Fundada por Peter Thiel e Alex Karp, a Palantir é conhecida por sua parceria com o governo dos EUA, incluindo o setor militar e agências de inteligência, além de clientes comerciais (Divulgação/Divulgação)
Redator
Publicado em 18 de agosto de 2025 às 11h35.
Algumas das startups mais comentadas do Vale do Silício têm algo em comum: seus líderes trabalharam na Palantir. Aproveitando a rede de ex-executivos e engenheiros da empresa, eles buscam financiamento, contratações e apoio estratégico. Até fundos de capital de risco foram criados para investir em empreendimentos liderados por ex-Palantir.
Fundada por Peter Thiel e Alex Karp, a Palantir é conhecida por sua parceria com o governo dos EUA, incluindo o setor militar e agências de inteligência, além de clientes comerciais. Nos últimos 12 meses, as ações da empresa subiram mais de 600%. Impulsionada por contratos governamentais, a Palantir recentemente ultrapassou pela primeira vez a marca de US$ 1 bilhão em receita trimestral.
De acordo com o Wall Street Journal, o networking entre seus ex-funcionários é intenso, com grupos de WhatsApp, encontros sociais e eventos exclusivos para manter conexões e fomentar novas iniciativas. Em conversas, eles se referem a si mesmos como parte de uma “máfia”, um ecossistema que transforma engenheiros em fundadores, operadores e investidores, perpetuando a influência tecnológica em startups do Vale do Silício.
Além de sua experiência na Palantir e da rede de contatos, os ex-funcionários replicam como grande atrativo a estratégia forward-deployed engineering. O termo, descrito pelo jornal como uma versão pomposa de "consultoria", envolve enviar engenheiros diretamente aos clientes — de cidades comuns a zonas de conflito — para resolver problemas complexos com suas habilidades tecnológicas.
Essa experiência pregressa molda muitos ex-funcionários que fundaram ou estão liderando startups do Vale do Silício. Atualmente, mais de 350 empresas surgiram ou são comandadas por ex-Palantir. Destas, pelo menos uma dúzia já ultrapassou US$ 1 bilhão em avaliação, segundo Luba Lesiva, ex-chefe de relações com investidores da Palantir e agora à frente do fundo Palumni VC, criado para investir em iniciativas de ex-empregados da empresa.
Apesar de a associação com a Palantir gerar controvérsias — especialmente devido aos contratos governamentais envolvidos, no monitoramento de imigração e na deportação de imigrantes —, ex-funcionários valorizam a experiência adquirida na empresa e o aprendizado sobre como gerenciar negócios complexos.
Entre os exemplos mais notáveis está a Anduril Industries, fundada por três ex-executivos da Palantir, que desenvolve sistemas para defesa nacional e foi avaliada em US$ 30,5 bilhões em junho deste ano.
Barry McCardel, por sua vez, trabalhou quatro anos como engenheiro forward-deployed, antes de fundar a Hex Technologies, em 2019. Já Nick Noone, que coordenou projetos militares especiais na Palantir por cinco anos, aplicou o modelo de sucesso em sua startup Peregrine Technologies. Depois de ajudar departamentos de polícia a resolverem crimes, no começo deste ano, ela conquistou contratos federais e chegou a uma avaliação de US$ 2,5 bilhões.
Outro exemplo é Cobi Blumenfeld-Gantz, que, após seis anos em projetos militares e agrícolas na Palantir, cofundou a Chapter, uma empresa de tecnologia voltada para o setor de saúde, agora avaliada em US$ 1,5 bilhão. Enquanto isso, Pratap Ranade usou sua vivência na Palantir para fundar a Arena, uma startup que desenvolve software de IA para ajudar engenheiros de hardware a testar e reparar máquinas de forma inovadora.
Assim, esses exemplos ilustram o tamanho e as ramificações da influência da Palantir no atual cenário político e tecnológico dos EUA. Enquanto a empresa é uma das que mais tem ganhado com a proximidade da administração Trump, sua “máfia” aproveita a experiência e os contatos para moldar o futuro do Vale do Silício.