Inteligência Artificial

Jack Ma, do Alibaba, é o novo guru da inteligência artificial?

O grupo fundado por Ma tem se destacado como empresa de IA após a companhia ter perdido espaço no negócio de varejo e e-commerce

Ramana Rech
Ramana Rech

Redatora

Publicado em 17 de março de 2025 às 14h47.

Última atualização em 17 de março de 2025 às 14h48.

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Após queda nos negócios de e-commerce, o grupo Alibaba, co-fundado por Jack Ma, tem se destacado em se reposicionar com uma empresa de inteligência artificial. A companhia já anunciou que planeja investir cerca de US$ 53 bilhões em IA e computação em nuvem nos próximos três anos.

No ano de 2020, o Alibaba era uma das companhias mais valiosas do mundo, mas o cenário mudou após a empresa virar foco da regulação da China e novos concorrentes chegarem, tirando fatia importante dos consumidores da empresa.

Em 2022, quando a OpenAI lançou o ChatPGT, Jack Ma estava em um ponto baixo. Ele próprio havia tido que se deslocar para Tóquio, no Japão, e se retirar da vida pública depois de tensões criadas com Pequim. Naquele ano, o lançamento do chatbot da OpenAI só mostrava o quão distante estava de participar do desenvolvimento de tecnologia com potencial de transformar o mundo, mostra reportagem do Financial Times.

Ma, juntamente com o co-fundador do Alibaba e aliado Joe Tsai, decidiu apostar em reinventar a Alibaba como uma companhia de IA para que a empresa pudesse voltar a ascender. O que começou com alguns investimentos em pesquisa em grandes modelos de linguagens (LLMs) em 2019 se tornou um time de pesquisa interna e investimentos em startups de LLM a partir do surgimento do ChatGPT.

A estratégia da companhia frente a IA mudou com a chegada de Eddie Wu no posto de chefe executivo e presidente do grupo. Wu passou a centralizar decisões que haviam sido divididas entre as seis unidades de negócio. Com o apoio de Ma e Tsai, Wu começou a vender a maior parte do negócio de varejo para realocar os recursos para IA.

Nos primeiros 15 meses em que Wu assumiu a liderança, a empresa gastou US$ 11 bilhões em despesa de capital, mais do que o dobro dos 15 meses anteriores. O Alibaba investiu em startups, como Moonshot, MiniMax e Zhipu.

O grupo também reforçou sua equipe trabalhando no LLM Qwen para cerca de 100 pessoas e passou a lançar modelos cada vez maiores e mais competitivos. Abrir o código dos LLMs foi uma decisão estratégica para atrair a atenção dos desenvolvedores.

Presença em infraestrutura e nuvem

Recentemente, a companhia conseguiu um voto de confiança da Apple ao ser escolhida para construir a IA da Apple Intelligence da China. A fabricante de iPhones precisava de um parceiro chinês para construir um modelo aprovado pelo governo local.

Segundo uma pessoa familiarizada com o assunto ouvida pelo Financial Times, a Apple optou pelo Alibaba por que a parceria requer suporte significativo de engenheiros e recursos de plataforma.

A posição privilegiada do Alibaba em computação de nuvem e infraestrutura torna seus modelos atrativos, em especial, para grandes companhias, e dá uma vantagem frente a startups como DeepSeek, cujo desenvolvimento do modelo R1 conseguiu atrair os olhares de investidores em IA para a China e combateu a ideia de que o país estava muito atrasado no desenvolvimento de LLMs. Até o início deste ano, o negócio de IA do Alibaba não havia recebido muita atenção de fora da China.

Neste mês, o Alibaba anunciou o modelo QwQ-32B, que tem maior custo efetivo do que o R1 da DeepSeek e performance similar. O grupo aposta, agora, no aplicativo de navegador Quark que deve ter um assistente IA com capacidade de raciocínio. O navegador recentemente passou a ser alimentado pelo modelo de linguagem Qwen.

A companhia também está desenvolvendo aplicações nativas de IA, algumas das quais podem ser lançadas neste ano. Wu disse em conferência com os investidores no último mês que o objetivo final da empresa é chegar à inteligência artificial geral (AGI).

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