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Carro elétrico de R$ 39 mil com um único assento faz sucesso no Japão e supera rivais como a Toyota

Startup KG Motors já vendeu mais da metade das 3.300 unidades planejadas para entrega até 2027

Mibot: modelo elétrico de único assento, desenvolvido pela KG Motors (Twitter/ KGモーターズ #mibot/Reprodução)

Mibot: modelo elétrico de único assento, desenvolvido pela KG Motors (Twitter/ KGモーターズ #mibot/Reprodução)

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 4 de junho de 2025 às 20h01.

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A KG Motors, uma startup emergente no setor automotivo, desenvolveu um modelo de carro elétrico de um único assento que mais se assemelha a um carrinho de golfe futurista do que aos tradicionais veículos elétricos modernos.

Com uma altura inferior a 1,5 metro, o modelo mibot tem autonomia de 100 km, recarga de cinco horas e velocidade máxima de 60 km/h. O preço de venda será de 1 milhão de ienes (aproximadamente R$ 39,5 mil) antes de impostos, quando a produção começar em outubro na nova fábrica da empresa, localizada na região leste de Hiroshima. Esse valor é cerca de metade do custo do modelo elétrico mais vendido do Japão, o Sakura da Nissan.

Apesar de seu design compacto e distinto, a empresa já vendeu mais da metade das 3.300 unidades planejadas para entrega até 2027. Esse número coloca a KG Motors na posição para superar veículos elétricos no Japão da gigante Toyota, que comercializou cerca de 2.000 carros desse tipo no país em 2024.

Na contramão

A startup desafia uma visão comum no país asiático de que carros grandes são a única opção viável para os motoristas, em um mercado onde os carros elétricos ainda representam uma pequena parcela das vendas totais.

Em entrevista à Bloomberg, Kazunari Kusunoki, fundador e CEO da KG Motors, compartilhou sua visão sobre o problema:

"Os carros são simplesmente grandes demais. Ver tantos carros enormes circulando pelas ruas estreitas do Japão — foi aí que tudo começou para mim."

A introdução de veículos elétricos no mercado japonês tem sido baixa, com apenas cerca de 140 mil unidades vendidas em 2023, o que representa aproximadamente 3,5% das vendas totais de automóveis, bem abaixo da média mundial de 18%, segundo dados da Bloomberg. A montadora chinesa BYD, por exemplo, registrou 2.223 unidades vendidas no Japão no ano de 2024, uma fração do total global de 4,3 milhões.

Enquanto isso, a Toyota, líder do setor, segue defendendo uma abordagem mais diversificada para o futuro dos transportes, na qual os veículos elétricos, híbridos e movidos a hidrogênio coexistem.

Segundo Kusunoki, "a Toyota acredita que os carros elétricos não são a única solução, e muitos japoneses seguem essa visão, assumindo que os EVs nunca ganharão popularidade".

O Japão tem uma longa tradição de carros pequenos, como os kei cars, que são modelos ultracompactos e leves. Esses veículos continuam a dominar o mercado de elétricos no país, representando 55% das vendas em 2023. O Sakura da Nissan, um kei car, é um dos exemplos mais notáveis dessa categoria e vendeu cerca de 23 mil unidades em 2024. Além disso, a BYD anunciou a produção de um kei car totalmente elétrico para o mercado japonês, com lançamento previsto para a segunda metade de 2026.

A Hyundai também entrou no mercado japonês com o lançamento do modelo Inster, que custa 2,9 milhões de ienes (aproximadamente R$ 110 mil), considerado o EV de passageiros mais acessível do Japão, no que diz respeito aos modelos de tamanho convencional.

Ainda que o design de um único assento do mibot seja incomum, ele está ganhando atenção. Os primeiros 300 carros serão entregues em Hiroshima e Tóquio até o meio de 2026, e as 3.000 unidades restantes serão distribuídas pelo país. A KG Motors projeta um prejuízo no primeiro lote de vendas, mas espera alcançar o ponto de equilíbrio no segundo. A meta da empresa é produzir cerca de 10 mil unidades anualmente.

A estratégia da empresa de produção sob demanda pode ser vantajosa, já que os carros elétricos exigem menos componentes do que os veículos a gasolina ou híbridos. O design simplificado do mibot, que inclui basicamente uma bateria, motor e eletrônica conectados em um chassi monobloco, ajuda a reduzir consideravelmente os custos de produção.

Como conquistar os compradores

A estratégia de marketing da KG Motors também é um reflexo do passado de Kusunoki, que foi criador de conteúdo no YouTube. A empresa publicou vídeos mostrando o mibot sendo testado em diversas condições, incluindo em estradas de Hokkaido, ruas estreitas de Hiroshima e até simulando colisões a alta velocidade, para garantir que o modelo atenda aos exigentes padrões de segurança japoneses.

Kusunoki, de 43 anos, fundou a KG Motors em junho de 2022. Nascido em Higashihiroshima, uma cidade com ruas apertadas e infraestrutura de transporte público em declínio, ele percebeu uma necessidade crescente de carros pequenos e acessíveis. A escassez de motoristas de táxi e o envelhecimento da população tornam difícil para os idosos se locomoverem, especialmente em áreas rurais, onde o transporte público não é viável. Até maio de 2025, a empresa havia recebido 2.250 pedidos, com mais de 95% vindos de pessoas que já possuem pelo menos um carro.

"Em áreas rurais, o transporte público está em colapso", afirmou Kusunoki à Bloomberg. "Para quem vive em grandes cidades como Tóquio, isso pode ser difícil de entender, mas em muitas regiões, um carro por pessoa é uma necessidade, não apenas um carro por família."

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