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Criptomoedas: PYUSD ganhou US$ 300 trilhões em unidades (Designed by/Freepik)
Editor do Future of Money
Publicado em 15 de outubro de 2025 às 17h31.
Última atualização em 15 de outubro de 2025 às 18h46.
Por alguns minutos, o mercado de criptomoedas chegou a valer mais do que toda a economia global junta. Mas o que seria um sonho de muitos entusiastas do setor foi, na verdade, um episódio que ainda não tem uma explicação clara e deixou diversas perguntas no setor. O caso envolveu a stablecoin pareada ao dólar PYUSD, do PayPal.
Na tarde desta quarta-feira, 15, sites de monitoramento de redes blockchain identificariam uma situação estranha: US$ 300 trilhões em unidades da PYUSD teriam sido emitidas — ou "mintadas", no jargão do setor — no blockchain Ethereum pela própria Paxos, empresa que é a emissora oficial do ativo.
O montante seria inédito não apenas no mercado cripto, mas em toda a economia. Dados mais recentes estimam o PIB (Produto Interno Bruto) global na casa dos US$ 130 trilhões. Já a dívida global, tanto pública quanto privada, é avaliada pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) em cerca de US$ 250 trilhões.
A magnitude da emissão gerou uma onda de confusão e especulações entre usuários das criptomoedas. Alguns afirmaram que o caso teria sido um ataque hacker na Paxos que deu aos golpistas acesso à emissão das stablecoins. Outros acreditavam que o caso teria sido um mero engano, possivelmente um erro no momento de digitar o valor que seria emitido.
Entretanto, minutos depois, os mesmos sites e ferramentas de monitoramento de blockchain informaram que todos os US$ 300 trilhões em ativos tinham sido "queimados", termo do setor que se refere ao ato de deletar as unidades registradas em blockchain. Ou seja, os ativos deixaram de existir.
Horas depois, a Paxos esclareceu que a emissão trilionária inédita e recorde no mercado ocorreu por engano, em uma operação de transferência interna. "A Paxos identificou o erro imediatamente e queimou o PYUSD excedente. Este foi um erro técnico interno. Não há nenhuma violação de segurança. Os fundos dos clientes estão seguros. Já solucionamos a causa".
É importante ressaltar, porém, que o valor nunca efetivamente existiu no mercado. Para entender isso, é necessário compreender a própria lógica de funcionamento das stablecoins.
Toda stablecoin é uma criptomoeda pareada a outro ativo, como o dólar, real, ouro ou até commodities agrícolas. Na prática, a maioria delas são pareadas ao dólar, o que significa que 1 unidade é sempre equivalente a US$ 1. Como exemplo, a emissão observada hoje foi de, na verdade, 300 trilhões de unidades da PYUSD, que pela paridade seriam US$ 300 trilhões.
Para garantir essa paridade, as emissoras responsáveis pelas stablecoins criam reservas com diferentes ativos que, somados, dão o valor equivalente à capitalização total das stablecoins considerando o total de unidades criadas.
Na prática, seria impossível que a Paxos e o PayPal tivessem os ativos necessários para respaldar o valor de US$ 300 trilhões. Por isso, o resultado seria um processo de "depeg", em que a paridade é perdida e o ativo deixa de ter o mesmo valor que o dólar. Entretanto, como as criptomoedas nunca chegaram a ser distribuídas no mercado, esse cenário não se concretizou e a PYUSD segue valendo US$ 1.
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