Redatora
Publicado em 27 de fevereiro de 2025 às 10h39.
Uma ferramenta de inteligência artificial desenvolvida pelo Google para pesquisas científicas resolveu, em apenas 48 horas, um problema que microbiologistas levaram dez anos para solucionar, segundo a BBC.
A tecnologia foi testada em parceria com a Imperial College London e a Universidade de Oxford. O professor José Penadés, da Imperial College, e sua equipe buscavam comprovar que certas superbactérias são imunes a antibióticos. O estudo com suas conclusões ainda não havia sido publicado, o que impedia que a IA acessasse diretamente os dados. Ainda assim, a ferramenta, chamada de co-cientista, chegou à mesma solução que os pesquisadores.
Desenvolvido com base no Gemini 2.0, modelo de IA do Google, o co-cientista foi projetado para replicar processos de raciocínio baseados no método científico. Segundo Penadés, a ferramenta não apenas analisa trabalhos já publicados, mas também propõe hipóteses. O pesquisador afirmou que, se tivesse tido acesso à hipótese fornecida pela IA no início do estudo, poderia ter economizado anos de trabalho.
Os cientistas buscavam entender como superbactérias adquirem resistência a antibióticos. A hipótese de Penadés era de que essas bactérias formam caudas a partir de diferentes vírus, permitindo que a resistência seja transferida entre espécies.
Ao ser questionado sobre o problema, o co-cientista sugeriu quatro hipóteses. A principal delas foi exatamente a que Penadés e sua equipe levaram anos para comprovar: que as superbactérias possuem uma cauda como descrita no estudo.
O uso da inteligência artificial na pesquisa científica levanta debates. Enquanto alguns especialistas temem que a tecnologia substitua cientistas, outros argumentam que pode acelerar descobertas e ampliar o conhecimento humano. Para Penadés, a ferramenta do Google tem potencial para transformar a ciência.
Empresas de IA, como a OpenAI e a Google DeepMind, trabalham para desenvolver a chamada inteligência artificial geral, ou AGI, capaz de superar os seres humanos em tarefas cognitivas. Segundo previsões do setor, essa tecnologia pode estar disponível entre o final de 2024 e 2026.