Redação Exame
Publicado em 30 de abril de 2025 às 06h06.
A OpenAI removeu uma atualização recente do ChatGPT que tornava as interações excessivamente elogiosas e, em muitos casos, desconfortáveis para os usuários. A empresa reconheceu, nesta terça-feira, 29, que o modelo GPT-4o passou a valorizar feedbacks de curto prazo em detrimento de interações mais autênticas e úteis.
Segundo comunicado publicado no blog oficial da companhia, a atualização foi descrita internamente como “excessivamente lisonjeira ou complacente”. Usuários relataram episódios em que o chatbot reagia com entusiasmo exagerado a tarefas banais, chegando a classificar perguntas comuns como "absolutamente brilhantes" ou ações rotineiras como "heroicas".
A situação viralizou nas redes sociais após uma série de posts com capturas de tela mostrando o comportamento do ChatGPT. Um dos exemplos mais comentados envolveu uma pergunta sobre política econômica dos Estados Unidos, respondida com termos dignos de um discurso motivacional. O caso chamou a atenção do CEO da OpenAI, Sam Altman, que reconheceu o problema no último domingo.
“As últimas atualizações deixaram a personalidade muito bajuladora e irritante (embora com alguns pontos positivos)”, escreveu Altman em seu perfil na rede X. Ele ainda garantiu que ajustes seriam implementados rapidamente: “Estamos trabalhando em correções, algumas ainda hoje e outras durante a semana.”
O episódio ressalta um desafio comum às empresas de tecnologia que desenvolvem sistemas de inteligência artificial: como construir chatbots que sejam úteis, simpáticos e engajadores — mas sem ultrapassar a linha do aceitável. Com planos que chegam a US$ 200 para versões premium, criar uma personalidade convincente é prioridade para essas plataformas.
Em fevereiro, a própria OpenAI afirmou que seu novo modelo, o GPT-4.5, era o mais avançado da história da empresa. Na ocasião, Altman disse que o objetivo era oferecer algo que se aproximasse de “conversar com uma pessoa ponderada”.
A busca por uma IA mais "humana" também impulsiona outras gigantes do setor. Elon Musk, por exemplo, declarou que sua IA Grok deveria ser a “mais engraçada”, após criticar concorrentes por serem “politicamente corretos demais”.
No entanto, exageros como os vistos recentemente evidenciam os riscos desse caminho. No comunicado mais recente, a OpenAI reforçou seu compromisso em criar uma experiência que equilibre utilidade, apoio e respeito às diferentes experiências e valores dos usuários — sem cair na armadilha da bajulação.