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Publicado em 24 de fevereiro de 2025 às 15h36.
A modernização da cadeia de suprimentos tem sido um diferencial para a produção sob demanda no setor têxtil. A informatização e digitalização dos processos industriais garantem maior eficiência e agilidade, refletindo diretamente na produtividade das fábricas.
Em um armazém inteligente de 10 metros de altura, robôs de transporte AGV percorrem o espaço movimentando mercadorias. Uma impressora digital de transferência térmica, equipada com 24 cabeças de impressão, tem capacidade para imprimir de 500 a 600 metros de tecido por hora. Já uma máquina de inspeção automatizada, equipada com 24 câmeras e inteligência artificial, torna o controle de qualidade mais preciso. Telas de monitoramento conectam toda a cadeia produtiva, facilitando a gestão em tempo real.
Esse é o cenário da fábrica de quase 20 mil metros quadrados de Zhou Yining, fornecedor de tecidos na cidade de Shunde, Guangdong. Com apoio da gigante do varejo digital SHEIN, Zhou implementou um sistema digital completo que otimiza toda a produção, desde a entrada de matérias-primas até a saída dos produtos acabados.
Zhou iniciou sua trajetória em 2011, alugando um pequeno estúdio em Guangzhou para criar designs de roupas. Com o tempo, o negócio evoluiu para uma fábrica de impressão digital de tecidos, atendendo a marcas esportivas e varejistas internacionais. No entanto, após um período de crescimento, os pedidos diminuíram drasticamente, exigindo uma reestruturação.
A virada veio em 2018, quando Zhou começou a colaborar com a SHEIN. A empresa adotou o modelo de "pequenos pedidos e resposta rápida", produzindo apenas sob demanda para evitar desperdícios. Para se adequar a essa nova dinâmica, Zhou digitalizou sua produção com orientação da equipe da SHEIN, tornando os processos mais ágeis e eficientes.
“Antes, dependíamos de funcionários experientes. Agora, com a padronização, novos contratados aprendem suas funções em apenas cinco dias”, explica Zhou. Cerca de 70% de sua equipe hoje é composta por novatos, que operam equipamentos automatizados, como a máquina de inspeção de tecidos. O equipamento permite analisar pelo menos seis vezes mais tecido por dia do que a inspeção manual.
A automação também revolucionou a logística interna. “Ninguém quer mais carregar caixas. Com robôs de transporte AGV, substituímos até 30 carregadores, permitindo que os jovens se concentrem em tarefas mais técnicas”, diz Zhou.
Xie Shuangtao, dono de uma fábrica de roupas infantis em Guangzhou, seguiu um caminho semelhante. Antes de trabalhar com a SHEIN, possuía uma pequena unidade de produção com menos de 40 funcionários. Desde 2018, sua empresa cresceu para cinco fábricas, com um aumento de dez vezes no número de trabalhadores.
“Passamos de 6 mil peças por mês para centenas de milhares, graças à automação”, afirma Xie. Ele investiu em equipamentos de corte automatizado, que substituem até quatro funcionários em tarefas manuais. “Antes, o corte de tecido exigia duas pessoas. Agora, com as máquinas, aumentamos a eficiência em 30%.”
Para facilitar essa transição digital, a SHEIN investiu RMB 250 milhões nos últimos dois anos. A empresa desenvolveu soluções para automação e digitalização de fábricas, além de promover treinamentos de gestão e produção para fornecedores.
A digitalização também transformou a forma como os fornecedores gerenciam suas operações. Zhou Yining relembra os desafios antes da automação: “Usávamos planilhas para controlar pedidos e isso levava a erros frequentes. Agora, todo o processo é monitorado em tempo real no sistema.”
Com a implementação da gestão digital, a SHEIN permite que fornecedores acompanhem não apenas a produção, mas também a demanda de mercado. “Antes, fazíamos grandes pedidos mensais. Agora, recebemos novas demandas diariamente, reduzindo estoques e desperdício”, diz Xie.
Nos últimos anos, grandes fabricantes têxteis na China vêm investindo em tecnologias digitais e produção modular para atender às novas exigências do mercado. Algumas cidades chinesas oferecem incentivos para fábricas inteligentes, como subsídios de até RMB 3 milhões para modernização industrial.
A SHEIN também está expandindo sua infraestrutura logística. Recentemente, foi inaugurado o "Parque Industrial de Inteligência da Baía de SHEIN", em Guangdong, e novos centros estão em construção, com investimentos que ultrapassam RMB 10 bilhões. A iniciativa visa criar um centro de distribuição global integrado, combinando operações, armazenagem e envio automatizado.
Um estudo do Boston Consulting Group destaca que a eficiência na cadeia de suprimentos é essencial para atender às novas demandas do mercado de moda. A SHEIN, pioneira no modelo digital DTC (direct-to-consumer), tem utilizado sua capacidade tecnológica para desenvolver um sistema de produção flexível, baseado em pequenos pedidos e resposta rápida.
O avanço da digitalização na indústria têxtil chinesa demonstra que a tecnologia é o caminho para aumentar a competitividade e otimizar processos produtivos. Com um modelo baseado em inovação e eficiência, a produção sob demanda se firma como uma tendência para o futuro da moda.