Donald Trump e Xi Jinping: líder chinês critica postura sobre Taiwan e pede avanço em acordos com os EUA. (ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP)
Repórter
Publicado em 25 de novembro de 2025 às 06h52.
O presidente da China, Xi Jinping, abordou a questão de Taiwan em conversa telefônica com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, realizada nesta segunda-feira, 24.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores chinês, Xi destacou que o tema permanece central para Pequim e afirmou a necessidade de aproveitar a trégua comercial firmada entre os dois países após o encontro realizado na Coreia do Sul em outubro.
A China reivindica Taiwan como parte do seu território e não descarta o uso da força para retomar a ilha, que enfrenta pressão militar, econômica e diplomática.
Xi afirmou que a reunificação da ilha “é parte integral da ordem internacional do pós-guerra”, conforme entendimento firmado, segundo Pequim, durante a atuação conjunta de China e Estados Unidos contra “o fascismo e o militarismo”.
Já Trump informou que houve um progresso na conversa entre ambos os lados. "Agora podemos focar no panorama geral. Para esse fim, o Presidente Xi me convidou para visitar Pequim em abril, convite que aceitei, e retribuí o convite, sendo meu convidado para uma visita de Estado aos EUA no ano que vem. Concordamos que é importante mantermos uma comunicação frequente, o que espero fazer", declarou o presidente americano em uma publicação na rede social Truth Social.
Trump também detalhou que, durante a conversa, foram discutidos diversos tópicos como as negociações pela paz entre Ucrânia e Rússia, compra e venda de soja e outras commodities.
"Discutimos muitos tópicos, incluindo Ucrânia/Rússia, fentanil, soja e outros produtos agrícolas etc. Fizemos um bom e muito importante acordo para nossos agricultores — e ele só tende a melhorar. Nossa relação com a China é extremamente forte! Esta ligação foi uma continuação de nossa reunião muito bem-sucedida na Coreia do Sul, há três semanas".
O primeiro-ministro taiwanês, Cho Jung-tai, respondeu às declarações de Xi e reiterou que a ilha “é um Estado plenamente soberano” e que “não existe a opção de devolução”. A tensão aumentou após comentários da primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, que sugeriu no início do mês que o Japão poderia intervir militarmente caso Taiwan fosse atacada.
Embora os Estados Unidos não reconheçam oficialmente Taiwan como um Estado independente, Washington permanece como principal aliado da ilha e seu maior fornecedor de armas.
Após a ligação, Trump elogiou as “relações extremamente sólidas” entre EUA e China, sem mencionar Taiwan diretamente.
Segundo a chancelaria chinesa, Trump afirmou a Xi que os Estados Unidos “entendem a importância da questão de Taiwan para a China”. O presidente americano confirmou que visitará a China em abril e que Xi realizará visita a Washington em 2026.
A primeira-ministra japonesa disse ter falado com Trump após a ligação para discutir a situação no Indo-Pacífico e o fortalecimento da parceria entre Japão e Estados Unidos.
O contato telefônico ocorreu após uma reunião em outubro, quando os dois líderes concordaram em reduzir tensões na guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo. A disputa envolvia tarifas portuárias, exportações de soja e o comércio de minerais críticos.
No acordo provisório, Pequim aceitou suspender por um ano algumas restrições à exportação de minerais considerados estratégicos para os setores de tecnologia e defesa.
Washington, por sua vez, anunciou redução de tarifas sobre produtos chineses, enquanto a China se comprometeu a comprar 12 milhões de toneladas de soja americana até o fim do ano e 25 milhões em 2026.
Xi disse a Trump que os dois países devem “manter o impulso” alcançado no encontro. Trump declarou que houve “avanços significativos” na manutenção dos acordos e afirmou que agora é possível “fixar o olhar no panorama geral”.
Os dois líderes também discutiram a guerra na Ucrânia. Para Washington, o fim do conflito é prioridade, e o governo Trump pressiona por um novo acordo que, segundo críticos, atenderia a demandas russas.
A China mantém posição declarada de neutralidade e, segundo o Ministério das Relações Exteriores, Xi reiterou a defesa de uma solução negociada. O conflito se aproxima de quatro anos de duração.
*Com informações da AFP