Grifo de Ruppell: ave pode chegar a abutre africano é o detentor do recorde de voo mais alto conhecido ( Ian Dyball/Getty Images)
Repórter
Publicado em 16 de junho de 2025 às 15h46.
A maioria das aves não alcança grandes altitudes. Na verdade, algumas espécies, como a ema e o casuar, sequer voam. Elas possuem asas, mas estas são apenas estruturas vestigiais, ou seja, remanescentes de seus ancestrais voadores, sem função prática. A evolução foi ainda mais radical nas moas da Nova Zelândia, que eram completamente desprovidas de asas.
Entretanto, algumas aves possuem habilidades especiais que as permitem voar a grandes altitudes. Embora isso possa parecer uma simples escolha, trata-se de um processo complexo. Voar em grandes altitudes exige uma grande eficiência tanto nos movimentos quanto na produção de energia.
Uma pesquisa publicada no Journal of Experimental Biology aponta que aves adaptadas a grandes altitudes desenvolveram características únicas, como padrões respiratórios mais eficazes, pulmões maiores e sangue com maior afinidade pelo oxigênio.
Essas modificações permitem que as aves "otimizem a captação, circulação e uso do oxigênio durante a hipóxia, ou seja, a falta de oxigênio em grandes altitudes".
Além disso, aves que voam em grandes altitudes tendem a possuir asas maiores do que aquelas que voam a altitudes mais baixas. Isso possibilita que elas planem com menor gasto energético.
Diversos estudos identificaram aves que são capazes de planar a mais de 6.000 metros de altitude. O grifo de Ruppell é a espécie que detém o recorde de voo mais alto.
Grifo de Ruppell (mais de 11.200 metros)
Este abutre africano é o detentor do recorde de voo mais alto conhecido. Um grifo de Ruppell colidiu com uma aeronave comercial sobre a África Ocidental a 11.200 metros, superando a altitude de cruzeiro da maioria dos aviões comerciais. A espécie é extremamente adaptada para altitudes elevadas, com hemoglobina que se liga ao oxigênio de maneira mais eficiente do que a de quase todas as outras aves. Utilizando técnicas de voo planado, esses abutres percorrem grandes distâncias em busca de carniça, aproveitando as correntes térmicas ascendentes para se manter no ar com o mínimo gasto energético.
Ganso-de-cabeça-barrada (mais de 8.200 metros)
Conhecidos pelas migrações desafiadoras sobre o Himalaia, incluindo o Monte Everest, os gansos-de-cabeça-barrada já foram observados voando a altitudes superiores a 8.200 metros durante suas migrações sazonais entre a Ásia Central e o subcontinente indiano. Com grande capacidade pulmonar e músculos altamente eficientes no uso de oxigênio, esses gansos podem bater as asas continuamente, mesmo em ambientes com baixo oxigênio.
Gralha-alpina (mais de 7.600 metros)
Membro da família dos corvos, a gralha-alpina habita regiões montanhosas da Europa, Norte da África e Ásia. Embora não seja migratória como o ganso-de-cabeça-barrada, essa espécie forrageia e nidifica regularmente em altitudes elevadas. Há registros de gralhas-alpinas voando a mais de 7.600 metros. Suas asas fortes e curvas, junto com seu estilo de voo acrobático, facilitam a navegação por terrenos acidentados, aproveitando as correntes térmicas ascendentes que encontram nos penhascos alpinos.
Cisne-bravo (mais de 7.600 metros)
Os cisnes-bravos, conhecidos por seus característicos chamados semelhantes a trombetas, são migrantes de longa distância. Esses cisnes foram avistados por pilotos a altitudes superiores a 7.600 metros durante suas migrações transcontinentais entre a Europa e a Ásia. Apesar de seu porte grande, suas asas fortes e corpos aerodinâmicos permitem que voem longas distâncias em grandes altitudes. Eles frequentemente viajam em formações em V, o que melhora a eficiência aerodinâmica e economiza energia do bando.
Águia-das-estepes (mais de 7.300 metros)
A águia-das-estepes, uma ave de rapina das planícies da Ásia Central, é uma excelente planadora. Ela aproveita as correntes térmicas ascendentes para atingir grandes altitudes. Suas asas largas e visão aguçada tornam-na uma caçadora eficiente, capaz de detectar presas a longas distâncias. Suas migrações de longa distância as levam através de regiões montanhosas, onde os voos a grandes altitudes são essenciais para sua sobrevivência.
Abutre-barbudo (mais de 7.300 metros)
O abutre-barbudo, encontrado em regiões montanhosas da Europa ao Himalaia, é conhecido por suas habilidades de voo em grandes altitudes, tendo sido registrado a até 7.300 metros. Suas asas longas e estreitas e sua estrutura leve facilitam a manobra no ar rarefeito. Além disso, essa espécie é famosa por se alimentar de medula óssea, deixando cair grandes ossos de alturas para quebrá-los nas rochas.
Garça-de-demoiselle (mais de 7.300 metros)
Apesar de sua aparência delicada, as garças-demoiselle são migrantes resilientes. Todos os anos, elas realizam uma jornada sobre o Himalaia, indo para seus locais de inverno na Índia. Durante esse trajeto, já foram observadas a altitudes superiores a 7.300 metros, enfrentando ventos fortes, baixas temperaturas e níveis reduzidos de oxigênio.