo desse patamar poderia abrir espaço para correções mais profundas. O fundamental aqui é diferenciar uma correção técnica de uma reversão de tendência.
Quando olhamos para além do preço, os dados da blockchain do bitcoin (os chamados indicadores on-chain) pintam um quadro mais consistente do que a volatilidade momentânea pode sugerir.
O poder computacional da rede do bitcoin, chamado de hashrate, continua operando em níveis historicamente altos.
Para explicar de forma simples, o hashrate representa a soma total do poder de processamento dedicado à segurança da rede do bitcoin. Quanto maior esse número, mais distribuído e seguro se torna o sistema, já que seria necessário um poder computacional imenso para tentar comprometer a rede.
O fato de estarmos com hashrate em patamares máximos, junto com a dificuldade de mineração orbitando níveis recordes, mostra que a infraestrutura fundamental do bitcoin segue forte e confiável, com os mineradores demonstrando comprometimento de longo prazo com a rede.
O MVRV (Market Value to Realized Value) é um indicador que ajuda a identificar se o bitcoin está sobrevalorizado ou subvalorizado.
Atualmente, ele se encontra em uma zona controlada, afastada de sinais de euforia. Nos picos de ciclos anteriores, esse indicador atingiu patamares muito mais elevados, sugerindo que, em termos de valor real, ainda há espaço para crescimento.
Como observaram essa semana analistas da XWIN Research Japan, o índice MVRV do bitcoin (gráfico abaixo do CryptoQuant) atingiu 1,8 (destacado no eixo vertical à esquerda), menor patamar desde abril de 2025. O movimento sugere que o valor de mercado está se alinhando com o custo médio de aquisição dos investidores, uma leitura compatível com zonas de acumulação.

ETFs: compras estão de volta
Após seis dias consecutivos de saídas líquidas que somaram quase US$ 1,4 bilhão, os ETFs de bitcoin registraram uma mudança de cenário na quinta-feira (6), com entradas líquidas de US$ 239,9 milhões.
O movimento foi puxado principalmente por BlackRock (IBIT), Fidelity (FBTC) e ARK 21Shares (ARKB), demonstrando que o interesse institucional (um suporte estrutural importante da demanda) segue relevante. Essa alta adoção das instituições valida o ativo como classe de investimento legítima.
O peso do cenário macro
Se os fundamentos do bitcoin são sólidos, por que a apreensão? A resposta está no cenário macroeconômico global.
A principal preocupação não está no ecossistema cripto, mas, sim, na possibilidade de estarmos vivendo uma bolha de preços mais ampla no mercado tradicional. Nesse caso, se a realidade bater, a correção pode vir pesada em todos os mercados.
O ouro atingiu máximas históricas, valorizando 60% só em 2025. Os principais índices da bolsa americana, como S&P 500 e Nasdaq, estão esticados. Há um otimismo generalizado no mercado tradicional, talvez otimismo em excesso, que pode estar descolado da realidade econômica.
Eu tenho uma teoria: quando o ciclo de baixa cripto chegar de verdade, ele provavelmente vai coincidir com um bear market generalizado nos mercados americanos. A criptoesfera, querendo ou não, ainda dança conforme a música de Wall Street.
Em um momento de forte correção na bolsa americana, com fuga para a liquidez e aversão ao risco em alta, é improvável que o mercado cripto saia ileso. Será o momento em que a correção pode vir forte para todos os ativos de risco.
É hora da estratégia, não pânico.
Não vejo motivos alarmantes para reduzir posições de forma agressiva agora e muito menos para zerar altcoins que já estão em prejuízo. Vender no fundo, movido pelo pânico, é um erro clássico que cristaliza perdas.
Se o medo está pesando no seu psicológico a ponto de atrapalhar o seu sono e a tomada de decisão, realize parte do lucro. Às vezes, garantir aqueles 10% ou 15% de lucro não será o que transformará sua vida financeira, mas te dará a tranquilidade necessária para seguir o plano de investimento com a cabeça fria. Foque no processo, não na manchete.
Mantenha os pés no chão monitorando os níveis técnicos. A faixa de US$ 98 mil a US$ 100 mil é a linha de atenção imediata. Acima disso, nada é certo e seguimos no jogo do bull market.
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