Dario Amodei: CEO da Anthropic (Kimberly White/Getty Images)
Redator
Publicado em 22 de julho de 2025 às 10h02.
Em sua liderança na Anthropic, Dario Amodei está enfrentando um dilema ético que é motivo de desconforto para o CEO. Por um lado, a empresa precisa de investimentos massivos para se manter na competitiva corrida global pela inteligência artificial. Por outro, o capital necessário pode vir dos países do Golfo Pérsico, o que resultaria no enriquecimento de regimes autoritários.
Esse dilema foi compartilhado em uma mensagem interna de Amodei, obtida pela Wired. Nela, o CEO admite que a Anthropic está buscando investimentos dos Emirados Árabes Unidos (EAU) e do Catar. Embora reconheça os benefícios financeiros, ele também destaca as implicações éticas dessa decisão.
Apesar da oposição da Anthropic a regimes autoritários, a pressão por capital está fazendo cada vez mais difícil ignorar o investimento disponível no Oriente Médio e que tem jorrado em inúmeros tipos de negócios, desde IA até esportes. Por isso, a empresa está tentando limitar os riscos, focando em investimentos financeiros restritos, para evitar que esses investidores adquiram "poder suave" sobre suas decisões.
Amodei explicou que, ao buscar financiamento dos países do Golfo Pérsico, a Anthropic tenta equilibrar suas necessidades de capital com os princípios de evitar o uso indevido da IA para ganhos militares ou manipulação política. Ele se preocupa com a erosão de padrões éticos, pois o investimento em grandes data centers em países autoritários pode prejudicar a integridade da IA.
Apesar das críticas e do dilema, Amodei justificou a decisão, argumentando que os benefícios potenciais, como a melhoria da saúde humana e o desenvolvimento econômico, justificam a escolha. Para ele, embora a situação tenha desvantagens, ela é a melhor opção para a Anthropic neste momento.
Esse dilema ético também pode ser analisado à luz dos acordos de sua principal concorrente, a OpenAI, na região. A empresa será uma das principais locatárias do novo campus de data center de 5 gigatwatts que será construído em Abu Dhabi, capital dos EAU, que ambiciona se consolidar como hub de IA na região.
Com apoio do governo Trump, a construção da infraestrutura faz parte das iniciativas para manter a posição de liderança dos EUA e das empresas do país na corrida global da IA, especialmente em relação à China.