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ETF de Solana : aprovado pela CVM e lançado esse ano pela gestora brasileira Hashdex em parceria com o BTG Pactual, fundo reforça a posição de liderança do Brasil no setor. (NurPhoto/Getty Images)
Especialista em criptoativos
Publicado em 2 de março de 2025 às 11h00.
Essa semana tem sido uma das mais críticas do mercado cripto dos últimos tempos. Bitcoin e altcoins corrigindo fortemente, nervos à flor da pele e um Índice de Medo e Ganância em queda livre.
No momento em que escrevo, o indicador aponta para 10, Extremo Medo, uma diferença de surpreendentes 39 pontos na comparação com a última semana.
Uma das blue chips que mais sofreram nesse período foi a Solana, que volta a encarar mais um turbilhão em 2025. A rede já havia enfrentado um duro desafio à época da falência da exchange FTX, com a qual tinha forte ligação, mas mostrou resiliência e sobreviveu. Não apenas sobreviveu, mas prosperou, acumulando uma valorização superior a 2.000% nos anos seguintes ao episódio.
Atualmente, do fim de janeiro deste ano até agora, o preço do ativo acumula uma desvalorização de mais de 50% e muitos investidores estão com dúvidas sobre o futuro da rede.
Considerada uma das redes mais eficientes do mundo cripto, a Solana tem tido sua reputação questionada após polêmicas envolvendo memecoins, em especial tokens de celebridades — que acenderam um alerta vermelho entre os investidores.
Além disso, uma liberação significativa de criptomoedas SOL está prevista para acontecer no próximo 1 de março. Isso, claro, em meio às incertezas macroeconômicas que, neste momento, estão carregando junto o bitcoin e outras altcoins a fortes correções.
Na segunda metade de janeiro, a Solana esteve no centro de uma controvérsia envolvendo o presidente argentino, Javier Milei. O token Libra, associado ao presidente, gerou acusações de manipulação de mercado.
Impulsionado por uma postagem de Milei na plataforma X (ex-Twitter), o valor de mercado do token em questão atingiu US$ 4,6 bilhões poucas horas depois de seu lançamento, mas despencou para cerca de US$ 160 milhões no dia seguinte – uma queda de 96%. Vítimas do esquema amargaram altos prejuízos.
Outras criptomoedas de celebridades já vinham sendo questionadas pelos investidores, como mais recentemente as associadas a Trump e à sua mulher, Melania.
E a lista de famosos lançando seus próprios tokens não para por aí. O grupo inclui nomes como Iggy Azalea (MOTHER), Andrew Tate (DADDY), Caitlyn Jenner, entre outros.
O protocolo da Solana mais popular para a criação desse tipo de moeda é o Pump.Fun. Só para se ter uma ideia, a plataforma contabiliza mais de 8 milhões de tokens lançados até agora.
Segundo dados do Messari (gráfico a seguir), porém, a onda das “Celeb Coins” parece estar com os dias contados: houve uma queda média de 78% em relação às máximas históricas (ATH) das principais criptos da categoria.
Ainda que se mantenha como um dos maiores berços de inovação na criptoesfera, a Solana tem visto sua atividade diminuir desde o episódio de Milei. O gráfico a seguir do DeFi Llama mostra uma redução significativa no TVL, o Valor Total Bloqueado (em azul), e no volume de negociação (em verde). O TVL saiu da máxima de US$ 12,1 bilhão em janeiro para US$ 7,1 bilhão até esta quinta-feira, 27 — queda de cerca de 40%.
Outro motivo de temor entre os investidores tem a ver com uma grande liberação de tokens SOL prevista para acontecer logo no primeiro dia de março. Serão desbloqueados 11,2 milhões de unidades da criptomoeda por grandes investidores — parte de um total de 41 milhões de SOL, que serão liberadas ao longo de quatro anos.
Historicamente, desbloqueios desse tamanho podem gerar volatilidade, mas nem sempre levam a queda de preço muito acentuada, principalmente considerando a ainda grande (ainda que abalada) movimentação na rede.
Com o colapso da FTX, os tokens SOL que faziam parte dos ativos retidos pela massa falida da exchange foram vendidos a grandes players institucionais, como Galaxy Digital, Pantera Capital e Figure. Agora, esses tokens estão sendo gradualmente liberados no mercado.
A relação entre a Solana e a FTX sempre foi estreita. Sam Bankman-Fried, fundador da exchange, foi um dos maiores promotores da blockchain. Por isso, a falência da corretora, em 2022, representou um golpe significativo para a rede.
Com essa liberação, a Galaxy Digital (que pagou US$ 64 por token), a Pantera Capital (US$ 95) e a Figure (US$ 102) devem registrar, respectivamente, US$ 3 bilhões, US$ 1 bilhão e US$ 150 milhões em lucros não realizados.
Apesar das turbulências, a Solana é bem avaliada pelo mercado por sua capacidade técnica e de inovação.
Com poder para processar 65 mil transações por segundo (TPS) e custos baixos de transação (em média US$ 0,00025 a operação), a rede funciona muito bem para aplicações que exigem escalabilidade, como jogos e pagamentos em tempo real, sendo muito atraente para os desenvolvedores. No final, a Solana supera — e em muito — a velocidade das redes Bitcoin e Ethereum, além de ser bem mais barata.
Um evento que pode funcionar como catalisador para uma nova fase da Solana é a possível aprovação, ainda este ano, de ETFs spot de Solana. Gigantes como VanEck, 21Shares, Bitwise e Canary, Grayscale já fizeram seus pedidos à Comissão de Valores Mobiliários americana, a SEC, que tem até outubro para anunciar uma decisão.
Um eventual “sim” da reguladora pode ser determinante para mudar a percepção atual dos investidores sobre a rede. O ETF à vista é importante porque oferece aos institucionais um veículo regulamentado de exposição a Solana, a exemplo do que já acontece com os ETFs à vista de bitcoin e ether.
As chances de aprovação estão sendo consideradas altas pelos analistas, em torno de 70% segundo a Bloomberg. No Polymarket, mercado de previsões construído na blockchain da Polygon, os investidores estão ainda mais confiantes: veem 85% de chances de aprovação ainda em 2025.
Essa conquista ajudaria a escrever um novo capítulo na história da Solana e do ecossistema como um todo. Agora, cabe a nós acompanhar. Como diz a máxima: o mercado recompensa os pacientes.
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