(Reprodução)
Chief Artificial Intelligence Officer da Exame
Publicado em 16 de maio de 2025 às 16h33.
Última atualização em 16 de maio de 2025 às 16h35.
Desde o lançamento do ChatGPT, a ferramenta de inteligência artificial generativa da OpenAI se tornou onipresente em atividades pessoais e profissionais. Em janeiro de 2023, dois meses após chegar ao mercado, o serviço já tinha 100 milhões de usuários mensais, o aplicativo de crescimento mais rápido da história até então.
O ChatGPT também explodiu no Brasil. Apenas no mês de janeiro de 2024 dos 2,4 bilhões de acessos no mundo todo, cerca de 123 milhões de acessos partiram do Brasil, que se tornou o 4º país com mais tráfego para o ChatGPT. Esse volume colocou o Brasil atrás somente dos Estados Unidos, Índia e Indonésia em número de acessos, ultrapassando mercados como Alemanha e Reino Unido.
A evolução técnica mais intrigante do ChatGPT nos últimos meses é a introdução da funcionalidade de memória da IA. O modelo agora é capaz de armazenar informações fornecidas pelo usuário ao longo do tempo e usar elas para tornar as interações mais personalizadas. Originalmente, o ChatGPT funcionava com memória de curto prazo limitada ao contexto de cada conversa.
Em abril de 2025, a OpenAI anunciou que o ChatGPT consegue referenciar todo o histórico de conversas passadas do usuário, além de lembrar de fatos específicos salvos intencionalmente na forma de “memórias” pelo próprio usuário. Na prática, a memória do ChatGPT opera de duas maneiras:
Do ponto de vista técnico, essa memória persistente significa que o ChatGPT agora “aprende” com cada diálogo. À medida que você usa o chatbot, ele vai captando preferências, padrões de comunicação e informações pessoais compartilhadas – e fica mais inteligente em relação a você.
Essa nova personalização inteligente do ChatGPT abriu caminho para usos inesperados. Usuários ao redor do mundo começaram a perceber que podiam pedir ao chatbot um retrato de si mesmos, baseado justamente na memória acumulada de suas conversas. A ideia ganhou força nas redes sociais: recentemente, viralizou uma trend em que um prompt “secreto” faz o ChatGPT traçar um perfil psicológico e comportamental do próprio usuário.
Para entrar nessa tendência de autodescoberta via IA, basta solicitar que o ChatGPT revele o que “acha” de você, deixando claro que deve se basear em todas as interações anteriores registradas. Abaixo, destaco três prompts provocativos que você pode copiar e usar no ChatGPT para descobrir verdades ocultas sobre si.
A capacidade do modelo de personalizar respostas e oferecer recomendações sob medida promete interações cada vez mais úteis – seja para resolver problemas do dia a dia, aprender novas habilidades ou até servir como um conselheiro virtual.
Por outro lado, essa mesma capacidade significa que a IA está coletando fragmentos da nossa identidade digital e conectando os pontos de maneiras que nem nós conseguimos.
Ao espelhar nossos padrões de linguagem, preferências e dilemas recorrentes, o ChatGPT se torna um observador privilegiado do nosso eu interior.
A inteligência artificial está se tornando um espelho cada vez mais nítido da condição humana, refletindo nossas virtudes e vulnerabilidades. O ChatGPT, com sua memória expandida, inaugurou a era de interação homem-máquina, em que a linha entre ferramenta e interlocutor pessoal começa a se confundir.
Hoje, o ChatGPT já reconhece seus pontos cegos melhor do que muitos terapeutas. Amanhã, com bilhões de perfis interligados, poderá prever movimentos de mercados e nações. O que começa como um diário interativo pode se tornar uma versão embrionária da psico-história, a ciência fictícia de Isaac Asimov que previa o comportamento de civilizações inteiras pela estatística de grandes populações.