Inteligência Artificial

‘Assombrado’: CEO da Microsoft teme futuro da empresa na era da IA

Satya Nadella alerta que até negócios históricos da empresa podem se tornar irrelevantes na nova era

Satya Nadella: CEO da Microsoft se diz 'assombrado' por história de fracasso de empresa americana (Leandro Fonseca/Exame)

Satya Nadella: CEO da Microsoft se diz 'assombrado' por história de fracasso de empresa americana (Leandro Fonseca/Exame)

Publicado em 22 de setembro de 2025 às 07h51.

Última atualização em 22 de setembro de 2025 às 12h02.

Para Satya Nadella, CEO da Microsoft (MSFT), o maior risco para a empresa não está nos concorrentes — mas na própria complacência da empresa frente à revolução da inteligência artificial.

Durante um encontro fechado com funcionários, ele afirmou estar “assombrado” pela história da americana Digital Equipment Corporation (DEC), gigante dos anos 1970 que desapareceu após errar em decisões estratégicas e perder relevância no mercado.

“Alguns dos maiores negócios que construímos talvez não tenham mais espaço no futuro”, disse o executivo, segundo o site de tecnologia The Verge. Nadella relembrou que seu primeiro computador foi um VAX, da DEC, e que sonhava em trabalhar na empresa até vê-la ruir. “Tudo o que amamos por 40 anos pode deixar de importar.”

O dilema da reinvenção em tempos de IA

O alerta de Nadella ocorre em meio à maior transformação estratégica da Microsoft em anos. Em 2025, a empresa cortou mais de nove mil funcionários, ao mesmo tempo em que destina bilhões de dólares à construção de data centers voltados para IA.

Internamente, funcionários relatam queda de moral, medo constante de demissões e uma cultura mais fria e rígida. Enquanto isso, o foco da liderança está na tentativa de reposicionar a Microsoft como líder da nova era tecnológica, mesmo que isso implique deixar para trás produtos como Word, Excel e PowerPoint — ainda hoje responsáveis por cerca de 20% da receita anual.

A concorrência também pressiona. Elon Musk, em tom provocativo, anunciou recentemente o projeto “Macrohard” — uma sátira à Microsoft — e sugeriu que empresas de software poderiam ser simuladas inteiramente por IA.

Parcerias instáveis

Outro ponto de tensão é a relação com a OpenAI, parceira estratégica da Microsoft. As duas empresas assinaram um memorando preliminar para um novo acordo, mas ainda negociam os termos definitivos. A OpenAI, que busca abrir capital, precisa da aprovação da Microsoft, mas também exige maior capacidade computacional. E a gigante de Redmond parece ter dificuldades em entregar no ritmo necessário.

Mesmo com as incertezas, a Microsoft planeja investir até US$ 80 bilhões em infraestrutura de IA nos próximos anos, superando os aportes previstos por Google e Meta.

Em paralelo, nomes estratégicos como Charles Lamanna e Pavan Davuluri foram promovidos a presidentes de suas divisões. A IA também começa a aparecer em produtos como Notepad, Paint, Xbox e Visual Studio Code — este último, inclusive, priorizando os modelos da Anthropic, como o Claude Sonnet 4, em detrimento da OpenAI.

 “O importante não é proteger o passado, e sim vencer o que está por vir”, disse Nadella.

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