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Redação Exame
Publicado em 3 de maio de 2025 às 10h00.
O SoftBank Group, gigante japonesa de telecomunicações e tecnologia, anunciou um investimento de até US$ 40 bilhões na OpenAI, avaliando a empresa em impressionantes US$ 260 bilhões. Mas enquanto gigantes da tecnologia seguem injetando capital no setor, o mercado de criptomoedas de Inteligência Artificial (IA), que engloba aqueles ativos digitais usados para financiar e operar redes descentralizadas que combinam IA e blockchain, vive uma montanha-russa de emoções.
Depois de um rali explosivo, que fez os ativos digitais do segmento dispararem mais de 165%, em novembro do ano passado, segundo a CoinGecko, o mercado de IA sofreria uma correção brutal: o setor de agentes de inteligência artificial caíria 77% enfrentando perdas contínuas, com sua capitalização de mercado total caindo abaixo de US$ 5 bilhões em meio a uma queda bem mais ampla.
Os gráficos não mentem: em dezembro de 2024, mais de 1.000 novos agentes de IA eram criados diariamente no Virtuals. Hoje, esse número caiu para menos de 10. Apesar de toda empolgação, o setor não conseguiu sustentar o entusiasmo inicial, derrubando ativos em até 90%. A pergunta que fica no ar é: esse setor ainda tem futuro ou foi apenas uma febre passageira?
A verdade é que, no mundo das criptomoedas, não basta apenas seguir o entusiasmo do mercado. É preciso analisar o que está por trás das tendências, quais fundamentos sustentam as inovações e se existe real utilidade para esses projetos. Depois de um ano repleto de investimentos e holofotes, os algoritmos de IA tiveram sua utilização e propagação, de certa forma, limitadas.
A startup Inflection AI, por exemplo, responsável por levantar investimentos de cerca de US$ 1,3 bilhão no ano passado, em menos de um enfrentou a saída de seus cofundadores para a Microsoft. Apesar do grande investimento da Open AI, dezoito meses após a explosão da IA, sinais crescentes indicam que o setor começa a desacelerar. E isso inclui as criptomoedas.
Para entender o que aconteceu com as criptos de inteligência artificial, precisamos voltar um pouco no tempo. O ChatGPT mostrou ao mundo o potencial da IA generativa, mas seu funcionamento ainda era limitado. Ele não interage fora da própria plataforma, ou seja, não pode, por exemplo, fazer investimentos, postar nas redes sociais, realizar um pagamento ou executar tarefas no mundo real.
Foi aí que surgiram os agentes de IA, uma evolução do ChatGPT. Diferente dos chatbots tradicionais, esses agentes são autônomos, capazes de tomar decisões e agir de forma
independente. E, no ambiente de criptomoedas, onde contratos inteligentes permitem a automação de tarefas sem intermediários, essa tecnologia parecia ser a combinação perfeita.
O hype foi impulsionado pela criação de meme coins ligadas à IA, que rapidamente chamaram a atenção dos investidores. Algumas criptos, como $AIXBT, ficaram populares por trazer uma "personalidade" à blockchain. Esses ativos digitais começaram a crescer rapidamente, mas o problema foi que o crescimento acelerado trouxe especulação descontrolada. E aí veio a queda.
A correção das criptomoedas ligadas à IA pode ser explicada por quatro fatores principais:Qualquer mercado que vê altas de 10.000% em poucos meses está, cedo ou tarde, destinado a sofrer uma correção. O setor passou por um frenesi onde qualquer token com IA explodia, sem grandes diferenciações de tecnologia ou utilidade. Quando a euforia acabou, os investidores começaram a vender, e o preço despencou.
O lançamento do Deep Seek, um modelo de IA chinês que alega ser mais leve, mais barato e mais eficiente do que o ChatGPT, criou um impacto negativo no setor. Investidores ficaram receosos de que a China tomasse a liderança global em IA, levando a uma redução de apostas nesse mercado.
