Reestruturação da Intel envolve também grandes cortes de pessoal (David Becker / Colaborador/Getty Images)
Redator
Publicado em 25 de julho de 2025 às 13h28.
Devido aos recorrentes prejuízos registrados pela Intel, o CEO Lip-Bu Tan, que assumiu o cargo em março, tem promovido uma reestruturação radical da empresa. Nesta quinta-feira, 24, além da divulgação dos resultados financeiros do segundo trimestre de 2025, Tan anunciou o cancelamento de projetos de fabricação na Alemanha e na Polônia.
Esses projetos já haviam sido interrompidos em setembro, como parte das medidas de readequação que incluem também grandes cortes de pessoal, enquanto a empresa busca reverter perdas no setor de fabricação de chips.
Além disso, Tan revelou que a empresa diminuirá seus investimentos em fábricas no exterior, à exceção de consolidar as operações no Vietnã e na Malásia. Por outro lado, a Intel priorizará a construção de novas instalações nos Estados Unidos, alinhando-se com a agenda do governo Trump de reduzir a dependência de fabricantes asiáticos de chips e trazer a manufatura de volta ao país.
No entanto, a fábrica de chips avançados que está sendo construída em Ohio também será desacelerada, com ajustes dependendo da demanda do mercado e da capacidade de atrair grandes clientes.
Embora a Intel tenha superado as expectativas de receita para o segundo trimestre, com US$ 12,86 bilhões, acima dos US$ 11,92 bilhões previstos, ainda foi registrada uma perda líquida de US$ 2,9 bilhões, atribuída a custos extraordinários relacionados ao plano de reestruturação. Para o terceiro trimestre, a fabricante projetou receita entre US$ 12,6 bilhões e US$ 13,6 bilhões, superando as estimativas dos analistas, que eram de US$ 12,6 bilhões.
Tan, que assumiu a liderança após a saída de Pat Gelsinger, afirmou em um memorando para os funcionários que os últimos meses não foram fáceis. Ele destacou que a empresa já completou a redução de 15% de sua força de trabalho e pretende encerrar 2025 com 75 mil empregados, além de reduzir as despesas operacionais em US$ 17 bilhões.
Essa reestruturação faz parte de um esforço maior para cortar a burocracia e otimizar as operações da empresa, que enfrenta desafios para competir com a líder do mercado, a taiwanesa TSMC, além da norte-americana AMD, que tem conquistado clientes no setor de servidores de nuvem.
O CEO anunciou que a Intel vai adotar uma "abordagem fundamentalmente diferente" para sua divisão de fundição, a qual, segundo ele, foi "desnecessariamente fragmentada e subutilizada".
Além de investir em chips de inteligência artificial, buscando competir com a TSMC e a Nvidia, a Intel está tentando estabelecer uma base sólida em tecnologia de fabricação de chips avançados, como o 18A. Apesar disso, a empresa alertou que pode ser forçada a abandonar o desenvolvimento de sua próxima tecnologia de fabricação, a 14A, se não conseguir atrair um "cliente externo significativo".
Após os anúncios, as ações da Intel caíram cerca de 5% no pós-mercado, refletindo a preocupação com os cortes e a reavaliação das operações internacionais da empresa. Embora as ações tenham subido cerca de 13% no ano, elas ainda estão em queda de quase 30% nos últimos 12 meses. Isso tudo após perdas substanciais em 2024.