Inteligência Artificial

Anticorpos criados com IA podem acelerar descoberta de novos medicamentos

Desenvolvida por pesquisadores da Universidade de Washington, ferramenta promete reduzir processo de meses para semanas e eliminar testes em animais, mas eficácia ainda precisa ser comprovada em tratamentos reais

Anticorpos são proteínas-chave no sistema imunológico e amplamente utilizados no desenvolvimento de tratamentos contra câncer, coronavírus e outras doenças (KATERYNA KON/SCIENCE PHOTO LIBRARY/Getty Images)

Anticorpos são proteínas-chave no sistema imunológico e amplamente utilizados no desenvolvimento de tratamentos contra câncer, coronavírus e outras doenças (KATERYNA KON/SCIENCE PHOTO LIBRARY/Getty Images)

Publicado em 6 de novembro de 2025 às 10h11.

Pesquisadores da Universidade de Washington, nos EUA, usaram um modelo de inteligência artificial generativa para criar do zero novos anticorpos funcionais – um avanço que pode acelerar etapas iniciais do desenvolvimento de medicamentos. Os resultados foram publicados nesta quarta-feira, 5, na revista científica Nature.

O trabalho foi liderado por David Baker, co-vencedor do Prêmio Nobel de Química de 2024 por sua atuação no design computacional de proteínas. Naquele ano, a premiação foi dividida com Demis Hassabis e John Jumper, do Google DeepMind. Segundo Baker, o avanço representa uma mudança significativa: “Estamos passando de métodos aleatórios e evolutivos para o design racional de moléculas”, disse.

Anticorpos são proteínas-chave no sistema imunológico e amplamente utilizados no desenvolvimento de tratamentos contra câncer, coronavírus e outras doenças. No entanto, hoje, a descoberta de novos anticorpos exige testes em animais e meses de tentativas e erros para encontrar respostas eficazes.

Batizada de RFantibody, a ferramenta é uma adaptação de outro modelo de IA do mesmo laboratório, ajustado com dados específicos sobre anticorpos. Ela é capaz de sugerir quais moléculas devem ser levadas ao laboratório para testes. Com a nova abordagem, o processo de descoberta pode ser encurtado para algumas semanas e sem uso de testes em animais.

Design preciso para combater o câncer

No estudo, os cientistas conseguiram criar anticorpos que se ligaram com sucesso a proteínas associadas a células cancerígenas. Segundo Joe Watson, coautor da pesquisa, a precisão é fundamental, já que, às vezes, a diferença entre uma célula normal e um tumor é uma única proteína. Com a IA, “podemos dizer ao modelo exatamente onde queremos que o anticorpo atue”, explicou.

Ainda será necessário validar se os anticorpos gerados são eficazes em tratamentos reais, mas o uso de IA já mostra potencial para transformar o setor farmacêutico. Outras etapas, no entanto, como testes clínicos e aprovações regulatórias, não serão aceleradas por essa ferramenta.

Acompanhe tudo sobre:Inteligência artificialCâncerCoronavírus

Mais de Inteligência Artificial

Agentes de IA de OpenAI e Google falham quando recebem muitas tarefas

China vai vencer os EUA em guerra da IA, diz Jensen Huang, da Nvidia

Lu, do Magalu, ganha 'cérebro com IA' e vira vendedora dentro do WhatsApp

Amazon processa Perplexity por IA que faz compras em nome de usuários