Não foi só o setor de IA que sofreu. As altcoins em geral tiveram quedas de 50% a 70%, impactando também as criptomoedas de inteligência artificial. O Bitcoin também sofreu correções devido a questões políticas e saída de liquidez de ativos de risco. Quando o mercado como um todo está em tendência de baixa, fica difícil para qualquer setor nadar contra a maré.
Talvez o fator mais preocupante seja este: as criptos de agentes de IA pararam de inovar. O crescimento exponencial inicial foi baseado na ideia de que essa tecnologia teria múltiplas aplicações, mas, até agora, nenhum caso de uso realmente revolucionário apareceu.
Os gráficos não mentem: em dezembro de 2024, mais de 1.000 novos agentes de IA eram criados por dia dentro do protocolo Virtuals. Hoje, esse número caiu para menos de 10. Isso indica que o setor não conseguiu sustentar o entusiasmo inicial.
Se as criptos de IA querem voltar a crescer, três pontos fundamentais precisam ser trabalhados: novas aplicações práticas precisam surgir, sua infraestrutura precisa ser mais robusta e acessível, além de proporcionar mais adoção e incentivo aos desenvolvedores.
Hoje, a maioria dos agentes de IA não tem uma funcionalidade real além de interagir nas redes sociais. Para que o setor renasça, será necessário desenvolver casos de uso inovadores e úteis. O setor de DeFAI (Finanças Descentralizadas + Inteligência Artificial) combina a eficiência e automação da IA com a transparência e segurança do DeFi. Isso permite operações financeiras autônomas e inteligentes, como trading algorítmico, gestão de risco aprimorada e otimização de rendimentos sem intermediários.
A IA pode analisar dados em tempo real para prever tendências, ajustar estratégias de investimento e evitar fraudes, tornando o DeFi mais acessível e eficiente para usuários comuns e investidores institucionais.
Para que os agentes de IA sejam amplamente utilizados, a infraestrutura precisa ser mais eficiente. Soluções que permitam o desenvolvimento fácil de aplicações descentralizadas (dApps) de IA serão cruciais. A Virtuals e a Ai16z estão trabalhando nesse sentido, mas ainda há um longo caminho pela frente.
Sem desenvolvedores criando novos agentes, o setor continuará morrendo aos poucos. Programas de incentivo para desenvolvedores, como o Virtuals Partner Network, são uma estratégia interessante, pois atraem talentos e geram inovação dentro do ecossistema.
Dado o cenário atual, investir em criptos de IA não é para qualquer um. Quem busca retornos rápidos e certeiros talvez se frustre, pois o setor ainda precisa provar seu valor real. No entanto, para quem tem um perfil de risco mais agressivo e acredita que a tese pode se consolidar no longo prazo, esse pode ser um bom momento para entrar a preços baixos.
Uma estratégia sensata para quem deseja se posicionar é focar nos projetos líderes, como Virtuals e Ai16z, que continuam evoluindo e demonstrando comprometimento com o crescimento do setor.
Outro ponto fundamental é ter uma gestão de risco adequada. Como em qualquer carteira / estratégia de risco, evite colocar uma fatia grande do seu portfólio em um setor altamente especulativo. O ideal é manter uma exposição moderada, reavaliando periodicamente o desempenho dos projetos.
O potencial da tecnologia de agentes de IA em blockchain ainda existe, mas o setor enfrenta um momento crítico. Sem inovação e adoção em massa, ele pode acabar caindo no esquecimento. No entanto, se novos casos de uso surgirem e a infraestrutura evoluir, o hype ainda pode voltar.
O investidor inteligente deve acompanhar de perto os desenvolvimentos, buscar projetos que estão de fato construindo soluções concretas e, acima de tudo, não cair no erro de entrar apenas pelo hype.
Criptomoedas de IA podem ser a grande inovação do ciclo atual, mas apenas o tempo dirá se essa promessa será cumprida.
*Danilo Matos é analista da NovaDAX.
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