Inteligência Artificial

Dos contratos públicos ao avanço da IA: o que está por trás da ascensão da Palantir em 2025

Empresa supera US$ 1 bilhão em receita trimestral e lidera ranking das ações que mais subiram no S&P 500 em 2025; valuation elevado preocupa parte dos analistas

Palantir: empresa já vale mais que gigantes de tecnologia como Salesforce e Cisco (Divulgação/Divulgação)

Palantir: empresa já vale mais que gigantes de tecnologia como Salesforce e Cisco (Divulgação/Divulgação)

Publicado em 7 de agosto de 2025 às 05h41.

A empresa de software Palantir atingiu um marco histórico no segundo trimestre ao superar pela primeira vez a marca de US$ 1 bilhão em receita, um crescimento de 48% na comparação anual.

O desempenho, impulsionado pela forte demanda por soluções de inteligência artificial e novos contratos com o governo dos Estados Unidos, fez as ações dispararem até 10% nesta semana, renovando recordes e consolidando a empresa como a maior alta do S&P 500 em 2025.

Com avanço de 130% no ano, após já ter subido 340% em 2024, a Palantir agora figura entre as 20 companhias mais valiosas dos EUA, com valor de mercado acima de US$ 379 bilhões, superando gigantes do setor de tecnologia como IBM, Cisco e Salesforce.

Os números da Palantir

O lucro líquido no trimestre somou US$ 326,7 milhões, um salto de 144% em relação ao mesmo período do ano passado. O lucro por ação ajustado foi de US$ 0,16, superando a estimativa de US$ 0,14 compilada pela CNBC.

Já a receita com contratos governamentais subiu 53%, para US$ 426 milhões, apoiada por iniciativas do governo de Donald Trump para cortar custos e concentrar investimentos em IA.

Nos Estados Unidos, o faturamento total cresceu 68% em 12 meses, para US$ 733 milhões. A receita comercial doméstica dobrou, atingindo US$ 306 milhões. A companhia informou ter fechado 66 contratos acima de US$ 5 milhões e 42 acima de US$ 10 milhões, elevando o valor total contratado em 140%, para US$ 2,27 bilhões.

Com os resultados, a Palantir aumentou sua projeção de receita anual para um intervalo entre US$ 4,12 bilhões e US$ 4,15 bilhões — acima da previsão anterior, que ia até US$ 3,90 bilhões. A estimativa para o terceiro trimestre varia entre US$ 1,083 bilhão e US$ 1,087 bilhão.

Valorização e riscos

O CEO da Palantir, Alex Karp, afirmou em carta a investidores que a inteligência artificial está tendo um “impacto assombroso” sobre os negócios da companhia e que a empresa caminha para se tornar “a empresa de software dominante do futuro”.

Ele também agradeceu o apoio de investidores pessoa física, que seguem ativos em fóruns como o Reddit e respondem por volumes relevantes em corretoras como a Fidelity.

A disparada das ações, que acumulam alta de 130% no ano, beneficiou diretamente os principais executivos da empresa. A fortuna de Alex Karp dobrou em 2025, alcançando US$ 14,3 bilhões, segundo o Bloomberg Billionaires Index.

O cofundador Peter Thiel soma US$ 24 bilhões, enquanto o atual CTO, Shyam Sankar, entrou para o clube dos bilionários neste ano.

Apesar do forte desempenho financeiro e da empolgação dos investidores, analistas de bancos como Goldman Sachs, UBS, Mizuho e Citi mantêm recomendação neutra para as ações.

O principal motivo de cautela é o valuation: segundo a FactSet, a Palantir é negociada a 276 vezes os lucros projetados, o segundo múltiplo mais alto entre as 20 maiores empresas dos EUA, atrás apenas da Tesla.

Considerando os últimos 12 meses, o múltiplo preço/lucro (P/L) chega a quase 800 vezes — ou seja, os investidores estão pagando 800 dólares por cada 1 dólar de lucro.

Analistas alertam que esse nível de valorização só se sustenta com um ritmo de crescimento excepcional e constante; qualquer frustração nos resultados pode levar a correções abruptas.

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