Inteligência Artificial

Ex-executiva do Google compara fim da carreira à relação com "ex-namorado ruim"

Alana Karen passou 23 anos na gigante da tecnologia e deixou a empresa após não conseguir uma promoção em 2024

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 30 de abril de 2025 às 11h06.

Após mais de duas décadas no Google, Alana Karen decidiu sair da empresa após se sentir desvalorizada e ignorada pelas lideranças, mesmo com um histórico de alto desempenho. A ex-diretora, autora e líder do setor de tecnologia revelou, em relato publicado pelo Business Insider, que sua permanência na empresa se manteve por anos mais pela inércia do que por satisfação — e comparou sua relação com o trabalho ao fim de um namoro mal resolvido.

Contratada em 2001 para revisar e aprovar anúncios no site, Karen fez parte da primeira leva de funcionários da empresa. Ela começou quando o Google ainda era uma startup com poucos funcionários e viveu a expansão que transformou a companhia em um império global da internet. No início, segundo ela, o trabalho era intenso, mas motivador. “Me sentia pessoalmente contribuindo para uma missão em que acreditava: tornar a informação mais acessível.”

No entanto, a executiva afirma que a cultura interna da empresa se transformou com o tempo, dando lugar a reuniões extensas, decisões baseadas apenas em gráficos e metas e um ambiente cada vez mais frio e burocrático. Após dez anos, ela pensou em sair, mas encontrou nova motivação ao migrar para o Google Fiber, braço da companhia focado em internet de alta velocidade, onde atuou até uma reestruturação em 2017 levar ao encerramento do projeto e à demissão de centenas de pessoas.

Dali em diante, Karen criou um sistema pessoal de quatro perguntas — “Eu gosto do que estou fazendo?”, “Estou me divertindo?”, “Gosto das pessoas com quem trabalho?”, “Ainda estou aprendendo?” — como um mecanismo anual para avaliar sua permanência na empresa. Quando as respostas começaram a piorar, ela viu que estava na hora de sair.

Demissões e pressão por IA aceleraram saída

A executiva descreve os últimos anos no Google como emocionalmente desgastantes, especialmente após rodadas de demissões em massa e reorganizações internas. A pressão para produzir soluções em inteligência artificial, mesmo com menos recursos humanos, aumentou a sensação de esgotamento. “As pessoas passaram a mandar e-mails à noite e nos fins de semana para parecerem indispensáveis”, afirmou.

Karen conta que tentou buscar novos estímulos dentro da empresa ao se candidatar a um cargo superior em 2024. Estabeleceu um ultimato: se não fosse promovida, pediria demissão. Foi exatamente o que aconteceu. Ao receber a negativa, formalizou sua saída imediatamente com o setor de RH.

A decisão, segundo ela, foi libertadora. “Foi bom sair por escolha própria. Hoje entendo que sou uma pessoa completa fora do Google”, conclui.

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