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Redação Exame
Publicado em 22 de novembro de 2025 às 11h00.
Em 2025, o investidor brasileiro tem enfrentado não apenas os riscos locais, mas também se depara com um mundo menos integrado, mais volátil e marcado por movimentos imprevisíveis. É o caso do atual cenário de sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros nos Estados Unidos e o avanço de medidas internas, como o aumento do IOF sobre envio de recursos ao exterior.
Nesse contexto, manter o patrimônio 100% exposto a uma única economia não é apenas uma escolha arriscada. É uma aposta contra a lógica.
A tese da diversificação internacional sempre foi defendida por quem busca mitigar riscos. Mas agora ela deixa de ser uma tese para se tornar urgência. Dados recentes mostraram que, depois de um início de ano mais positivo, o real voltou a perder força e passou de R$ 5,47 por dólar no começo de outubro.
A moeda refletiu o esfriamento da economia brasileira, que avançou apenas 0,4% no segundo trimestre frente ao período anterior e 2,2% na comparação anual — o ritmo mais lento em mais de três anos, de acordo com o IBGE. No mesmo trimestre, os investimentos encolheram 2,2%, pressionados pelo custo elevado do crédito, já que a Selic segue em 15% ao ano, perto do maior nível em duas décadas.
Para analistas, esse cenário mantém o câmbio sujeito a novas oscilações nos próximos meses, em meio às incertezas fiscais e ao quadro frágil das contas externas.
O ponto não é prever o câmbio. É entender que sua oscilação pode corroer ganhos, encarecer investimentos e limitar o poder de compra de quem mantém tudo atrelado a uma única moeda.
Mas diversificar vai além, trata-se de acessar mercados que o Brasil simplesmente não oferece em escala: tecnologia, semicondutores, inteligência artificial e biotecnologia, por exemplo. Setores que, mesmo quando existem por aqui, não apresentam liquidez ou representatividade suficientes para compor uma carteira robusta.
Nesse sentido, veículos como ETFs permitem ao investidor brasileiro uma exposição mais eficiente e diluída a economias e setores inteiros, com menor fricção e maior potencial de resiliência em momentos de turbulência.
Ainda assim, é preciso cuidado. Diversificar não significa pulverizar. Ter clareza sobre os próprios objetivos continua sendo o ponto de partida. Uma carteira de curto prazo, voltada para liquidez imediata, não exige a mesma estratégia de quem pensa em alocação para 20 ou 30 anos.
E é justamente nesses horizontes mais longos que a exposição internacional — especialmente em dólar — se mostra não apenas relevante, mas estruturante.
Vale mencionar também o papel das criptomoedas nesse debate. Embora amplamente associadas à descentralização, o mercado global de cripto já opera, em grande parte, por meio de plataformas e estruturas reguladas, com ETFs listados em grandes bolsas como a americana. Ainda assim, elas continuam sendo uma alternativa relevante de proteção cambial, sobretudo em um mundo em que novas moedas fortes podem surgir fora do circuito tradicional.
Mais do que nunca, diversificar é uma forma inteligente e estratégica de participar de um mundo que está mudando. Ignorar isso é escolher, por inércia, a concentração em um mercado vulnerável a choques internos e externos.
Proteção, hoje, começa com planejamento. E isso passa necessariamente por entender onde e em qual moeda você está construindo seu futuro.
*Fábio Macedo é COO da Webull Brasil, com mais de 20 anos de experiência no setor financeiro.
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