Inteligência Artificial

As respostas das IAs mudam de acordo com o idioma das perguntas?

Experimento analisa como diferentes idiomas influenciam nas respostas das inteligências artificiais, revelando uma postura consistente de valores seculares e culturalmente liberais, com algumas variações sutis

A análise sugere que, embora as IAs possam ser influenciadas pelo treinamento, elas mantêm uma postura que reflete as principais tendências da internet moderna

A análise sugere que, embora as IAs possam ser influenciadas pelo treinamento, elas mantêm uma postura que reflete as principais tendências da internet moderna

Publicado em 22 de outubro de 2025 às 13h47.

O impacto do idioma nas respostas de sistemas de inteligência artificial tem sido uma questão de debate crescente. Já há bastante evidência de que as IAs estão moldando a escrita e a linguagem ao redor do mundo, mas será que a língua em que uma pergunta é feita resulta em respostas diferentes?

Para explorar essa influência, Kelsey Piper, do site The Argument, conduziu um experimento em que 15 questões foram feitas três vezes a diferentes modelos de IA, incluindo ChatGPT (OpenAI), Claude Sonnet (Anthropic) e a chinesa DeepSeek, em várias línguas: inglês, francês, espanhol, árabe, hindi e chinês. O objetivo? Analisar se o idioma em que a pergunta é feita afeta as respostas, em um fenômeno comparável à hipótese Sapir-Whorf, que sugere que a língua molda a forma de pensar.

Os resultados revelaram algo surpreendente: embora haja algumas variações, os modelos de IA demonstram uma impressionante consistência em suas respostas, independentemente do idioma. Isso provavelmente ocorre porque grandes modelos de linguagem (LLMs) são treinados em vastas quantidades de dados, sem a aprendizagem experiencial e contextual que molda os seres humanos.

Em questões como igualdade de gênero e violência doméstica, por exemplo, as respostas foram uniformes, com todas as IAs condenando a violência em qualquer contexto e defendendo direitos igualitários. Nesse sentido, elas são até mais consistentes do que os humanos, já que as respostas a essas perguntas provavelmente apresentariam variações dependendo do local, idioma ou pessoa a quem fossem feitas.

Ao final, a conclusão resumida da autora desse estudo, feito por uma cidadã e moradora dos EUA, é que, com algumas exceções e variações, as IAs são, em geral, seculares e liberais, no sentido dos valores ocidentais – inclinações econômicas não foram analisadas por ela.

Diferenças sutis

No entanto, algumas diferenças sutis também surgiram, principalmente em questões mais abertas ou culturais. Quando questionados sobre as qualidades que os filhos devem ter, as respostas variaram de acordo com o idioma, refletindo nuances culturais. Ainda assim, elas tendiam a enfatizar valores como independência e respeito, mesmo em idiomas distantes do ocidente, como o chinês.

Ao final, o que mais se destacou foi a notável uniformidade nas respostas sobre questões sociais, como a aceitação de diferentes orientações sexuais. Independentemente do idioma, as IAs incentivaram os pais a aceitarem e apoiarem filhos LGBTQIAPN+, por exemplo.

Assim, a análise sugere que, embora as IAs possam ser influenciadas pelo idioma e o treinamento, elas mantêm uma postura que reflete as principais tendências da internet moderna, pois foram treinadas com grandes quantidades de dados provenientes dessa mesma rede.

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