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US President Donald Trump signs an executive order during an education event in the East Room of the White house in Washington, DC, March 20, 2025. President Donald Trump signed an order aimed at shutting down the Department of Education, a decades-long goal on the US right that objects to federal involvement in school systems run by individual states. By law, the Education Department -- created in 1979 -- cannot be shuttered without the approval of Congress, and Republicans do not have the votes to push that through. (Photo by ROBERTO SCHMIDT / AFP)
Redação Exame
Publicado em 30 de março de 2025 às 11h00.
Após a posse de Trump como presidente dos Estados Unidos as perspectivas para o bitcoin se tornam ainda mais positivas. Os anos anteriores foram marcados por uma administração com postura pouco amigável em relação ao bitcoin e outros ativos digitais, o que se refletiu em um ambiente inóspito para a indústria de cripto como um todo. Com um posicionamento diametralmente oposto, Trump anunciou durante discurso em julho do ano passado, que transformaria os Estados Unidos na capital mundial de cripto ativos e queria a liderança no desenvolvimento das iniciativas de ativos digitais.
Entre os indicados por Trump temos grandes entusiastas do bitcoin, como por exemplo, Scott Bessent indicado para Secretário do Tesouro, Howard Lutnick no Departamento de Comércio, David Sacks como “czar” de criptomoedas e inteligência artificial, Paul Atkins na SEC (equivalente a CVM), e a senadora Cynthia Lummis indicada como responsável pelo Painel de Ativos Digitais no Senado. Todos esses nomes têm em comum o apreço por bitcoin como reserva de valor, sentimento compartilhado também publicamente por Donald Trump Jr.
Em sua primeira semana de mandato, Trump assinou ordem executiva sobre ativos digitais, com medidas que incluem proteção da bancarização de empresas cripto, estudos sobre um estoque de reserva nacional em criptomoedas, proteção do direito de auto custódia e também proibiu a criação de moedas digitais por parte do Banco Central Americano (Fed). Interessante mencionar que essa última medida vai em direção oposta do que estamos observando no Brasil, onde está em andamento o desenvolvimento do Drex, o projeto de moeda digital do Banco Central do Brasil.
No início de março, Trump assinou outra ordem executiva, desta vez instituindo a reserva estratégica em bitcoin. Embora todas as medidas anunciadas tenham sido extremamente positivas, bitcoin não iniciou novo movimento de alta, principalmente pelo desapontamento em relação à criação da reserva inicialmente com posição em bitcoin que já era detida pelo governo americano, mas sem novas compras no momento inicial. A visão de longo prazo que tem prevalecido é que o projeto de lei da senadora Cynthia Lummis no congresso tornaria a reserva mais perene, dado que não poderia ser revogada pela próxima presidência, como é o caso da ordem executiva.
O segundo mandato de Trump está apenas começando, mas já se mostra bem mais favorável ao bitcoin do que foi o governo Biden, ou mesmo o primeiro governo Trump. A dois anos atrás o quadro era marcado por bitcoin a US$42.000, a SEC em conflito com a plataforma de negociação Coinbase e bloqueando a listagem dos ETFs de bitcoin à vista (ou seja, lastreados pelo ativo e não por contratos futuros). Isso enquanto a senadora Elizabeth Warren, dos comitês de setor bancário e finanças no Senado, tinha atitudes de oposição frontal à adoção de bitcoin e outros
ativos digitais. Atualmente temos bitcoin se consolidando na região de US$80.000, após ter atingido US$108.000, mas com um ambiente regulatório cada vez mais favorável que reduz as dúvidas e restrições por parte de investidores institucionais.
Sobre o lado negativo das atitudes de Trump, temos como ponto principal o fato que em alguns momentos ele coloca bitcoin e demais cripto ativos como uma mesma categoria. Isso inclusive é ilustrado pelas discussões recentes sobre quais ativos vão fazer parte do estoque de reserva nacional, e também pelo recente lançamento da moeda meme TRUMP. Investidores puristas em bitcoin, chamados maximalistas, se incomodam com essa situação, pois acreditam que bitcoin tem características únicas, como sua oferta limitada a 21 milhões de bitcoins, a descentralização e ausência de um time de fundadores influenciando o protocolo.
Olhando para 2025, se seguirmos os padrões históricos dos ciclos de quatro anos que vem se repetindo desde o início do bitcoin, devemos ter ainda uma forte apreciação, que pode ser seguida por um movimento de realização em 2026. Esse padrão de comportamento de preços está relacionado com o “halving”, evento na qual a recompensa por minerar cada bloco de transações cai pela metade a cada aproximadamente quatro anos.
No entanto, entusiastas pelo tema defendem a possibilidade de um chamado superciclo, onde se quebraria esse padrão histórico em função da demanda sustentada por bitcoin por parte de ETFs, empresas e países que podem adotar o ativo como reserva de valor. Inclusive caso os Estados Unidos façam aquisições do ativo para a reserva estratégica, isso pode ser um catalisador para uma corrida por parte de outros países. Caso o superciclo se confirme, o movimento de alta pode ser ainda mais dramático do que os observados no passado, e os eventuais movimentos de queda também podem ser bem mais suaves. Não é a primeira vez que observamos otimismo em relação ao fim dos ciclos tradicionais de quatro anos, mas desta vez as condições para realizações menos dramáticas podem estar presentes.
Pensando pelo ponto de vista do investidor brasileiro, que cada vez mais busca diversificação e proteção em ativos internacionais, uma pequena alocação em bitcoin vem se tornando cada vez mais parte das discussões. Principalmente por investidores que têm perfil de risco agressivo e horizonte de investimentos de longo prazo. Embora seja um ativo extremamente volátil e com histórico de apenas dezesseis anos, a valorização em períodos de observação superiores a quatro anos e o efeito de diversificação quando combinado com ativos tradicionais, têm atraído cada vez mais atenção. Esses cenários podem passar por uma aceleração ainda maior caso as sinalizações iniciais do governo Trump se concretizem ao longo dos próximos meses.
*André Barbosa é especialista em investimentos e ex-sócio fundador da Toro Investimentos.
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