Inteligência Artificial

IA já ameaça 11,7% dos empregos nos EUA, aponta estudo do MIT

Pesquisa inédita estima risco de US$ 1,2 trilhão em salários expostos à automação em finanças, saúde e serviços

IA: ferramenta do MIT mostra que 11,7% do mercado dos EUA já pode ser automatizado (Westend61/Getty Images)

IA: ferramenta do MIT mostra que 11,7% do mercado dos EUA já pode ser automatizado (Westend61/Getty Images)

Publicado em 27 de novembro de 2025 às 07h30.

Um estudo do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês) divulgado na quarta-feira, 26, conclui que sistemas atuais de inteligência artificial já conseguem executar tarefas equivalentes a 11,7% do mercado de trabalho dos Estados Unidos. A exposição estimada é de US$ 1,2 trilhão em salários, com impacto concentrado em finanças, saúde e serviços profissionais.

A análise foi feita com o Iceberg Index, ferramenta criada pelo MIT e pelo Oak Ridge National Laboratory (ORNL). O índice simula a interação de 151 milhões de trabalhadores e mede como habilidades e ocupações são afetadas pela IA e por políticas públicas.

O modelo trata cada trabalhador como um agente individual, com marcação de tarefas, habilidades, profissão e localização. A base mapeia mais de 32.000 habilidades, distribuídas em 923 ocupações e três mil condados. Depois, mede em quais dessas habilidades a IA já opera hoje.

Os pesquisadores identificaram duas camadas de risco. A parte mais visível, associada a demissões e mudanças em tecnologia e TI, responde por 2,2% da exposição salarial, cerca de US$ 211 bilhões. A maior parte está em funções rotineiras de RH, logística, finanças e administração, que somam o restante do total estimado.

O Iceberg Index não foi desenhado para prever datas ou setores exatos de perda de emprego, segundo o MIT. A proposta é oferecer um retrato centrado em habilidades sobre o que a IA já faz e permitir simulações de cenários antes de investimentos públicos.

Uso por governos estaduais

Estados como Tennessee, Carolina do Norte e Utah participaram da validação do índice com dados locais. A plataforma já é usada para testar políticas de requalificação e adoção tecnológica. Tennessee citou o Iceberg Index em seu plano oficial de força de trabalho com IA publicado neste mês. Utah prepara relatório semelhante.

A senadora DeAndrea Salvador, da Carolina do Norte, destacou que o sistema permite análises por condado e bloco censitário, com leitura de impactos potenciais sobre emprego e PIB estadual.

As simulações indicam que ocupações expostas estão distribuídas por todos os 50 estados, incluindo áreas internas e rurais. O resultado contraria a percepção de que o risco ficará restrito a polos tecnológicos costeiros.

Próximos passos

O Iceberg Index opera como um ambiente interativo para estados testarem alavancas de política pública, como **realocação de recursos de treinamento**, ajustes em programas de formação e variações no ritmo de adoção de IA.

Segundo Prasanna Balaprakash, do ORNL, o sistema funciona como um “gêmeo digital” do mercado de trabalho americano, mostrando mudanças em tarefas e fluxos de trabalho antes de aparecerem na economia real.

O estudo aponta que setores com alta dependência de trabalho físico, como manufatura, transporte e parte da saúde, têm proteção relativa à automação digital direta. A discussão, segundo os autores, é como integrar IA e robótica para ampliar produtividade sem reduzir essas bases de emprego.

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