Inteligência Artificial

Comissão consultiva da OpenAI recomenda manutenção do controle por organização sem fins lucrativos

Relatório propõe que desenvolvedora do ChatGPT continue sendo gerida de maneira democrática e transparente, com foco em inclusão e desenvolvimento social, enquanto a empresa lida com questões de governança e sua parceria com a Microsoft

Sam Altman: CEO da OpenAI (JASON REDMOND/Getty Images)

Sam Altman: CEO da OpenAI (JASON REDMOND/Getty Images)

Publicado em 21 de julho de 2025 às 09h58.

Sam Altman está cada vez mais próximo de Donald Trump, enquanto a OpenAI desempenha um papel crescente nos planos do governo dos EUA para manter a liderança na corrida global por inteligência artificial e na definição dos rumos do desenvolvimento dessa tecnologia.

Nesse cenário, um relatório da comissão consultiva da OpenAI, divulgado na quinta-feira, 17, recomenda que a empresa continue sendo controlada por uma organização sem fins lucrativos. O documento argumenta que a tecnologia de IA em desenvolvimento é "muito importante" para ser governada apenas por uma corporação e que deve ser regulamentada de maneira democrática e transparente.

Por isso, a comissão defende que OpenAI não deve ser entregue a um único setor — privado ou público —, mas gerida por um “setor comum”, que permita a participação democrática. Daniel Zingale, presidente da comissão e ex-assessor de governadores da Califórnia, destacou a necessidade de garantir que as comunidades impactadas pela IA tenham voz no desenvolvimento dessas tecnologias, especialmente em relação ao uso de dados.

Além disso, foi sugerido que a OpenAI forneça recursos significativos para o interesse público, como parte de seu compromisso com a inclusão social e a educação em IA. Uma das propostas é a criação de um fundo de resposta rápida, voltado para áreas como saúde, arte e teatro. Também foi recomendado que a organização sem fins lucrativos seja liderada por uma pessoa humana, o que, para Zingale, é uma recomendação séria e um “sinal dos tempos”.

Embora as recomendações não sejam vinculativas, a comissão oferece um modelo de governança que pode ser utilizado para avaliar a OpenAI no futuro. O grupo inclui personalidades como Dolores Huerta, ativista de direitos trabalhistas, e visa garantir que as decisões sobre IA envolvam as comunidades de maneira mais inclusiva.

Estrutura da OpenAI

Criada em 2015 como um laboratório de pesquisa sem fins lucrativos, a estrutura da OpenAI continua a ser motivo de grande controvérsia. Após um período conturbado, que incluiu a saída temporária de Sam Altman como CEO em 2023, a empresa anunciou que a parte lucrativa de suas atividades seria transformada em uma corporação de benefício público, buscando equilibrar interesses financeiros e sociais.

Elon Musk, cofundador da empresa, acusa a desenvolvedora do ChatGPT de ter se afastado de sua missão original de desenvolver IA para o benefício da humanidade, em prol de fins lucrativos. Por sua vez, a OpenAI argumenta que a mudança na estrutura é necessária para atrair investidores interessados na participação acionária.

Alterações na estrutura corporativa, entretanto, dependem ainda do aval da Microsoft, sua parceira estratégica. Isso motivou uma crise na relação das duas, a qual envolve também questões de propriedade intelectual e autonomia estratégica.

Embora tenha garantido que a fundação sem fins lucrativos continuará no comando, o futuro da OpenAI e sua posição na corrida global por IA ainda permanecem incertos.

Acompanhe tudo sobre:Inteligência artificialOpenAIMicrosoft

Mais de Inteligência Artificial

O novo poder de Sam Altman: líder da OpenAI vira pivô da disputa entre EUA e China pela IA

Trump prepara ordem executiva contra 'IA woke' e busca neutralidade nos contratos federais

Lovable vale US$ 1,8 bi e mira o Brasil; ferramenta transforma qualquer pessoa em "dev" com IA

Musk é passado: como Sam Altman virou peça-chave na política de IA de Trump