Latam: companhia já tem 40% do mercado (Victor Moriyama/Bloomberg)
Repórter Exame IN
Publicado em 11 de junho de 2025 às 18h21.
Última atualização em 11 de junho de 2025 às 19h50.
Enquanto a Gol acaba de emergir de uma recuperação judicial e a Azul entra no seu próprio Chapter 11, a Latam tem surfado na fraqueza das concorrentes e abocanhado mais fatias de mercado.
Num setor de margens apertadas e custos elevados, tudo pode mudar de uma hora para a outra, praticamente na mesma velocidade das aeronaves. Mas a companhia chileno-brasileiro, que recorreu à recuperação judicial muito antes, em 2021, tem se consolidado como a grande vencedora na região no pós-pandemia.
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“Em meio a uma dinâmica desafiadora, com os concorrentes locais enfrentando problemas de gestão de passivos e altos níveis de endividamento, a Latam parece se beneficiar de sua estrutura de custos vantajosa e de uma execução forte desde a saída do Chapter 11, que lhe conferiram uma base sólida para competir”, escreveram os analistas do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME) em relatório.
Os números deixam claro o cenário: a participação de mercado da Latam no Brasil cresceu para 40% em abril de 2025, um aumento significativo em relação aos 33% registrados em 2021, segundo dados da Anac.
A Gol manteve seu share, de 31% em 2021 ante 30% em abril de 2025, enquanto a Azul viu sua participação cair de 35% para 30% no mesmo período.
A mudança no mercado é reflexo de uma alocação de capacidade mais eficiente e da recuperação da demanda nas principais rotas domésticas, áreas onde a Latam tem se mostrado imbatível.
"Com uma base de usuários cada vez mais fiel e uma política de capacidade bem ajustada, a Latam está conseguindo capturar a maior parte da demanda, mesmo com a competição acirrada."
A empresa não só tem defendido sua posição como líder no mercado doméstico, mas também vem ampliando sua presença nas rotas internacionais, diz o banco.
A Azul, por sua vez, acaba de revisar para baixo seus planos de crescimento depois de entrar com um pedido de reestruturação via Chapter 11 nos Estados Unidos. A companhia sinalizou expectativas mais conservadoras para os próximos anos e reduziu sua frota planejada de 201 a 218 aeronaves para 2025 e 2027, respectivamente, para 170 e 172.
Já a Gol, que recentemente concluiu seu processo de recuperação judicial, segue com uma alavancagem considerável, o que preocupa investidores.
Ao mesmo tempo que vem aumentando a capacidade, a Latam, por sua vez, também está reduzindo custos. A companhia segue um plano de modernização de suas aeronaves, priorizando modelos mais eficientes e sustentáveis, o que contribui para a competitividade. Essa estratégia tem se mostrado crucial para melhorar a rentabilidade, que continua a manter uma margem sólida e expectativas de lucro em alta.
Mas, apesar da boa execução, a Latam ainda enfrenta desafios. A volatilidade econômica, a instabilidade política e a pressão sobre os custos operacionais podem afetar o desempenho da companhia no curto prazo. "Estamos atentos ao risco, embora o posicionamento da Latam seja claramente o mais forte no momento", diz a equipe liderada por Lucas Marquiori.
A empresa, que recentemente ajustou suas projeções financeiras, tem agora uma visão mais otimista para 2025, com uma expectativa de crescimento de 10% nas receitas, além de continuar com um controle rigoroso sobre os custos. Para o BTG, as medidas adotadas pela Latam têm potencial para consolidar sua liderança.
“A Latam, ao contrário de seus concorrentes, consegue alavancar sua posição de liderança em um mercado em recuperação, e isso é um dos maiores diferenciais competitivos que ela possui hoje”, concluem os analistas.