Inteligência Artificial

Filantropia de Mark e Priscilla Zuckerberg vai focar em IA após restruturação

Com US$ 7 bilhões já investidos, Chan Zuckerberg Initiative mira em pesquisas científicas com apoio de inteligência artificial

Mark e Priscilla Zuckerberg: bilionários acreditam que a ciência e IA possam render mais frutos do que os investimento filantrópicos em moradia e diversidade (ANGELA WEISS/Getty Images)

Mark e Priscilla Zuckerberg: bilionários acreditam que a ciência e IA possam render mais frutos do que os investimento filantrópicos em moradia e diversidade (ANGELA WEISS/Getty Images)

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 6 de novembro de 2025 às 15h33.

A Chan Zuckerberg Initiative (CZI), fundação filantrópica liderada por Mark Zuckerberg e sua esposa, a médica Priscilla Chan, anunciou nesta quinta, 6, sua primeira grande reestruturação para se tornar uma entidade com foco prioritário em ciência e inteligência artificial (IA).

Criada em 2015 com a promessa de “curar todas as doenças” e reformar a educação e a política pública nos Estados Unidos, a CZI tem reduzido seu escopo com o passar dos anos. A nova fase concentra investimentos em pesquisa científica e computação biológica por meio do Biohub, rede de centros de pesquisa da entidade.

Como parte da mudança, a CZI anunciou a aquisição da equipe da startup Evolutionary Scale, especializada em IA aplicada à biologia. O cientista-chefe da empresa, Alex Rives, foi nomeado novo chefe de ciência da fundação. O valor da transação não foi divulgado.

Em evento no escritório do Biohub em Redwood City, na Califórnia, Zuckerberg afirmou que a mudança visa priorizar áreas com impacto de longo prazo. “Queríamos focar em algo que não fosse desfeito a cada poucos anos”, disse.

A fundação, que já comprometeu mais de US$ 7 bilhões em doações na última década, tem como meta distribuir quase toda a fortuna do casal — o que equivaleria hoje a US$ 256 bilhões (cerca de R$ 1,3 trilhão).

A guinada em direção à ciência ocorre após a fundação recuar de sua atuação em pautas sociais e políticas. Após a posse de Donald Trump, a CZI encerrou programas de contratação com foco em diversidade e realocou equipes responsáveis por iniciativas de inclusão. Em abril, uma escola para alunos de baixa renda criada por Priscilla Chan foi fechada por falta de financiamento, e em maio a fundação suspendeu quase todos os repasses a ONGs de habitação.

No mesmo evento de quarta-feira, o casal anunciou um plano de expansão que prevê aumentar em dez vezes a capacidade computacional dos centros de dados da CZI até 2028. O objetivo é impulsionar projetos como um mapa virtual de células humanas, um large language model, ou modelo de linguagem de grande porte, com capacidade de raciocínio biológico, e sistemas que identificam doenças a partir da análise de sequências genéticas.

Segundo a entidade, o uso da IA permitirá realizar simulações e experimentos virtuais em larga escala, reduzindo custos e tempo em comparação aos métodos laboratoriais tradicionais.

A reestruturação ocorre após a saída de Steve Quake, ex-diretor científico da iniciativa, em setembro. Priscilla Chan, de 40 anos, declarou que o retorno sobre investimento em ciência tem se mostrado superior em relação a outras áreas, como educação e habitação. A CZI continuará com repasses pontuais nessas frentes, mas em menor escala.

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