Nvidia e Microsoft ocupam posições distintas na cadeia de valor da IA: enquanto a primeira vende chips para desenvolver a tecnologia, o sucesso da segunda depende da implementação rápida da IA em seus serviços (Colaborador/Bloomberg)
Redator
Publicado em 7 de julho de 2025 às 14h00.
Última atualização em 7 de julho de 2025 às 14h21.
Nvidia e Microsoft podem em breve inaugurar o seletíssimo clube das empresas com capitalização de mercado de US$ 4 trilhões, um marco que destaca a ascensão da inteligência artificial e seu impacto no mercado de ações. Apesar disso, ambas possuem trajetórias distintas e enfrentam desafios próprios pela frente.
Por um lado, a Nvidia está prosperando graças à sua posição dominante na venda de chips para IA, sendo a grande beneficiada pela crescente demanda por infraestrutura para suportar a nova tecnologia. Por outro, a Microsoft, embora também em alta, enfrenta desafios mais complexos para garantir que sua aposta em IA se traduza em crescimento consistente e sustentável.
Nesse cenário, a Microsoft ocupa outra posição em relação à Nvidia na cadeia de valor da IA e seu sucesso dependerá da disposição de seus clientes, tanto empresariais quanto consumidores individuais, de pagarem mais por serviços baseados em IA. A gigante de Redmond acredita que a tecnologia se tornará uma ferramenta transformadora para empresas, assim como o Windows e os aplicativos de escritório se tornaram ao longo das últimas décadas.
Embora o valor da Microsoft tenha crescido US$ 1 trilhão em menos de três meses, seu futuro depende de um fator crucial: o tempo. Para justificar uma capitalização de mercado de US$ 4 trilhões, a empresa precisará implementar rapidamente a IA. No entanto, ela vem enfrentando algumas dificuldades internas.
Sua parceria com a OpenAI, que permitiu a integração do ChatGPT a seus produtos, vem passando por turbulências. Com planos para se tornar uma empresa com fins lucrativos, a OpenAI pode limitar o acesso da Microsoft à sua tecnologia no futuro, prejudicando a estratégia da parceira.
Além disso, a Microsoft também tem dificuldades em desenvolver seus próprios chips de IA, o que reduziria sua dependência da Nvidia. Recentemente, a empresa anunciou a demissão de mais 9 mil funcionários, somando-se aos 6 mil cortes realizados em maio, como parte de sua estratégia para aumentar a eficiência e intensificar os investimentos em IA.
Ainda que os serviços de IA na divisão de nuvem Azure tenham gerado US$ 11,5 bilhões no último ano fiscal – mais que o dobro do ano anterior –, essa quantia ainda representa apenas 4% das receitas totais da Microsoft. O sucesso a longo prazo dependerá de uma expansão significativa desse segmento, o que será essencial para garantir sua posição de liderança, mesmo 50 anos após sua fundação.
Já a Nvidia vive uma realidade mais binária. As vendas anuais da empresa cresceram mais de 10 vezes nos últimos três anos e a previsão é de que o crescimento continue a uma taxa de 32% ao ano nos próximos três. No entanto, a empresa também enfrenta riscos, como a possibilidade de que novas inovações tecnológicas diminuam a demanda por seus chips.
Em janeiro, a empresa perdeu cerca de 20% de seu valor de mercado após alegações de que a startup chinesa DeepSeek poderia desenvolver IA avançada sem a necessidade de gastar bilhões em chips da Nvidia. Além disso, restrições à exportação de tecnologia para o mercado chinês e a internalização do desenvolvimento de IA no país podem representar um duro golpe para a empresa, especialmente em um mercado estratégico de US$ 50 bilhões.