Inteligência Artificial

China acelera uso militar da IA com chips da Huawei e modelos da DeepSeek

Veículo autônomo da estatal Norinco e licitações por cães-robôs mostram como Pequim busca equiparar sua capacidade bélica à dos EUA com apoio de tecnologia nacional

Um porta voz do Departamento de Estado dos EUA afirmou que a DeepSeek “voluntariamente forneceu — e provavelmente continuará a fornecer — apoio a operações militares e de inteligência chinesas (AFP/AFP)

Um porta voz do Departamento de Estado dos EUA afirmou que a DeepSeek “voluntariamente forneceu — e provavelmente continuará a fornecer — apoio a operações militares e de inteligência chinesas (AFP/AFP)

Publicado em 27 de outubro de 2025 às 09h34.

O uso da inteligência artificial pela China em aplicações militares é motivo de preocupação nos EUA — tanto que é parte dos argumentos que sustentam as restrições à exportação de chips da Nvidia ao país asiático. Ainda assim, segundo a Reuters, Pequim está avançando na integração de modelos da DeepSeek e processadores da Huawei, ambas empresas chinesas, apesar de continuar buscando e utilizando tecnologia norte-americana.

Em fevereiro deste ano, por exemplo, a estatal de defesa Norinco apresentou o veículo militar P60, capaz de operar de forma autônoma em missões de apoio ao combate a até 50 km/h. O sistema é alimentado por tecnologia de IA da DeepSeek, o que foi promovido por autoridades do Partido Comunista Chinês (PCCh) como parte da estratégia de equiparação militar com os EUA.

Nesse contexto de ampliação do uso da IA para finalidades bélicas, a Reuters revisou centenas de artigos científicos, patentes e avisos de compra do setor militar chinês, concluindo que o país está, de fato, sistematizando sua aposta em IA para vantagem no campo de batalha.

Embora o grau de uso seja mantido sob sigilo, os documentos sugerem avanços em reconhecimento autônomo de alvos e suporte a decisões em tempo real — em linha com os esforços também feitos por Washington.

Os registros analisados também indicam que o Exército de Libertação Popular (ELP) e instituições associadas seguem mencionando o uso e a busca por chips da Nvidia — incluindo modelos sob controle de exportação dos EUA. A Reuters, no entanto, não conseguiu verificar se os componentes foram adquiridos antes das restrições.

Paralelamente, há crescimento no uso de processadores domésticos, como os da Huawei. Em 2025, aumentou o número de contratos com fornecedores que alegam usar exclusivamente hardware nacional, em sintonia com o plano de soberania tecnológica promovido por Pequim.

Outras iniciativas vistas nos documentos incluem o uso de sistemas com IA para analisar 10.000 cenários de combate em 48 segundos — frente às 48 horas exigidas por métodos tradicionais – e licitações para cães-robôs e enxames de drones, ambos baseados em IA, com pouca ou nenhuma necessidade de intervenção humana.

EUA reconhecem uso militar da DeepSeek

DeepSeek, Huawei, Norinco e o Ministério da Defesa da China não responderam aos questionamentos da Reuters. Já governo dos EUA reconheceu o uso da DeepSeek em operações militares e de inteligência chinesas. Um porta‑voz do Departamento de Estado afirmou que a empresa “voluntariamente forneceu — e provavelmente continuará a fornecer — apoio a essas operações”.

Ele acrescentou que Washington “vai adotar uma estratégia ousada e inclusiva para a tecnologia de IA norte-americana com países aliados ao redor do mundo, enquanto mantém essa tecnologia fora do alcance de seus adversários”.

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